Conferência “Agricultura no feminino” com balanço positivo!

A Escola Agrícola da Madeira acolheu ontem, dia 8 de março, a comemoração do Dia Internacional da Mulher, momento de partilha de experiências e da forma de estar na agricultura madeirense, feito por um conjunto de 14 convidadas ligadas à vida rural regional. Uma conversa interessante onde se valorizou sobretudo o sector primário, fundamental para a sustentabilidade da sociedade, já que todos necessitamos do trabalho destas guerreiras para as nossas refeições diárias.

Interessante observar o sorriso e a satisfação com que estas mulheres de garra, mães, avós, filhas ou esposas contaram as suas vivências, os obstáculos que venceram nos seus percursos ou a paixão e dedicação que imprimem às suas rotinas diárias, relatos que foram uma experiência enriquecedora para todos os que encheram a sala da Escola Agrícola da Madeira.

O lamento de que ainda se olham para os agricultores como pessoas menos letradas também se fez sentir na sala, apesar de a grande maioria das convidadas serem já pessoas com formação académica superior, o que demonstra que esta ideia pré-concebida é errada e tem mudado ao longo dos tempos, sendo, contudo, imperativo continuar a desmitificar a mesma.

Trabalhar o campo é sinónimo de liberdade, afirmou uma das convidadas, confirmando igualmente que o trabalho agrícola dá uma ampla liberdade de horários, apesar da responsabilidade que as tarefas exigem. Provenientes de áreas como a agricultura, pecuária, produção de vinhos, agricultura biológica ou da área de produção e transformação de produtos, todas as participantes foram unânimes em afirmar que “agricultura é saúde”, e que, apesar de ser um mundo onde a força física dos homens é predominante, necessita da inovação e da marca das mulheres que conciliam o seu papel de mães com o de gestoras dinâmicas da família e das tarefas ligadas às suas labutas diárias.

O lado “terapêutico” da agricultura, o “farm fit”, foi referido ainda como uma forma de tornar mais lúdica a exigência das tarefas do setor primário, um trabalho que não tem género nem sexos, e onde as lutas das mulheres são as lutas de todos, abolindo os estigmas socialmente criados.

Comemorou-se o Dia da Mulher sem lamúrias, o dia da vida com paixão e coração, o dia de valorizar o sector e onde a mulher é o cérebro da agricultura por mérito próprio. Um dia que se continuará a comemorar enquanto a sociedade não evoluir para uma mudança de mentalidades, de comportamentos e de reações.

Da universidade para a terra, iniciámos um processo evolutivo, onde a mulher tem um papel fundamental e onde a Agricultura não é uma profissão menor. Pelo contrário, é uma necessidade básica, já que, sem ela, a civilização caminhará para a extinção.

Nélio Olim
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural