A preparação da batata para o consumo |
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Antes da venda, tanto para sementeira como para consumo, as batatas devem ser classificadas por tamanhos, sendo também conveniente eliminar os tubérculos doentes, deformados ou feridos. Antes de proceder a esta classificação dever-se-á elevar a temperatura até cerca de 12ºC, para evitar problemas de colorações internas e dotar os tubérculos de maior resistência aos golpes e feridas. A classificação por tamanhos é feita em geral em armazéns de maior dimensão, usando máquinas específicas para o efeito. Em pequenas explorações, este trabalho não é feito usualmente pelo agricultor, mas sim em unidades concentradoras do material.
1. "Cura" da batata Logo após a colheita a batata requer um período de "cura", a temperaturas mais ou menos elevadas, para que haja aumento da resistência da periderme (pele ou casca) e a cicatrização das feridas formadas durante o processo de colheita (cortes, roçaduras, etc.), permitindo a regeneração do tecido danificado e devolvendo-lhe a sua capacidade de proteção. Durante a "cura", devido às temperaturas elevadas que favorecem a regeneração das células da pele, há também uma maior perda de água. Contudo, esta situação é normalmente benéfica para este tipo de produtos, já que, desde que esta operação seja realizada em boas condições, depois de curados estes ficam menos susceptíveis a perdas de água durante a conservação. A cicatrização dos cortes e "feridas" reduz também os riscos de doenças provocadas por microrganismos que possam comprometer a qualidade e segurança alimentar destes produtos. As condições óptimas para a realização desta operação são:
2. Conservação física Logo após a conclusão do período da "cura", a batata deve ser conservada à temperatura de 8ºC e HR 85 a 100%, com vista à preservação das suas características qualitativas. No caso da batata, deve evitar-se:
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Deve evitar-se ainda a flutuação das temperaturas de conservação, por exemplo pela constante abertura das portas das câmaras e a excessiva manipulação dos produtos conservados, já que esta é responsável pelo aumento das perdas de água e pelo aparecimento precoce do abrolhamento. 3. Conservação química A dificuldade em garantir as condições ideais para a conservação da batata e evitar as perdas resultantes da evaporação de água e do abrolhamento precoce determina a aplicação de anti-abrolhante na conservação de longa duração da batata. A utilização destes produtos obriga ao rigoroso respeito pelas doses recomendadas e pelo intervalo de segurança respetivo, o que quer dizer que as batatas não podem ser comercializadas nem consumidas durante o intervalo de segurança fixado para o anti-abrolhante em uso. A aplicação deste fitofármaco só deve realizar-se após completada a fase da "cura", para reduzir o risco de passagem pela periderme e a acumulação do produto no interior dos tubérculos. Relativamente à conservação que é efetuada na rede CA, há que ter em atenção dois aspetos que consideramos fundamentais para uma prestação de serviços otimizada: 1. Observamos que estas estruturas armazenam preferencialmente a batata de conservação produzida nos concelhos onde os maiores CA rurais estão localizados e aos quais correspondem a zonas de maior produção regional de batata. 2. Os utentes destes Mercados são na sua maioria agricultores com uma área/produção significativas, ou seja, os produtores com áreas de cultivo inferiores a 3.000 m2, destinam essa produção para auto-consumo e a sua conservação é realizada de acordo com o método tradicional. Tendo em conta estes pressupostos, a área e a produção total de batata que tomamos como aquela que será sujeita a conservação controlada, esta foi calculada segundo o quadro que se segue: FONTE: Recenseamento Agrícola 1986 e Recenseamento Agrícola 2009 * Nesta área, excluíram-se as áreas de batata consociada (sob vinha) e de horta familiar. 1 – Percentagem de explorações com área superior a 3.000 m2. Deste quadro, conclui-se que a rede CA, nomeadamente o CAPRA, CASA e CASAN, está em condições de armazenar o máximo de 15% da batata de conservação pertencente à sua área de influência, ou seja, 1.150 a 1.500 toneladas das 10.290 toneladas.
Ricardo Costa |
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