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“Porto Moniz, onde sou feliz!”

sabores nossos CALHETA Chegados a meio desta viagem pelos 11 concelhos do Arquipélago da Madeira, é tempo de percorrer a costa norte, abrigando-nos por agora no Porto Moniz. E quem vem da Ponta do Pargo chega às Achadas da Cruz, a primeira das quatro freguesias que fazem parte do concelho do Porto Moniz. E logo a nossa memória leva-nos à Fajã da Quebrada Nova servida por um teleférico que transporta pessoas e produções agrícolas, com predomínio para a uva e algumas hortícolas, numa paisagem arrebatadora.

Na freguesia que também dá nome ao município, Porto Moniz, temos no presente a vinha enquanto cultivo principal, na vila e nas suas encostas. Nos primeiros tempos do povoamento, os cereais, a criação de gado e a extracção de madeira eram as principais ocupações dos habitantes do concelho. Depois, no século XVIII é a vitivinicultura que começa a ganhar importância, tal como a semilha, no século XIX, que era a base da alimentação e que ainda hoje persiste.

No sítio da Santa, que dispõe de um Centro de Abastecimento Hortícola, o CASA, cultiva-se a semilha, a cenoura e a batata doce, entre outras hortícolas. É ali que em Julho ocorre a Feira Agro-Pecuária do Porto Moniz, igualmente conhecida como Feira do Gado, um certame anual que mostra o melhor que se faz em termos agrícolas e pecuários na Região, cuja primeira edição aconteceu a 17 de Junho de 1956, por iniciativa do então Presidente da Câmara Municipal, Engenheiro Américo Homem de Gouveia, com o apoio dos serviços da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal.

A Ribeira da Janela, abundante em água e por isso desde 1965 com uma central hidroeléctrica na foz, possui terrenos com vinha, semilha, batata doce e hortas familiares.

 

FAP 2 A freguesia do Seixal, rica em vinhedos, tem no sítio do Chão da Ribeira aquilo que se pode desejar mais no que diz respeito ao equilíbrio entre a agricultura e a Laurissilva. Quem já não ouviu falar na famosa semilha do Chão da Ribeira que se distingue pelo seu sabor singular e nas trutas criadas em viveiro. No final de Janeiro, uma semana depois da Festa de Santo Antão, padroeiro da localidade, aquele lugar enche-se de convivas aquando da realização do “panelo”. Consta que esta tradição começou nos anos 40 do século passado por necessidade, na altura em que um grupo de rapazes ia trabalhar a terra e cuidar dos animais, deslocando-se a pé, pois não existia estrada. Para que a jorna rendesse, resolveram preparar o almoço com semilhas, couves e carne de porco, usando uma lata, a servir de panela, acompanhado de vinho, repasto que era repetido nos dias que se seguiam.

E, fazendo jus a este município nortenho com muito para ver do mar à montanha, nada melhor do que recordar os versos do refrão da canção “Porto Moniz”, que António Manuel Ribeiro dos UHF imortalizou em 2004: “Hoje há festa/ Hoje há Feira/No Porto Moniz/Minha terra na Madeira/É Porto Moniz/Onde sou feliz”.

(O autor prefere usar a ortografia anterior ao Acordo Ortográfico de 1990)


Joaquim Leça
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural

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