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Por que é importante vacinar contra a raiva?
A importância do efeito de proteção concebido pela vacinação antirrábica.

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DM contra a raiva 1 O Dia Mundial contra a Raiva é comemorado a 28 de setembro. Esta iniciativa internacional é coordenada pela Global Alliance for Rabies Control (GARC), uma organização sem fins lucrativos, e serve para promover a luta contra essa doença, aumentar a consciencialização sobre a prevenção e comemorar as conquistas alcançadas.

A GARC é um observatório das Nações Unidas, patrocinado por Organizações Internacionais de Saúde Humana e Veterinária (Organização Mundial da Saúde (OMS), Pan American Health Organization, Organização Mundial para a Saúde Animal (OIE), US Centres for Disease Control and Prevention e World Veterinary Association) e várias Fundações.

O Dia Mundial contra a Raiva (DMR) tem por objetivo consciencializar a população para o impacto da raiva nas pessoas e nos animais, divulgar normas de boas práticas para prevenir a doença e informar sobre o papel que podem desempenhar cada indivíduo e as organizações com o propósito de eliminar as principais causas desta doença.

A escolha da comemoração do DMR ser celebrado todos os anos no dia 28 de setembro recai numa homenagem a Louis Pasteur, falecido nesse dia, que desenvolveu a primeira vacina eficaz contra a raiva. A primeira celebração ocorreu em 2007.

Embora Portugal seja um país indemne de raiva desde 1961, a Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) associou-se a esta iniciativa, reforçando a importância da vacinação dos animais sensíveis contra a raiva.

A OMS, desde 2015, integra um programa denominado “United Against Rabies Forum: Zero by 30: One Health in Action”.

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https://www.who.int/publications/i/item/9789241513838 - consultado a 30/07/2021 
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https://www.jagranjosh.com/current-affairs/world-rabies-day-observed-with-theme-rabies-zero
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- consultado a 10/08/2021

Segundo a OMS, a eliminação de mortes humanas causadas por raiva mediada por cães é inteiramente possível, mas a raiva ainda mata uma pessoa a cada 9 minutos e quase metade destas são crianças. Hoje, a raiva é uma doença da pobreza. Os mais pobres e marginalizados têm maior risco, não apenas pelo trauma da mordida de cão e risco de morte, mas pelas duras consequências económicas da raiva, estimadas em mais de US $ 8,6 bilhões por ano. Muitos morrem devido aos altos custos do tratamento ou por falta de acesso à profilaxia pós-exposição (PPE). Se nenhuma nova ação for tomada, um milhão de pessoas morrerão de raiva até 2030.

Um plano global para o controle e eliminação da raiva foi acordado pela OMS, a OIE e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) em “Zero até 30: O Plano Estratégico Global para acabar com as mortes humanas por raiva mediada por cães até 2030” (Zero by 30).

Os elementos-chave deste plano incluem melhor acesso à PPE, especialmente para os mais pobres, bem como a vacinação massiva de cães, elaboração de relatórios de doenças aprimorados e ferramentas de vigilância e educação e divulgação na comunidade.

O Fórum “United Against Rabies”, anunciado pelos Diretores-Gerais da FAO, da OIE e da OMS, em setembro de 2020, procura acelerar o esforço sustentado necessário para cumprir a visão de “Zero by 30”.

O mesmo Fórum alvitra que, ao investir aproximadamente US $ 50 milhões entre agora e 2030, podemos apoiar a eliminação da raiva humana mediada por cães. Um plano estratégico que fornece uma abordagem abrangente, intersectorial faseada, para eliminar as mortes humanas por raiva foi lançado pela parceria “United Against Rabies”.

O Fórum “United Against Rabies” publica o seu primeiro relatório - Eliminando a raiva, a 3 de março de 2021, que passamos a adaptar:

Desde o seu lançamento no ano passado, o Fórum “United Against Rabies” publica agora o seu primeiro relatório, destacando a sua missão de promover e 'permitir a colaboração efetiva de uma ampla gama de parceiros' para atingir as metas estabelecidas no plano estratégico global para eliminar as mortes por raiva humana mediada por cães até 2030.

A FAO, OIE e OMS estão comprometidos com a operacionalização de “One Health” (Uma só Saúde’), promovendo uma abordagem política que conecta intervenções de saúde humana, animal e ambiental.

O relatório destaca como a COVID-19 teve impacto nas atividades de controle da raiva e destaca a necessidade de tornar a “One Health” uma realidade, porque a interdependência da saúde humana, animal e ambiental nunca foi tão evidente.

A abordagem de “One Health” é a base dos programas nacionais de controle da raiva da maioria dos países, geralmente envolvendo vários ministérios e níveis de governo, e, o mais importante, envolvendo as comunidades e a sociedade civil. O exemplo desta abordagem também pode servir de mote e ajudar a fortalecer os sistemas nacionais de saúde para lidar com outras zoonoses.

A Aliança Tripartida (OIE, OMS e FAO) e a Aliança Mundial para o Controlo da Raiva (GARC) têm trabalhado para o objetivo conjunto: “Zero casos de raiva humana em 2030”.

No caso da raiva, pesquisas científicas e evidências de campo mostram que as campanhas de vacinação em massa de cães que abranjam 70% da população de cães em risco podem conferir imunidade coletiva contra a raiva. Esta é considerada a única maneira real de interromper o ciclo infecioso da doença entre animais e humanos e ter como resultado a redução drástica de mortes por raiva humana.

