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“Reagir às problemáticas da cultura da cerejeira na Madeira” – Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento rural aposta na reabilitação da cultura da cerejeira

IMG 8341 O ciclo vegetativo da cerejeira na Madeira caracteriza-se por ser muito curto. A época ativa da cultura inicia-se em março e a colheita efetua-se desde finais de maio a junho.

A produção da cereja, em 2020, foi muito atípica, uma situação de que não há memória nas últimas décadas, e que resultou de uma muito baixa taxa de abrolhamento das cerejeiras, ou seja, uma muito baixa emissão de gomos florais, os quais vão dar origem às flores e, posteriormente, aos frutos.

A quebra de produção em causa esteve diretamente relacionada com a falta de frio que se fez sentir durante o inverno. A cerejeira é uma planta que tem uma fase de dormência que, em geral, corresponde ao outono, após a queda das folhas, pelo que necessita de frio para a quebra desta dormência (mais de 700 horas abaixo dos 7,2º, exigência embora variável com a variedade) e, por esta razão, só encontra condições climáticas favoráveis acima dos 500m na costa sul e dos 350m na costa norte, predominando por isso sobretudo nos concelhos de Câmara de Lobos, nomeadamente nas freguesias do Jardim da Serra e do Curral das Freiras, e no da Ribeira Brava, freguesia da Serra de Água.

Após nova monitorização à evolução da cultura da cereja, tendo como referência a área de cultivo da freguesia do Jardim da Serra, realizada no decurso das duas últimas semanas de junho, constatou-se que se verificou um atraso de mês e meio na 2.ª floração e, embora houvesse algum vingamento, porém, a sua quantidade foi pouco significativa, acrescendo ter sido consumida pelos pássaros em grande parte, e o sobrante de produção vingada, dada a escassez de água, não atingiu o seu tamanho normal.

Conclui-se, assim, que, em 2020, a quebra da produção de cereja situar-se-á entre 80 a 90% relativamente à registada no ano anterior.

 

A Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (SRA), através da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DRA), atenta à situação, está a prosseguir um conjunto de ensaios implementados há cerca de três anos, nomeadamente:

a) Ensaio de porta-enxertos tolerantes à armillaria sp.;
b) Ensaio de variedades de cerejeira com menores exigências em número de horas de frio;
c) Estudo de porta-enxertos mais adequados para as condições edafoclimáticas do Jardim da Serra, nomeadamente resistência ao stress hídrico;
d) Continuação da prospeção e conservação do património genético de cerejeira na RAM, para o que será adquirida, ainda em 2020, quantidade suficiente de porta-enxertos para a sua plantação em Santana, Camacha, Santo da Serra e Prazeres.

De referir que os ensaios e o estudo referidos estão a ser realizados com a colaboração da Junta de Freguesia do Jardim da Serra, através do Centro de Desenvolvimento e Inovação Sociocultural e Agroflorestal – CDISA Quinta Leonor.

Por outro lado, para o reforço das medidas adotadas para reabilitação da cultura da cerejeira, a DRA realizou entre os dias 13 e 15 de julho umas jornadas técnicas sobre a cultura da cerejeira, com a designação “Reagir às Problemáticas da Cultura da Cerejeira na Madeira”, tendo convidado para o efeito uma das maiores especialistas nacionais nesta fruteira, a Dra. Berta Maria de Carvalho Gonçalves Macedo, Professora Auxiliar do Departamento de Biologia e Ambiente (DeBA), Escola de Ciências da Vida e do Ambiente (ECVA), da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que, entre outros, irá fazer uma visita aos cerejais, realizar uma reunião de trabalho com os técnicos da DRA sobre os projetos em curso.

No âmbito das jornadas técnicas, a DRA promoveu o simpósio também designado “Reagir às problemáticas da cultura da cerejeira na Madeira”, com a participação da referida, Dra. Berta Macedo, e que contou com cerca de 35 participantes, dada a necessidade de reduzir o número limite de lugares disponíveis no auditório da SRA, no cumprimento das medidas de recomendação, contingência e resposta destinadas a evitar a propagação do novo Coronavírus SARS-CoV2.

O simpósio abordou os seguintes temas:

• Variedades de cerejeiras com menores exigências em frio;
• Produtos que se podem utilizar para a quebra de dormência, uniformização da produção e aumento da precocidade;
• Porta-enxertos mais adequados para a produção em sequeiro;
• Principais pragas e doenças da cultura e meios de luta existentes/recomendados.

Neste contexto, também foi promovida uma palestra com os agricultores do Jardim da Serra, que contou com mais de 100 presenças, e sobre a qual daremos notícia no próximo DICAs.

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