Meteorologia agrícola
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Os impactos das alterações climáticas na agricultura
O efeito da temperatura no desenvolvimento fenológico das culturas pode ser pensado numa lógica de integral térmico, i.e., número de graus/dia que determinada cultura necessita “acumular” para completar o seu ciclo. Desta forma, em todos os dias do seu ciclo, a cultura vai “acumular” a diferença entre a temperatura média e uma determinada temperatura base de crescimento (p. ex. 10ºC). Quando atingir o seu integral térmico (p. ex. 1000 ºC/dia), a cultura completa o seu ciclo. Em dias em que a temperatura média do ar não é superior à temperatura base, não há acumulação de graus/dia. Porém, em dias em que tal sucede, a acumulação é proporcional à temperatura média. Deste modo, quanto mais elevada a temperatura média durante o ciclo, mais curto será o ciclo. Como é evidente, há limites biológicos para a aplicação deste princípio, tal como a existência de temperaturas acima das quais também não há lugar a acumulação de graus/dia, designadas por temperaturas máximas. Como exemplo, para uma cultura com temperatura base de 10ºC e um integral térmico de 1 000 ºC/dia, o ciclo duraria 100 dias se a temperatura fosse igual a 20ºC todos os dias. Porém, se a temperatura do ar aumentasse para 30ºC, a mesma cultura já só demoraria 50 dias a completar o ciclo. Da mesma forma, se a temperatura do ar diminuísse para 15ºC, o ciclo completar-se-ia em 200 dias. Na realidade, cada fase fenológica tem o seu integral térmico específico e, em algumas culturas, a sua temperatura base específica. Deste modo, o integral térmico da cultura resulta da soma dos integrais térmicos de todas as fases. Em outras culturas, além da temperatura, também o fotoperíodo é considerado no cálculo do integral térmico em determinadas fases fenológicas. O integral térmico também varia de cultivar para cultivar da mesma cultura, razão pela qual se encontram disponíveis cultivares com duração de ciclo diferente. Em culturas indeterminadas, como a beterraba sacarina, o ciclo vegetativo continua com a produção de folhas, desde que se mantenham temperaturas adequadas. Horas de frio, abrolhamento e floração |
A não satisfação destas exigências tem grandes consequências no abrolhamento dos gomos e na produtividade. Num cenário de aquecimento global é de prever uma maior dificuldade em satisfazer as necessidades de frio destas culturas com possíveis impactos económicos. Temperatura e infertilidade Num cenário de aquecimento global é de supor uma menor suscetibilidade à ocorrência de infertilidade por baixas temperaturas, podendo, contudo, esta resultar das altas temperaturas. De acordo com os apuramentos meteorológicos emitidos pelo IPMA para o período compreendido entre 01 e 07 de setembro (ver quadro), as condições do estado do tempo sofreram poucas alterações relativamente à semana anterior, com os valores da temperatura a se manterem estáveis, embora com a ocorrência de pequenos aguaceiros em toda a Região. A disponibilidade de água no solo depende do balanço entre chuva e evapotranspiração. Verifica-se que os valores da precipitação estão bem abaixo dos da evapotranspiração (ver quadro), pelo que é necessário proceder às regas, sempre de acordo com as necessidades hídricas das culturas. Até 17 de setembro (ver quadro), o IPMA prevê a a deterioção ligeira das condições do estado do tempo, com mais nebulosidade e a ocorrência de alguns aguaceiros em toda a Região de forma mais constante, com principal incidência na costa norte. Na execução das operações culturais, na sua exploração agrícola, nomeadamente as regas e aplicação de produtos fitofarmacêuticos, deve evitar sempre as horas mais quentes do dia. Aconselha-se manter a monitorização às culturas, por forma a detetar os sinais e/ou sintomas de pragas ou doenças e poder, assim, agir de forma atempada no respetivo combate, minimizando eventuais prejuízos. Os tratamentos fitofarmacêuticos devem ser realizados em conformidade, com a leitura prévia e atenta dos rótulos), não esquecendo também que é obrigatório o registo no caderno de campo de todos os tratamentos fitofarmacêuticos efetuados.
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Para informação relativamente à prevenção e/ou tratamento, deverá contactar o seguinte serviço da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural: Direção de Serviços de Desenvolvimento Agronómico /DSDA |
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