A colaboração “United Against Rabies” aproveita as ferramentas e conhecimentos existentes de forma coordenada para capacitar, envolver e permitir que os países salvem vidas humanas desta doença evitável. O plano estratégico global coloca os países no centro, com apoio internacional renovado, para agir.
Este envolvimento centrado no país será flexível e considerará diferentes contextos e capacidades. Os países liderarão os esforços, impulsionando as mudanças necessárias para atingir “Zero by 30”, fortalecido pela colaboração “United Against Rabies”, à medida que constroem capacidade institucional sustentável e acabam com as mortes humanas por raiva mediada por cães.

Mais elucidamos que a raiva é uma doença zoonótica viral que causa inflamação progressiva e fatal do cérebro e da medula espinhal. Clinicamente, revela duas formas:

  • Raiva furiosa - caracterizada por hiperatividade e alucinações e
  • Raiva paralítica - caracterizada por paralisia e coma.

As zoonoses são doenças comuns ao homem e aos animais e podem ser causadas por diversos microrganismos, que provocam diferentes doenças e de gravidade variável nos animais e no homem, tal como vírus, bactérias, parasitos ou fungos. Frequentemente, os animais que transmitem esses organismos são domesticados e têm aparência saudável.

As zoonoses podem ser transmitidas de várias formas: por contacto direto, através da pele, saliva, sangue, urina, entre outros; por contacto indireto, através de áreas onde vivem animais ou objetos com que contactam; por vetores, por exemplo mosquitos, carraças, pulgas; através de alimentos contaminados; através de água contaminada.

Qualquer pessoa pode ter /manifestar uma zoonose. Há, no entanto, grupos de maior risco, como: crianças com menos de 5 anos; adultos com mais de 65 anos; grávidas; pessoas com o sistema imunitário debilitado.

Embora a raiva seja uma doença fatal, uma vez que os sinais clínicos apareçam, a raiva é totalmente evitável: vacinas, medicamentos, ferramentas e tecnologias estão disponíveis há muito tempo para prevenir a morte por raiva. No entanto, a raiva ainda mata dezenas de milhares de pessoas a cada ano. Destes casos, aproximadamente 99% são adquiridos pela mordida de um cão infetado, sendo o remanescente de casos de raiva mediada por animais selvagens, a exemplo dos morcegos.

A raiva humana mediada por cães pode ser eliminada combatendo a doença em sua origem: cães infetados. Urge consciencializar as pessoas sobre como evitar as mordeduras por cães raivosos, procurar tratamento imediato quando mordidos e vacinar os animais, podendo assim interromper com sucesso o ciclo de transmissão da raiva.

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Rabid dog with dripping saliva  Hospitalized human rabies victim in restraints
https://www.immunize.org/photos/rabies-photos.asp - consultado a 23/03/2021  
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https://rabiesalliance.org/world-rabies-day - consultado a 17/05/2021

Estima-se que a raiva cause cerca de 60.000 mortes humanas anualmente em mais de 150 países, principalmente em áreas rurais de países economicamente desfavorecidos na África e na Ásia (95% dos casos). Devido à subestimação e estimativas incertas, este número é provavelmente uma subestimativa bruta. A carga da doença é desproporcionalmente suportada pelas populações rurais pobres, com aproximadamente metade dos casos atribuíveis a crianças com menos de 15 anos de idade.

O lema do Dia Mundial da Raiva para 2021 é “Raiva: Factos, não Medos”, no original “Rabies: Facts, not Fear”. A escolha do lema tem por explicação o facto da pandemia de COVID-19 ter levantado muitas dúvidas e equívocos sobre doenças, a sua propagação e sobre a vacinação em geral. Por causa disso, tem havido alguma hesitação sobre o lançamento das vacinas COVID-19 em muitos países e muitas pessoas têm receio em serem vacinadas. Para a raiva, isso não é novidade, já que medos, equívocos e desinformação sobre a doença e a sua prevenção datam de há centenas de anos. Por esse motivo, o tema deste ano está focado em compartilhar factos sobre a raiva e não espalhar o medo sobre a doença, à conta de desinformação e mitos.

O Fórum “United Against Rabies” refere no documento de apresentação da iniciativa o propósito do logótipo adotado para a celebração do DMR, em que este representa a complexidade da raiva, que pode infetar os seres humanos, os animais domésticos e os animais selvagens.

A raiva não respeita fronteiras, em especial nas populações de animais selvagens, por isso é importante a cooperação entre os países para o controlo eficaz da raiva, seguindo o conceito “Animais + Humanos = Uma só Saúde”, uma estratégia mundial para promover a colaboração e a comunicação interdisciplinar em todas as vertentes dos cuidados de saúde humana e animal.

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https://www.cdc.gov/rabies/animals/index.html - consultado a 17/05/2021 

Por fim, reforçamos que, em 2015, a OIE, a OMS, a FAO e a GARC estabeleceram como meta a ausência de mortes humanas por raiva até 2030. Além da prevenção da raiva transmitida por cães, através de uma melhor consciencialização e de campanhas de vacinação, o plano das associações visa o acesso a cuidados de saúde e a medicamentos para a população em risco.

Aprenda mais sobre a raiva:

FAO Animal production and health
OIE: Rabies portal
WHO Rabies
United Against Rabies - https://uarforum.org/
GARC - https://rabiesalliance.org/
Rabies - Bulletin – Europe: https://www.who-rabies-bulletin.org/
Global Alliance for Rabies Control: https://caninerabiesblueprint.org/
Twitter | Facebook
https://www.oie.int/fileadmin/Home/eng/Media_Center/img/Portail%20rage/RabiesVaccinateYourDog.gif


Mariana Boaventura Afonso
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
Direção de Serviços de Alimentação e Veterinária

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