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A mosca da fruta oriental – Bactrocera dorsalis

Bactrocera dorsalis (Hendel, 1912), de nome comum mosca-da-fruta-oriental (figura 1), pertence à Família Tephritidae, onde se incluem as várias espécies de moscas-da-fruta. Esta espécie foi introduzida na lista de pragas prioritárias estabelecida pelo Regulamento Delegado (UE) 2019/1702 da Comissão, de 1 de agosto de 2019, do que resulta, de imediato, no incremento das medidas obrigatórias para evitar a sua introdução e dispersão no nosso país e na União.

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Figura 1 – Exemplar de Bactrocera dorsalis 

Biologia e Ciclo de vida

Esta mosca-da-fruta, com cerca de 8mm de comprimento, pode ser mais facilmente identificada pelas listas amarelas laterais que possui no tórax e uma mancha escura em forma de “T” no abdómen.

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Figura 2 – Fêmea a colocar ovos sobre fruto 

A fêmea deposita os ovos por baixo da casca da fruta hospedeira (figura 2) (uma fêmea pode produzir cerca de 1200 a 1500 ovos durante o seu ciclo de vida).

Após a eclosão dos ovos (1-3 dias), as larvas ficam a alimentar-se da polpa durante cerca de nove a 35 dias. A partir desta fase, as larvas saem dos frutos e pupam no solo sob a planta hospedeira e os adultos emergem após 1-2 semanas, demorando cerca de nove dias a atingir a maturidade sexual, podendo este período ser mais alargado em condições de temperaturas mais frescas.

Trata-se de uma espécie tropical que, teoricamente, não conseguiria sobreviver ao inverno na região europeia e mediterrânea, exceto no sul, possivelmente. Os adultos são mais capazes de sobreviver a baixas temperaturas. Esta espécie tem preferência por frutos maduros para efetuar a postura dos ovos, mas os frutos em fases mais precoces do desenvolvimento podem também ser atacados.

Hospedeiros

É uma espécie muito polífaga, que conta com mais de 40 espécies de hospedeiros identificados, de onde se destacam os principais, tendo em conta o seu cultivo na RAM:

- abacateiro, kumquat, tangerineira, laranjeira, diospireiro, nespereira, papaieira, toranjeira, macieira, mangueira, pessegueiro e goiabeira;
- abóbora, melão, tomate, pimentão e malagueta.

Sintomas e Danos

As larvas, ao se alimentarem, formam cavidades nos frutos, tornando-os impróprios para consumo. Os principais sintomas que evidenciam a presença da praga são:

- Marcas de oviposição que podem apresentar um exsudado açucarado que, ao secar, faz lembrar uma gota resinosa de cor transparente (principalmente nos frutos com um teor de açúcar mais elevado);
- Perfurações evidentes com má aparência no exterior do fruto, resultantes da saída das larvas do seu interior para pupar.

 

Impacto Económico

- Perda direta de produção de fruta e vegetais devidos aos danos causados pelas larvas;
- Aumento de custos de produção associados aos tratamentos fitossanitários;
- Restringimentos ou impedimento à circulação ou exportação;
- O seu curto ciclo de vida permite rápido desenvolvimento de graves focos de infestação, que podem levar à perda da totalidade da colheita causando perdas económicas severas.

Distribuição Económica

B. dorsalis é de origem asiática e, após ter sido introduzido em África, já se dispersou por mais de 30 países (figura 3).

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Figura 3 – Distribuição mundial de Bactrocera dorsalis (Fonte: EPPO) 

Apesar desta praga não ser dada como estabelecida na Europa, é um facto que esta espécie já foi intercetada em armadilhas na Áustria, Bélgica, Eslovénia, França e Itália.

Nos países ibéricos, como Portugal e Espanha, a espécie, uma vez introduzida, poderá adaptar-se melhor às áreas mais quente e húmidas associadas a zonas de produção de fruteiras.

Meios de Introdução e Dispersão

Na região mediterrânica, na qual se encontra Portugal, as populações podem instalar-se através da dispersão natural e voo dos adultos, com a consequente invasão de ecossistemas com condições climáticas propícias ao seu desenvolvimento, ou ainda como resultado da atividade humana, através da movimentação de frutos infestados a partir de países ou regiões com a presença da praga.

O comércio de frutos infestados com ovos, larvas e (raramente) pupas é a forma de dispersão mais provável. A circulação de viajantes, seja por meio aéreo, marítimo ou ferroviário de zonas onde é conhecida a ocorrência da praga, representa um mecanismo de dispersão muito temido e deve ser encarado com muita importância.

Programa Nacional de Prospeção

Nunca foi detetada a presença desta praga em Portugal continental ou nas Regiões Autónomas. No entanto, a DGAV, na qualidade de Autoridade Fitossanitária Nacional, estabelece anualmente um programa de prospeção desta e outras pragas, a ser executado em todo o país.

Assim, a Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, através do Serviço de Inspeção Fitossanitária da RAM, efetua, desde 2016, a sua prospeção, mediante a colocação de armadilhas tipo delta e com o recurso a uma feromona sexual específica, com vista à atração e captura de insetos adultos, em vários locais espalhados pelos vários concelhos da Ilha. A este trabalho de campo, acrescem ainda as inspeções efetuadas a remessas de frutos importados.

Bibliografia consultada:
DGAV, Plano de Contigência Bactrocera dorsalis, 2021 (Versão 02)


Serviço de Inspeção Fitossanitária
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural

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