Meteorologia agrícola
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(LEGENDA) De acordo com os apuramentos meteorológicos do período compreendido entre 08 e 14 de dezembro (ver quadro), manteve-se o tempo nublado e chuvoso na Região. Prevê-se continuar com alguma instabilidade nas condições climatéricas, uma alternância muito característica do clima madeirense. As regas deverão ser reduzidas e/ou mesmo suspensas, uma vez que os índices de precipitação são, por vezes, significativos, como já referido. A aplicação de produtos fitofarmacêuticos deverá apenas ser agendada para os dias com previsão de ausência de precipitação e com especial atenção também à velocidade do vento. Os agricultores/citricultores devem estar atentos à presença da Psila Africana nos seus pomares. Trioza erytreae (Del Guercio 1918) – Psila Africana dos citrinos Trioza erytreae (Homoptera, Psylloidea, Triozidae) (Figura 1) Esta espécie é vulgarmente conhecida por psila dos citrinose e provoca estragos nas folhas e rebentos jovens. Foi identificada pela primeira vez em 1994, no concelho da Ribeira Brava, na costa sul da Ilha, e aí ficou confinada durante quatro anos. Neste período, os Serviços de Inspeção, em conjunto com outros serviços regionais, tomaram várias medidas fitossanitárias para tentar erradicar a praga, com orientação da AFN, nomeadamente a intensificação da prospeção e a aplicação obrigatória e quinzenal de fitofármacos nas zonas afetadas e nas zonas limítrofes à mancha ocupada por esta praga. Em 1998, houve uma dispersão para os concelhos de Câmara de Lobos, Santa Cruz, Ponta do Sol e Funchal e daqui assistiu-se a uma rápida expansão por toda a Ilha. Em 2012, a sua prospeção/monitorização na RAM deixou de ser efetuada, uma vez que toda a Região foi considerada zona infestada. Esta praga, para além dos estragos diretos assume um perigo ainda maior por ser vetor de uma doença bastante destrutiva dos citrinos Huanglongbing (HLB), Citrus greening causada pela bactéria Candidatus Liberibacter africanus. Faz parte da lista A2 da Organização Europeia de Proteção de Plantas (OEPP) por ser um dos vetores da doença “citrus greening”.
Origem e distribuição geográfica É uma espécie originária de África estando registada a sua ocorrência em: Madagáscar, Mauritânia, Reunião, Santa Helena, Quénia, Sudão, Tanzânia, Uganda, Zâmbia, Zaire, Ruanda, Malawi, Cômoros, Etiópia, Suazilândia, Zimbabwe, Camarões, África do Sul, Arábia Saudita e Iémen. Portugal: Arquipélago da Madeira (1994) e Região Norte do Continente (2014).
Plantas da família das Rutáceas: Citrus aurantiifolia, Citrus limon, Citrus reticulata, Vepris undulata, Clausena anisata, Fagara capensis e Casimiroa edulis. Sintomas, dispersão e impacto económico
As folhas infestadas ficam distorcidas e cloróticas (figura 2). Os frutos desenvolvem-se mal, não amadurecem e têm um sabor amargo. A dispersão é feita através da circulação de material vegetal infestado. A doença provocada por este inseto origina perdas consideráveis na produção. |
(NOTA) Morfologia e Biologia
Os ovos são amarelos e de forma oval (figura 3), preferencialmente inseridos na margem das folhas ou nos rebentos jovens e eclodem entre 5 a 17 dias. A postura média por fêmeas é de 827 ovos. O desenvolvimento compreende cinco estados larvares. São sedentárias de cor amarelo a cinzento escuro com as margens ciliadas. Na larva do 4.º estádio o abdómen possui duas manchas castanhas características (figura 4). A temperatura de desenvolvimento das larvas é de 10/12° C e o período de desenvolvimento vai de 17 a 45 dias, sendo este mais prolongado se as folhas forem pobres em nutrientes. Fixam-se e alimentam-se na página inferior das folhas induzindo, ao fim de alguns dias, a formação de depressões que originam galhas abertas. Os adultos são de cor verde claro a castanho escuro. As fêmeas são maiores (2,24 mm) que os machos (2,17 mm). Dependendo das temperaturas, a duração de ovo a estado adulto é de 25 a 38 dias no verão até 47 dias no inverno. Não têm diapausa e possuem metamorfoses incompletas. A monitorização tem início na rebentação das folhas utilizando-se placas amarelas pegajosas. As placas amarelas (figura 5) pinceladas com óleo espesso (Lopes, A. et al. 1999) devem ser penduradas nas bordaduras das árvores com maior exposição solar, a aproximadamente 1,5 m do solo. Dependendo do estado vegetativo do pomar, a recolha das placas amarelas será efetuada de 1 a 2 semanas até 1 mês após a sua colocação. Recomenda-se a utilização de 2 placas se a área do pomar for ≤ 0,5ha e 4 placas se for ≥ 0,5ha e ≤ 1,5ha e a sua distribuição deverá ser feita de forma uniforme nas bordaduras do pomar. As placas com os insetos capturados deverão ser enviadas ao Laboratório Agrícola da Madeira para posterior identificação. Efetuar periodicamente inspeções visuais ao pomar com especial incidência na rebentação nova.
Meios de Proteção Aplicar as medidas fitossanitárias definidas pela Autoridade Fitossanitária Nacional (DGAV), recorrendo a tratamentos fitossanitários com produtos fitofarmacêuticos, como o EPIK SG (acetamiprida), nomeadamente tratamentos à rebentação com repetição 2 a 3 semanas depois.
Miguel Teixeira |
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Para mais informação relativamente à prevenção e/ou tratamento, deverá contactar o seguinte serviço da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural: Direção de Serviços de Desenvolvimento Agronómico /DSDA |
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