Tudo uma questão de dose!

À luz dos conhecimentos atuais, se forem utilizadas boas práticas agrícolas, os pesticidas corretos nas doses certas e se forem cumpridos os intervalos de segurança, os teores de resíduos nunca irão constituir um perigo para a saúde pública.

Acontece que, como em todas as atividades, podem sempre ocorrer, acidentalmente, alguns desvios e um qualquer produto alimentar pode acabar por não cumprir com todos os seus requisitos.

Quando se discutem resíduos de pesticidas ou de outros contaminantes, existe um limiar toxicológico que não deve ser ultrapassado – a dose diária admissível – que é a quantidade estimada de resíduos que podemos ingerir diariamente durante um período prolongado de tempo (vários anos) sem que ocorra um risco significativo para a nossa saúde.

Os resíduos podem surgir de vários produtos de origem vegetal ou animal e da água e é importante garantir que a soma dos resíduos ingeridos não ultrapasse essa dose diária admissível.

Os consumidores têm ao seu dispor diversas formas para evitar ultrapassar este limiar. Podem lavar bem os alimentos, descascar os produtos mais suspeitos, optar por produtos produzidos através do modo de produção biológico, etc., contudo, existe uma medida passiva extremamente importante que deverá ser sempre considerada que é a de variar a fonte dos seus alimentos em termos de origem, marca, espécie, embalagem, etc.

Sendo altamente improvável que alimentos provenientes de diferentes fontes apresentem os mesmos resíduos durante vários anos, mais dificilmente será atingida esta dose máxima.

Como já afirmava no século XVI Paracelsus, o “pai da toxicologia”, continua tudo a ser uma questão de dose.

(Texto publicado originalmente no Almanaque PEF/2023)

Paulo Fernandes
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural