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prodsidraO método ancestral ou tradicional na produção de sidra ainda tem larga representatividade na Madeira, em que o agricultor, com os recursos que dispõe, produz a sua própria bebida.

Este processo começa muito antes da colheita das maçãs, designadamente no que respeita à preparação dos materiais que lhe vão estar associados.

As barricas, onde a sidra irá permanecer até que seja toda consumida, são desinfetadas com uma mecha de enxofre que, segundo a sabedoria popular, é doseada consoante o tamanho da "vasilha", como vulgarmente é aqui denominado o vasilhame de madeira.

Ao longo do ano, e de tempos a tempos, estas mechas vão sendo queimadas enquanto aqueles recipientes se encontram vazios para evitar o seu "avinagramento". Esta periodicidade varia de acordo com o ensinamento que foi transmitido a cada produtor pelos seus antecessores.

Cerca de uma semana antes da laboração propriamente dita da sidra, os cuidados com as barricas redobram-se, sendo lavadas com água e colocadas a "inchar" durante alguns dias, de acordo com a data da última utilização, para que todas as brechas que existam na madeira se tapem.

Na véspera do dia marcado para a laboração da sidra, a "vasilha" é, então, finalmente colocada a escorrer.

Bem lavados todos os utensílios a utilizar no processo, as maçãs são introduzidas primeiramente num pequeno "lagar" de madeira, onde são trituradas com um "malho", através de um movimento vertical dos braços, de "sobe e desce" (esta técnica pode ser observado nas demonstrações que são realizadas na Festa da Sidra do Santo da Serra, a decorrer já no próximo fim de semana).

prodsidra1À medida que as maçãs são trituradas, o seu sumo vai sendo recolhido para as "vasilhas", as quais foram novamente tratadas com mecha neste dia, e é naquelas que o "mosto" das maçãs vai permanecer e decorrer todo o processo da sua fermentação alcoólica.

Habitualmente, são realizadas algumas trasfegas posteriores, de acordo com a época do ano e/ou a face da lua, No processo de elaboração da sidra com alguma incorporação de tecnologia ou, se preferirmos, um processo mais moderno, é utilizada para o corte das maçãs uma máquina com lâminas muito semelhantes a facas.

Este equipamento é colocado sobre um lagar tradicional madeirense ou em cima de uma prensa hidráulica rudimentar para que, quando termine o corte das maçãs, se processe ao esmagamento das mesmas ou, melhor, à prensagem da polpa já em pedaços para obter a máxima extração do sumo existente. Esta prensa artesanal por vezes tem uma alavanca hidráulica para facilitar o processo de esmagamento.

Ao prensar, o "mosto" sai por uma "bica" e "cai" para um reservatório de capacidade adequada ao volume esperado obter.

O líquido é então transferido depois para barricas de madeira ou pequenas cubas de inox, através de mangueiras ligadas a uma bomba. É nas barricas ou cubas que o "mosto" de maçã fica a fermentar. Terminada a fermentação alcoólica procede-se às trasfegas, de acordo ainda com fatores ligados à tradição com as luas e/ou estações do ano, permanecendo a sidra naquele vasilhame até ser totalmente consumida.

Os produtores consideram que a sidra está pronta para beber e comercializar quando se apresente límpida ou semi-límpida, o que demora mais ou menos tempo, em função de diversos fatores.

Regina Pereira

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