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Floricultura e artesanato – uma abordagem conjunta

floricultura e artesanato 2 Com uma crescente consciencialização e abertura para o “nosso” enquanto fator diferenciador e atrativo turístico, é importante que se continue a apostar nas valências que a Região Autónoma da Madeira possui na sua floricultura, cultura e artesanato, vivendo de uma forma intrínseca no dia a dia dos madeirenses e portossantenses.

Despertos para o valor das nossas plantas “antigas” e com uma recuperada procura pelo “jardim madeirense”, é importante que não nos esqueçamos dos apetrechos, vasos, “estufa madeirense”, enfim, toda uma série de elementos que urge trazer aos dias de hoje, esquecidos ou caídos em desuso pelo simples passar das décadas, mas que compõem um quadro muito particular e que tantos e tantas cativaram ao longo dos séculos.

De um modo geral, a maioria dos entusiastas por plantas conhece os famosos cestos de barro furados, típicos da extinta olaria madeirense e feitos a pensar, precisamente, nos “melrinhos”. 

 

 

Celebrizados na Exposição da Flor no ano de 2020, esses vasos para Stanhopea (re)ganharam a merecida popularidade, indo ao encontro de um desejado movimento de recuperação e valorização dos nossos jardins e da nossa floricultura.

Menos conhecido, mais não seja pela sua utilização estar praticamente cofinada à relação florista-comprador, normalmente estrangeiro, os “sticks”, estruturas cilíndricas feitas com cana-vieira ou bambu são um importante elemento a recuperar e que tem, em si, imenso potencial, especialmente quando acompanhado da “sua história”. Atendendo a que o propósito para o qual esses “sticks” foram desenhados é, hoje em dia, suplantado por caixas de cartão mais baratas e de fácil aquisição, importa transformar o objetivo num elemento cultural em si, apostando na sua utilização em arranjos, exposições, painéis explicativos e, até, na reconversão do elemento, trazendo-o para a modernidade.

Na fotografia que acompanha este artigo, datada de 1968, é possível observar, plastificados e abertos, alguns destes “sticks” que protegem, dentro da sua estrutura rígida, as hastes de Cymbidium, a julgar pela fotografia, o Cymbidium lowianum ou híbrido dele. Na mão da florista, é interessante ver o aspeto de “candeeiro” que o “stick” oferece, partindo, a partir daí, para uma fácil idealização destas estruturas como objeto artístico e mais comummente utilizados nos mais variados campos das tradições e costumes da região.

Juntando esforços, a Região Autónoma da Madeira tem todos os elementos para capacitar e revitalizar setores mais esquecidos, como a da cultura e manuseio do vime e cana, criando postos de demonstração em locais estratégicos como mercados, Casas do Povo, etc. Ao mesmo tempo, lançar desafios e reptos a alunos e professores de artes poderá ser uma forma interessante de desenvolver a popularidade dos “sticks” e, consequentemente, indo na direção e momentum que as “flores da Madeira” têm tido, num tempo onde o público nunca esteve tão sensível e desperto para a temática.

Importa referir ainda que os “sticks” para as flores de corte de Cymbidium fizeram parte da decoração da Exposição da Flor de 2022, uma forma de recuperar a memória cultural e coletiva deste povo que vive lado a lado com as flores.


Pedro Spínola

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