Os principais problemas fitossanitários da anoneira

Pragas

Mosca da fruta (Ceratitis capitata W.) – Esta praga ataca as anonas todo o ano, com maior incidência quando a temperatura é superior a 20ºC e a humidade relativa é elevada, podendo causar prejuízos que levam a perdas massivas de produção (entre 70-90%).

Métodos culturais de combate

- Colocação de armadilhas na periferia dos pomares;

- Introdução de galináceos nos pomares, tendo a atenção de colocar o número de animais adequado para evitar a sobre-exploração;

- Recolher os frutos caídos e afetados em sacos de plástico, que serão em seguida fechados e expostos ao sol durante 30 dias, no mínimo;

- Plantação na bordadura de fruteiras com produção coincidente com a anoneira, mas com maior apetência para atrair a mosca da fruta, e que depois será eliminada com atrativos e/ou inseticidas homologados para as ditas culturas;

Métodos de controlo químico

O controlo químico deve ter início pelo menos 3 meses antes do início da colheita, recorrendo única e exclusivamente a inseticidas homologados para o efeito.

Cochonilha branca/"Lapa" branca (Nipaecoccus nipae) – Esta praga ataca folhas, ramos, frutos e flores durante todo o ano, mas com maior incidência entre a primavera e o outono.

Quando o ataque é intenso, acumula-se o melaço produzido pelas cochonilhas, o que promove o aparecimento da fumagina (Capnodium elaeophilum), que cobre de negro os frutos, folhas e ramos, desvalorizando o fruto comercialmente e diminuindo a capacidade fotossintética da planta, debilitando-a.

Métodos culturais de combate

- Grande parte da praga pode ser eliminada com a poda;

- Na altura da queda das folhas, deve aplicar a calda bordalesa para a diminuição do aparecimento da doença antracnose e que, nesta altura, terá também um efeito positivo no controlo da população da cochonilha branca e;

- Lavar com jato de água sob pressão dirigido ao tronco e ramos onde se verificar o aparecimento de uma espécie de algodão.

Métodos de controlo químico

O controlo químico é efetuado com inseticidas homologados para o efeito.

Cochonilha negra/"Lapa" preta (Saissetia oleae) - Esta praga fixa-se principalmente nos ramos, atacando folhas e frutos quando o ataque é intenso. À semelhança da cochonilha branca, também produz uma substância açucarada, favorecendo o desenvolvimento da fumagina (ferrugem).

Métodos culturais de combate (idênticos aos usados para a cochonilha branca)

Métodos de controlo químico

O controlo químico é também efetuado com inseticidas homologados para o efeito.

Afídios/piolhos - Estes insetos, dependendo das condições climatéricas, são uma praga a considerar, uma vez que atacam os frutos, desvalorizando-os comercialmente.

Ratos/ratazanas - Esta praga assume grande importância, principalmente quando a densidade populacional destes murinos é média a alta. Recomenda-se não apanhar o fruto atacado, pois os ratos têm como hábito consumir sempre o mesmo fruto até ao fim e, ao eliminá-lo, irá atacar outros frutos, aumentando os prejuízos.

Métodos culturais de combate

- Limpeza dos terrenos;

- Evitar o acesso dos ratos à água e aos alimentos dos animais domésticos da exploração;

- Utilização de ratoeiras na monitorização e controle de ratos;

- Respeitar e promover as aves de rapina.

Métodos de controlo químico

- Utilização de iscos de forma adequada a cada espécie de murino e seu habitat.

De salientar que todas estas formas de controlo deverão ser realizadas antes da época de frutificação.

Doenças

Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) - Esta doença surge desde o início da rebentação, atingindo folhas, flores e frutos a partir do tamanho de uma noz. As condições mais favoráveis surgem com tempo chuvoso e temperaturas baixas a moderadas.

A doença revela-se por pequenas manchas escuras, que vão aumentando com a evolução da mesma, podendo provocar fendilhamentos nos frutos.

Métodos culturais de combate

- A prática da poda diminui a incidência desta doença.

Métodos de controlo químico

- Recorrer à calda bordalesa, um fungicida homologado para o efeito, a partir do vingamento dos frutos. O único inconveniente é que o fruto irá apresentar sinais da sua aplicação.

Armilária - Esta doença do solo ataca o colo e o sistema radicular das anoneiras em qualquer idade, podendo levar em pouco tempo à morte da planta.

As plantas atacadas apresentam coloração amarelada e, por vezes, um aumento anormal de produção, tendo uma morte repentina. No colo, entre a casca e o lenho, a armilária apresenta um micélio de cor branca em forma de leque.

Métodos culturais de combate

Até ao momento, e que seja do conhecimento público, ainda não existe nenhum tratamento eficaz contra a doença. No entanto, importa ter em atenção as seguintes recomendações para reduzir o seu impacto:

- Evitar molhar o tronco; solos mal drenados; fendas nas raízes e colo; e resíduos lenhosos com dimensão superior a 3cm de diâmetro;

- Não transportar material e utensílios potencialmente infetados para zonas não infetadas;

- Utilizar porta-enxertos mais resistentes à sua ação e;

- Isolar através de uma vala e aplicar cal nas zonas afetadas;

- Ter um plano de fertilização adequado e;

- Utilizar a ureia nos terrenos que apresentem materiais lenhosos de grande dimensão, atenuando o efeito da doença (prática não autorizada no modo de produção biológico).

Há trabalhos que indicam que fungos do género Trichoderma têm um efeito positivo no controle da armilária.

Fumagina (Capnodium elaeophilum) - Aparece em resultado do ataque das cochonilhas.

Quando surge, poderá ser eliminada com uma lavagem de água e sabão sob pressão. No entanto, controlando as cochonilhas, esta doença normalmente não aparece.

Direção de Serviços de Desenvolvimento da Agricultura
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural