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Meteorologia agrícola
A informação técnica semanal ao seu dispor!

apuramentos meteorologicos 25a31 agosto (LEGENDA)

De acordo com os apuramentos meteorológicos no período compreendido entre 11 e 19 de outubro (ver quadro), verificamos um agravamento das condições climatéricas relativamente à semana anterior, ou seja, precipitação a acontecer em toda a região, as temperaturas a baixar paulatinamente. Por este motivo, deveremos suspender as regas, uma vez que as necessidades hídricas das culturas foram atingidas. A aplicação de produtos fitofarmacêuticos, deverá apenas ocorrer nos períodos de ausência de precipitação, com especial atenção também, à velocidade do vento.

Nos locais em que os valores registados da precipitação (P) sejam superiores aos da Evapotranspiração potencial (ETP), ver quadro, poderemos reduzir a frequência das regas, inclusive suspendê-las.

Nas previsões climáticas para a próxima semana (até 29 de outubro), são esperadas melhorias, ou seja, apesar da continuação de nebulosidade em toda a região, os níveis de precipitação irão baixar muito, em especial a sul da região, temperaturas médias continuarão amenas.

Os citricultores, com o início das primeiras chuvadas de outono, deverão estar atentos aos seus pomares, por forma a agir preventivamente contra algumas doenças, que costumam surgir nesta época.

Citrinos (Laranjeira, Limoeiro, Tangerineira, Limeira, Toranjeira, Kumquate)

Gomose Basal ou Gomose Parasitária dos Citrinos (Phytophthora spp.)

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 Foto 1 - Sintomas de gomose basal

As infeções dos fungos causadores desta doença ocorrem com as primeiras chuvas do outono. Nas árvores adultas, a doença localiza-se sobretudo no colo e na zona inferior do tronco, na parte superior das raízes principais e na parte inferior das pernadas, se estas forem baixas. As árvores doentes apresentam feridas no colo e tronco com fendilhamento da casca, exsudação de goma castanha, (Foto1), amarelecimento e queda de folhas e frutos, frutos pequenos, ramos secos, progressivo enfraquecimento e morte. O processo pode levar anos, conforme as condições de solo e clima e a resistência ou tolerância das plantas e dos porta-enxertos. Como medidas preventivas nesta época do ano, recomenda-se:

• Afastar as águas superficiais de escorrimento e de rega do colo do tronco das árvores (não regar pelo pé, não abrir caldeiras e desfazer as que existam; abrir regos na entrelinha, fazendo a água de rega circular apenas por aí);

• Manter uma boa drenagem do solo, pois os solos encharcados favorecem o desenvolvimento da doença;

• Proceder à limpeza das ervas nos pomares, sobretudo junto do colo das árvores, reduzindo a concentração de humidade e facilitando o arejamento;

• Cortar os ramos inferiores da copa – por ser nestes que a doença incide mais facilmente – pelo menos a 50 cm do chão. Assim, melhora-se também o arejamento do tronco;

• Desinfetar as lesões, de poda ou acidentais, nos ramos e tronco;

• As árvores muito enfraquecidas devem ser arrancadas e queimadas. Se mais de metade da copa estiver ainda sã, podem ser adotadas algumas medidas paliativas para adiar a morte da árvore. (Fazer uma limpeza profunda das feridas, retirando todo o tecido morto, e de seguida aplicar um fungicida, por pulverização ou pincelagem e um isolante (tipo “isolcoat” ou cera de abelhas - neste caso, deve ser feita simultaneamente uma poda ligeira);

• Recomendam-se também tratamentos, antes ou pelo menos no início, das chuvas do outono, com carácter preventivo, à base de cobre (calda bordalesa) ou de fosetil-alumínio, atingindo bem as pernadas e o tronco das árvores até à zona do colo;

• Caldeiras de rega - prática que deve ser abandonada no âmbito das medidas preventivas contra a gomose.

