Introdução
Com o objetivo de obter informações e contatos, maioritariamente sobre a cultura da bananeira, nas Ilhas Canárias, realizou-se, por iniciativa da Associação de Agricultores da Madeira – Mesa da Banana, uma visita às Ilhas de La Palma e Tenerife, de 31 de março a 6 de abril do corrente ano, que consistiu na visita a várias explorações de bananeiras, armazéns de processamento de fruta e ICIA (Instituto Canário de Investigação Agrária), tendo acompanhado o grupo de produtores regionais dois técnicos da DRA (Direção Regional de Agricultura), Eng.ª Alexandra Azevedo e Dr. Bruno Silveira.
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Figura 1 – Visita exploração em Modo Produção Biológico |
Visitamos duas explorações de bananeiras numa zona produtiva extremamente propícia a ataques de pragas, como a cochonilha algodão e a mosca branca, onde se comparou o estado fitossanitário de ambos os bananais, sendo um de Produção Integrada e outro em Modo de Produção Biológico. Após o período de conversão de 3 anos, o bananal em MPB (Figura 1) apresenta um bom desenvolvimento vegetativo e, nas palavras dos técnicos da COPLACA (Grupo Regional de Cooperativas Plataneras de Canarias), é a fruta mais limpa que entra no armazém de processamento.
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Figura 2 – Rebentos vegetativos laterais a eliminar |
Seguiu-se uma apresentação pelo Sr. António, produtor com grande experiência na seleção de rebentos laterais de bananeira, para obter a produção na época do ano desejada e uma breve explicação prática sobre este tema na exploração do próprio (Figura 2).
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Figura 3 – Processamento de banana na Cooperativa Vólcan de San Juan |
Visitamos a unidade de processamento da Cooperativa Volcán de San Juan (Figura 3), uma das associadas da COPLACA, processando e comercializando fruta nas Ilhas Canárias.
Percorremos outras duas explorações de banana, sendo uma um campo experimental da cooperativa, onde acompanham o desenvolvimento de algumas variedades e diferentes técnicas culturais para controlo da produção e monitorização de condições edafoclimáticas, obtendo indicações precisas sobre as necessidades hídricas das plantas e adaptando a dotação de rega em conformidade.
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Figura 4 – Registos em vídeo das visitas |
O departamento de comunicação da empresa acompanhou as visitas da delegação madeirense (Figura 4), realizando registos em vídeo das mesmas e entrevistou alguns produtores.
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Em La Palma, o sistema de rega localizada mais utilizado é a aspersão, uma vez que têm mais disponibilidade de água de rega, à semelhança da Madeira.
Visitamos igualmente os viveiros da Cultesa (Cultivos y Tecnologia Agraria de Tenerife, S.A), onde produzem anualmente 1 milhão de plantas de bananeiras para fornecimento aos produtores, sendo 90% das variedades Brier, Gruesa, Palmerita, Ricasa e Crioula e os restantes 10% de Grande Anã (Figura 5).
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Figura 5 – Estufa de engorda e endurecimento das plântulas de bananeira |
O responsável pela produção das plantas no viveiro explicou as fases de desenvolvimento da cultura, desde a recolha de material genético em plantas selecionadas nos campos de pés mães até ao acompanhamento em campo das novas plantações e técnicas de desfilhamento nas plantas jovens (Figura 6).
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Figura 6 – Esclarecimentos sobre o processo de engorda e endurecimento das plântulas de bananeira |
No ICIA, em Valle de Guerra, fomos recebidos pela Diretora do Instituto, que apresentou as principais linhas estratégicas de desenvolvimento agrícola desenvolvidas, através de numerosos projetos com colaboração multidisciplinar e institucional e entre diferentes regiões da Macaronésia.
Sérgio Caceres, da ASPROCAN, apresentou os desafios que o sector da banana das Regiões Ultraperiféricas (RUP) enfrenta, nomeadamente a provável retirada das taxas aduaneiras na importação de banana sul-americana, que levará a uma redução do preço de venda desta, comprometendo este sector produtivo na Europa.
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Figura 7 – Apresentações realizadas no ICIA |
A temática da redução dos produtos fitofarmacêuticos foi igualmente abordada (Figura 7), pela técnica da ASPROCAN, Eng.ª Esther Dominguez, e pelos técnicos da DRA presentes (Alexandra Azevedo e Bruno Silveira), concluindo-se que na produção de banana nas RUP a disponibilidade de substâncias ativas será cada vez menor, sendo fundamental a adoção de técnicas culturais que potenciem a sustentabilidade e a biodiversidade, com um número crescente de inimigos naturais das pragas, com vantagens económicas, ambientais e de saúde pública (produtor e consumidor).
(conclui no próximo número do DICA)
Bruno Silveira Direção Regional de Agricultura
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