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Os animais de companhia e as crianças... ter animais é perigosos?

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https://lifestyle.sapo.pt/saude/saude-e-medicina/artigos/zooterapia - consultado a 08/11/2021
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https://www.mindomo.com/nl/mindmap/la-zooterapia-21c2ad5220e94fafb3e9f7d0549be002
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https://www.facebook.com/aepga/posts/2799038606808873/ - consultado a 08/11/2021 
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https://edif.blogs.sapo.pt/hipoterapia-beneficios-para-a-saude-175661 - consultado a 08/11/2021
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https://www.indice.eu/pt/toda-a-saude/saude-animal/animais-terapeutas
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http://blogs.diariodonordeste.com.br/bemestarpet/geral/animais-terapeutas-protagonizam
-tratamentos-de-transtornos-motores-e-psicologicos-em-humanos/
- consultado a 08/11/2021

De forma nenhuma! Em geral, ter um animal de companhia traz mais benefícios do que riscos.

Os animais de companhia podem ajudar a reduzir a pressão arterial, diminuem o risco de alergias nas crianças, melhoram sentimentos de solidão e aumentam a oportunidade de praticar atividades ao ar livre, socializar e de se exercitar.

Na atual situação pandémica originada pelo SARS-CoV-2, os animais de companhia em muito têm ajudado a ultrapassar o isolamento social imposto como medida de salvaguarda da saúde pública.

Num estudo, realizado com 28 idosos que viviam num lar e apresentavam doenças crónicas inerentes à idade, escolhidos de forma aleatório e com um grupo de controlo, os participantes foram distribuídos casualmente, de forma a que um grupo usufruísse de interação com animais de companhia e o outro mantivesse as suas atividades habituais de lazer (grupo de controlo). Os pacientes do grupo com interação com os animais de companhia melhoraram os sintomas de depressão e tiveram uma diminuição significativa nos valores de pressão arterial, em comparação com os pacientes do grupo de controle.

Apesar desses benefícios, existe o risco do animal transmitir alguma doença para os seus detentores/cuidadores, especialmente se este for um indivíduo imunocomprometido, como exemplo extremo, temos a raiva transmitida aos humanos através de mordedura de cão contaminado.

Também é importante lembrar que muitas zoonoses são transmitidas por animais domesticados, ditos “de produção”, mas não animais de companhia, tais como suínos, bovinos, pequenos ruminantes (ovelhas e cabras), coelhos, patos e galinhas, entre outros. São mais de 200 as doenças que podem ser transmitidas entre animais e humanos.

Outra forma de interação com os animais é a zooterapia. A zooterapia, também conhecida como terapia assistida por animais (TAA) é uma técnica de reabilitação e reeducação física, psíquica, social e sensorial, na qual os animais são utilizados como assistentes /“instrumentos”.

A zooterapia é praticada desde a Antiguidade, época em que os animais eram presença frequente nos pátios das instituições psiquiátricas e de saúde, aligeirando a estadia e contribuindo para o bem-estar dos pacientes. No entanto, só a partir da década de 1960 é que o alegado poder que os animais têm sobre as pessoas se tornou evidente.

Foi o psicólogo infantil norte-americano Boris M. Levinson que se apercebeu do potencial terapêutico das relações entre crianças e animais.

Mas não é só em casos clínicos que os animais são uma ajuda preciosa. Basta observar o exemplo dado com os idosos ou mesmo das crianças sem irmãos, situações cada vez mais frequentes na sociedade atual, em que a presença de um animal de companhia ajuda a colmatar a falta que lhes faz o amor fraternal.

A zooterapia é dirigida a todos os tipos de pacientes, desde crianças com problemas psicomotores até idosos ou doentes mentais, revelando inúmeros benefícios. Apesar de não curarem, estas práticas ajudam os pacientes a recuperar a autoestima, fomentam a interação e as relações sociais, a aquisição de uma maior autonomia e o desenvolvimento de melhores capacidades de linguagem e movimento e promovem ainda o desenvolvimento emocional, através do vínculo criado entre o paciente e o animal.

No caso das crianças, motiva-as a pensar e a aprender, proporciona atividades interessantes e estimula a participação de crianças mais tímidas nas atividades em grupo e, no caso dos idosos, afasta sentimentos de frustração, solidão, ansiedade e tristeza.

A zooterapia pode ainda ser utilizada para o tratamento de pacientes, tratando quer problemas psicológicos quer problemas físicos. Existem quatro áreas principais de atuação, sendo que aqui vamos exemplificar com a terapia com cães:

- Física – exercícios nos quais é requerido que o paciente se movimente, se levante, ande ou, inclusive, corra em conjunto com o cão e, sobretudo, que interaja com ele, com o objetivo de recuperar a mobilidade perdida;
- Cognitiva – trabalha-se sobretudo com a memória do paciente. Habitualmente são realizados exercícios que o ajudam a lembrar-se da raça, tamanho, cor e outras características do seu animal;
- Emocional – a função desempenhada nesta área pelo cão é muito importante. Pretende-se que a pessoa se abra e mostre os seus sentimentos e que o animal de estimação lhe sirva de veículo de transmissão para conseguir lembrar-se e poder falar sobre temas ou situações que foram importantes na sua vida;
- Relações – trabalha-se diretamente com a motivação, fazendo com que o paciente se relacione com o meio envolvente e, sobretudo, com outras pessoas, conseguindo assim que se sinta seguro e confortável quando sai à rua. Para isso, o apoio e a companhia do cão são essenciais.

Os animais educados para realizar tarefas que aumentem a autonomia e funcionalidade de uma pessoa com deficiência, são denominados por animais de assistência, podendo o cão especializar-se em:

- Cão-guia – auxilia pessoas com deficiência visual;
- Cão de alerta – avisa pessoas, por exemplo com epilepsia, da proximidade de ocorrência de um ataque;
- Cão para surdos – indica fontes sonoras a pessoas com deficiências auditivas;
- Cão de serviço – auxilia pessoas com incapacidades motoras ou com problemas do foro psiquiátrico.

Apesar de, em Portugal, as terapias assistidas por animais se focarem, sobretudo, nos benefícios terapêuticos do cão, do cavalo e do burro, existem outros animais que podem ser uma grande ajuda para o paciente, entre eles, as aves, os gatos, os coelhos, as tartarugas e os golfinhos. Contudo, a zooterapia com estas outras espécies encontra-se significativamente mais desenvolvida noutros países, contudo, a sua aplicação em Portugal é crescente.


Mariana Boaventura Afonso
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
Direção de Serviços de Alimentação e Veterinária
Divisão de Animais de Companhia

 

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