Os animais de companhia e as crianças... ter animais é perigosos? |
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De forma nenhuma! Em geral, ter um animal de companhia traz mais benefícios do que riscos. Os animais de companhia podem ajudar a reduzir a pressão arterial, diminuem o risco de alergias nas crianças, melhoram sentimentos de solidão e aumentam a oportunidade de praticar atividades ao ar livre, socializar e de se exercitar. Na atual situação pandémica originada pelo SARS-CoV-2, os animais de companhia em muito têm ajudado a ultrapassar o isolamento social imposto como medida de salvaguarda da saúde pública. Num estudo, realizado com 28 idosos que viviam num lar e apresentavam doenças crónicas inerentes à idade, escolhidos de forma aleatório e com um grupo de controlo, os participantes foram distribuídos casualmente, de forma a que um grupo usufruísse de interação com animais de companhia e o outro mantivesse as suas atividades habituais de lazer (grupo de controlo). Os pacientes do grupo com interação com os animais de companhia melhoraram os sintomas de depressão e tiveram uma diminuição significativa nos valores de pressão arterial, em comparação com os pacientes do grupo de controle. Apesar desses benefícios, existe o risco do animal transmitir alguma doença para os seus detentores/cuidadores, especialmente se este for um indivíduo imunocomprometido, como exemplo extremo, temos a raiva transmitida aos humanos através de mordedura de cão contaminado. Também é importante lembrar que muitas zoonoses são transmitidas por animais domesticados, ditos “de produção”, mas não animais de companhia, tais como suínos, bovinos, pequenos ruminantes (ovelhas e cabras), coelhos, patos e galinhas, entre outros. São mais de 200 as doenças que podem ser transmitidas entre animais e humanos. Outra forma de interação com os animais é a zooterapia. A zooterapia, também conhecida como terapia assistida por animais (TAA) é uma técnica de reabilitação e reeducação física, psíquica, social e sensorial, na qual os animais são utilizados como assistentes /“instrumentos”. A zooterapia é praticada desde a Antiguidade, época em que os animais eram presença frequente nos pátios das instituições psiquiátricas e de saúde, aligeirando a estadia e contribuindo para o bem-estar dos pacientes. No entanto, só a partir da década de 1960 é que o alegado poder que os animais têm sobre as pessoas se tornou evidente. Foi o psicólogo infantil norte-americano Boris M. Levinson que se apercebeu do potencial terapêutico das relações entre crianças e animais. Mas não é só em casos clínicos que os animais são uma ajuda preciosa. Basta observar o exemplo dado com os idosos ou mesmo das crianças sem irmãos, situações cada vez mais frequentes na sociedade atual, em que a presença de um animal de companhia ajuda a colmatar a falta que lhes faz o amor fraternal. A zooterapia é dirigida a todos os tipos de pacientes, desde crianças com problemas psicomotores até idosos ou doentes mentais, revelando inúmeros benefícios. Apesar de não curarem, estas práticas ajudam os pacientes a recuperar a autoestima, fomentam a interação e as relações sociais, a aquisição de uma maior autonomia e o desenvolvimento de melhores capacidades de linguagem e movimento e promovem ainda o desenvolvimento emocional, através do vínculo criado entre o paciente e o animal. No caso das crianças, motiva-as a pensar e a aprender, proporciona atividades interessantes e estimula a participação de crianças mais tímidas nas atividades em grupo e, no caso dos idosos, afasta sentimentos de frustração, solidão, ansiedade e tristeza. A zooterapia pode ainda ser utilizada para o tratamento de pacientes, tratando quer problemas psicológicos quer problemas físicos. Existem quatro áreas principais de atuação, sendo que aqui vamos exemplificar com a terapia com cães: - Física – exercícios nos quais é requerido que o paciente se movimente, se levante, ande ou, inclusive, corra em conjunto com o cão e, sobretudo, que interaja com ele, com o objetivo de recuperar a mobilidade perdida; Os animais educados para realizar tarefas que aumentem a autonomia e funcionalidade de uma pessoa com deficiência, são denominados por animais de assistência, podendo o cão especializar-se em: - Cão-guia – auxilia pessoas com deficiência visual; Apesar de, em Portugal, as terapias assistidas por animais se focarem, sobretudo, nos benefícios terapêuticos do cão, do cavalo e do burro, existem outros animais que podem ser uma grande ajuda para o paciente, entre eles, as aves, os gatos, os coelhos, as tartarugas e os golfinhos. Contudo, a zooterapia com estas outras espécies encontra-se significativamente mais desenvolvida noutros países, contudo, a sua aplicação em Portugal é crescente.
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