• Para a luta preventiva contra a gomose dos citrinos no Modo de Produção Biológico, (MPB) são autorizados fungicidas à base de cobre.

 

previsoes meteorologicas 1a10 setembro (NOTA)

Míldio ou Aguado (Phytophthora hibernalis; Phytophthora spp.)

citrinos mildio
 Foto 2 – Sintomas de míldio na folha

O míldio ou aguado dos citrinos é provocado principalmente pelo P. hibernalis e inicia a sua atividade desde que a temperatura seja superior a 12ºC e a humidade relativa superior a 70%.

A infeção ocorre, regra geral, no decurso da mudança de cor dos frutos. Os fungos responsáveis pelo míldio hibernam no solo, durante a estação quente, essencialmente sob a forma de clamidósporos, mas também sob a forma de oósporos. Em condições adequadas germinam, dão origem a zoosporângios que depois se rompem e libertam zoósporos, os quais, disseminados pelo vento e pela chuva vão penetrar pelos estomas das folhas e originar as denominadas infeções primárias.

Uma vez desenvolvidos dão origem a zoosporângios, o primeiro sinal visível da doença, a chamada infeção secundária, os quais podem dar ou não origem a zoósporos. Os zoosporângios são disseminados pelo vento, chuva ou insetos.

O míldio ataca os citrinos desde as primeiras chuvas do Outono até às últimas chuvas da Primavera. Os sintomas verificam-se normalmente nas folhas e nos frutos localizados a cerca de 1 metro de altura do solo.

Na página superior das folhas surgem manchas oleosas que provocam necroses nas extremidades e no ápice (Foto 2), de coloração olivácea nas laranjeiras e acastanhada nos limoeiros. Na página inferior, nas zonas correspondentes às manchas oleosas, aparecem leves manchas pubescentes esbranquiçadas, constituídas por conidióforos e zoosporângios.

Nos frutos verificam-se manchas descoloridas que mais tarde viram para cor castanha pardacenta de que se origina podridão seca, por vezes com ligeira pubescência esbranquiçada nas margens das manchas, de característico cheiro acre. Se o tempo corre seco, a casca dos frutos pode apresentar-se firme, elástica, ressequida e não apodrece.

citrinos mildio e mofo
Foto 3 – Frutos cobertos por mofo após ataque do
míldio

Folhas e frutos atacados (normalmente os mais próximos do solo) têm tendência para cair, sendo depois os frutos contaminados por fungos saprófitas (Penicillium sp., por exemplo – Foto 3).

Os ataques de míldio podem originar elevada desfoliação e queda de frutos, o que põe em causa a produção. A colheita de frutos já contaminados compromete seriamente a fruta a armazenar ou a transportar até ao consumo

Antes ou, pelo menos, no início das grandes chuvas do outono, deve aplicar um tratamento à base de cobre (calda bordalesa), preventivo desta doença. Este tratamento deve ser repetido durante o outono/inverno, sobretudo se ocorrerem períodos de chuva prolongados. Deve ter o cuidado de atingir com a calda toda a copa da árvore. Mais tarde, podem ser utilizados fungicidas à base de fosetil-sob a forma de sal de alumínio.

Os fungos que causam o míldio são basicamente os mesmos da gomose. Por isso, alguns tratamentos, contra ambas as doenças, poderão ser feitos em simultâneo.

Os fungicidas à base de cobre são autorizados no MPB para a luta contra o míldio.

Sabedoria popular

• Em outubro pega tudo;

• Por São Simão, favas no chão;

• Quando o outubro for erveiro, guarda para março o palheiro.

Miguel Teixeira
Divisão de Assistência Técnica à Agricultura/DSDA
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural

Para mais informação relativamente à prevenção e/ou tratamento, deverá contactar o seguinte serviço da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural:

Direção de Serviços de Desenvolvimento Agronómico /DSDA
Divisão de Assistência Técnica à Agricultura /DATA
Correio eletrónico: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Telef.: 291 211 260

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