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A cebola: uma cultura em evolução

cebola1A cebola é uma das culturas mais tradicionais da Região Autónoma da Madeira. O seu cultivo já é praticado entre nós há vários séculos, havendo, da parte dos produtores madeirenses, uma forte especialização.

Este facto fez com que as variedades mais vulgarizadas na Madeira se tenham perenizado, constituindo-se como um património genético bem diferenciado e de alta qualidade. Efetivamente, o material ainda hoje usado, que inclui variedades precoces (caso do "Bujanico" e "Pião") e tardias (caso da "Camacha" e "Valenciana tardia"), assume características organolépticas e morfológicas únicas, que concorreram para a possibilidade de atribuir a este produto uma "denominação de origem controlada".

As zonas potencialmente mais interessantes para a produção estão localizadas no concelho de Santa Cruz (nomeadamente nas freguesias do Caniço e Camacha) e Calheta (essencialmente na freguesia da Ponta do Pargo), zonas que reúnem as condições edafoclimáticas ideais para o seu cultivo com sucesso (será curioso relevar que estas zonas caracterizam-se por estarem sujeitas a condições de vento consideráveis, sendo a cultura da cebola, pelo seu porte vegetal, bastante adaptada às mesmas).

Nos últimos anos, fruto destes fatores e do apoio que tem havido na divulgação e promoção por parte das entidades oficiais, esta cultura tem renascido de forma considerável.

São variados os indicadores que o corroboram, a saber:

  • A área de cultivo evoluiu de forma muito significativa - era de 47ha, em 2000 e, em 2013, de 90ha, ou seja, quase duplicou. Nos últimos quatro anos passou de 70 para os90 ha, ou seja, teve um aumento positivo de 29%

  • A sua produção também foi incrementada, passando de 927 para 1.363 ton, entre 2000 e 2013 (+241%). Entre 2010 e 2013, estes valores passaram de 2.450 para 3.162 ton, com uma variação de +29%. Para esta evolução concorreu não só o referido aumento de superfície, como principalmente os aumentos de produtividade da cultura, fruto do maior interesse dos agricultores por esta espécie.
 

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  • A cotação da cebola também foi incrementada, passando de valores de cerca 0,60€ para os actuais 0,73€, nos últimos anos.

    Embora esta valorização dependa de muitos factores, não há dúvida que a cebola da Madeira, pelos maiores cuidados que lhe têm vindo a ser dedicados nos últimos anos, tem, neste momento um lugar, no consumo geral de hortícolas da região, cada vez mais evidente.

  • A quantidade de cebola que tem passado pelos Centros Abastecedores é também um indicador importante: este valor passou de cerca de 12 ton, em 2007, para 176 ton, em 2013.

    Para esta variação, foi de enorme importância os ensaios de conservação levados a efeito pelos Serviços da Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, que concluíram pela possibilidade de uma conservação mais prolongada no tempo, com todas as vantagens de um melhor abastecimento do mercado regional neste produto, bem como de uma maior garantia de rendimento económico aos agricultores, que têm aproveitado a possibilidade de conservação da cebola nas estruturas criadas pela Secretaria Regional do Ambiente, com garantia de qualidade e inocuidade que não seria possível através do armazenamento tradicional.

Do exposto podemos concluir que esta cultura se encontra de boa saúde na RAM, continuando a ser uma aposta bastante séria dos agricultores, pelo que se pode dizer, com toda a propriedade que a cebola é uma cultura com passado mas também uma cultura com futuro na Madeira.

Ricardo Costa
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural

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