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Consciencializar para melhor alimentar!

consciencializar para melhor alimentar 1 Em dezembro de 2019, as Nações Unidas (ONU) declararam o dia 29 de setembro como Dia Internacional da Consciencialização sobre as Perdas e Desperdício Alimentares.

As perdas e o desperdício alimentares são um problema mundial que deve ser combatido, tanto por questões sociais quanto ambientais. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 28% de todos os alimentos produzidos no mundo são perdidos ao longo do processo de produção e outros 28% são deitados no lixo domiciliário. O desperdício de comida traduz-se em 1,3 bilhões de toneladas de comida todos os anos. A EU pretende, através dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (DS) da ONU, reduzir para metade o desperdício alimentar per capita ao nível do retalho e do consumidor.

Qual a diferença entre desperdício alimentar e perdas alimentares?

As perdas alimentares ocorrem antes de os alimentos chegarem ao consumidor (devido a ineficiências na produção e na transformação de alimentos). O desperdício alimentar, por sua vez, ocorre depois de os alimentos chegarem ao consumidor (devido a ineficiências no consumo).

Neste desperdício ocorre também perdas de todo um sistema de produção, como água, energia e mão-de-obra, além de se gerar mais lixões e emissões que causam o efeito estufa.

O setor agroalimentar tem um impacto considerável no ambiente. Segundo um relatório do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (PIAC), cerca de 1/3 das emissões mundiais de gases com efeito de estufa provém dos sistemas alimentares. O atual modelo alimentar tem também um efeito prejudicial na saúde das pessoas, resultando no excesso de peso de mais de 50% dos adultos na Europa.

Em Portugal, de acordo com a FAO, cada português desperdiça, em média, 97kg de alimentos por ano.

A Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CNCDA) desenvolve um conjunto de iniciativas, cujos trabalhos estão alinhados com o cumprimento do Objetivo 12.3 do DS de reduzir em 50% o desperdício alimentar até 2030.

Segundo a FAO, compreender o significado dos prazos de validade e fazer uso correto dos mesmos é uma forma de combater o desperdício alimentar, visto 10% do desperdício estar relacionado com as datas de validade.

O prazo de validade é importante para verificar o estado dos alimentos. No entanto, para que seja fiável, o produto deve ser conservado nas condições corretas, tanto na loja como em casa. Importa saber a diferença entre data de durabilidade mínima (DDM) e data limite de consumo (DLC).

A data de durabilidade mínima (DDM) é aplicada aos géneros alimentícios pré-embalados que não apresentam problemas de segurança alimentar, como sejam alimentos pouco perecíveis (ex.: massa, arroz, conservas, farinha, açúcar, azeite, óleos, ...). Apresentam-se com a menção “Consumir de preferência antes de…”, podendo ser comercializados e consumidos depois do prazo de validade.

 

Dentro desta categoria, existem três tipos de rotulagem distintos:

• dia, mês e ano: o produto pode ser consumido até 3 meses após a data mencionada;

• mês e o ano: o produto pode ser consumido até 18 meses após a data mencionada;

• apenas o ano: o produto pode ser consumido 18 meses, ou mais, após a data mencionada.

Resumindo, se o produto indica uma DDM, significa que pode ser consumido para além da data sem riscos para a saúde.

A data limite de consumo (DLC), contrariamente à DDM, é imperativa. Com a indicação de “Consumir até…”, significa que aquela é a data limite de consumo. Após o prazo indicado, o alimento não é seguro e o consumidor pode correr o risco de sofrer uma toxi-infeção ao ingeri-lo. Aparece em produtos muito perecíveis, como a carne, o peixe ou o leite (pasteurizado) e derivados.

Nem todos os alimentos com data de validade expirada apresentam o mesmo risco para a saúde e alguns devem ser especialmente vigiados.

A implementação de boas práticas na cadeia alimentar, desde os consumidores às empresas e outras entidades contribuirá para reduzir a perda e o desperdício de alimentos e promoverá mudanças que beneficiarão a saúde dos cidadãos e o meio ambiente.

Também nas cozinhas, tendo em conta o impacto na rejeição dos alimentos, devemos procurar reduzir ou mesmo ter desperdício zero no que cozinhamos.

Esta atitude consiste na ideia de aproveitar ao máximo cada alimento, sem gerar nenhum resíduo. Muitas vezes isso não tem a ver, necessariamente, com reciclar, mas impedir o aparecimento desses resíduos. Implica reduzir o que precisamos e reaproveitar tudo o que for possível e só depois pensar em formas de compostagem dos alimentos.

Também desperdiçamos por desconhecimento das propriedades da maioria dos alimentos, que nem sempre estão só na polpa das frutas ou nas folhas das hortaliças. É importante saber como cascas, caules e talos que vão para o lixo podem ser preparados para dar origem a novos pratos. Procure sugestões que ajudarão a diminuir a rejeição de alimentos.

Nas compras, verifique os armários e o frigorífico e faça a lista do que necessita para não colocar no cesto produtos que já tenha em casa. Opte por produtos a granel, obtendo a quantidade exata que necessita, reduzindo o desperdício. Armazene correctamente os alimentos, além dos cuidados com a temperatura e a humidade. Observe as datas de validade, conforme foi aqui explicado.

Veja os alimentos, incluindo as sobras de refeições, que podem ser congelados. Alguns podem ficar por várias semanas em baixa temperatura, sem prejuízo do sabor ou dos nutrientes.

Não fique pela aparência dos alimentos. Nem sempre um alimento com mau aspecto está estragado. Estamos acostumados com frutas, verduras e legumes previamente selecionados no mercado, o que altera nossa percepção.

Seja um cidadão do mundo responsável pela sua saúde e pela saúde da nossa casa – o Planeta Terra!


Maria Amélia Teixeira - Nutricionista (0193N)
SESARAM, EPE - Hospital dos Marmeleiros

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