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Diabetes, a família e a dieta

DM da Diabetes 2019 ERPASS 1 O Dia Mundial da Diabetes, a 14 de novembro, foi instituído pela Federação Internacional da Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como resposta à crescente prevalência da diabetes no mundo, e adotado pelas Nações Unidas em 2006, no âmbito de um movimento intitulado «Unidos pela Diabetes». Esta comemoração visa consciencializar as pessoas sobre a doença e divulgar as ferramentas para a sua prevenção.

O tema da campanha para o biénio 2018-2019 é «Diabetes: proteja a sua família», sendo a principal preocupação a informação/formação da família sobre como lidar e viver com a doença, dado que a diabetes afeta não só o doente, mas todo o seu meio familiar. Como doença crónica que é, é uma doença para a vida. Contudo, com o envolvimento da família é possível vivê-la com optimismo e esperança. O apoio da família pode fazer toda a diferença na saúde do familiar diabético. A consciencialização dos sinais, sintomas e fatores de risco para todos os tipos de diabetes é vital na sua deteção precoce.

As atuais abordagens terapêuticas para todos os tipos de diabetes exigem o cuidado efetivo com o envolvimento não somente da pessoa diabética, mas de todo o seu círculo familiar e pessoas com quem interagem no seu quotidiano.

As orientações fornecidas por equipas de saúde interdisciplinares devem valorizar as abordagens aos aspetos biopsicossociais centrados no diabético e na sua família, evitando a abordagem exclusiva na doença.

Uma vez diagnosticada a diabetes, a rotina familiar é bruscamente alterada com a necessidade de adaptação à nova situação. As várias mudanças incluem os cuidados médicos farmacológicos (comprimidos orais, terapias com insulina e monitorização glicémica, entre outros), os não farmacológicos (adequação da alimentação, prática regular de atividade física, estilo de vida mais saudável, etc.), os custos com os tratamentos e as alterações ao nível da inserção social do indivíduo, em particular a nível escolar e/ou laboral. Uma família coesa e bem informada assegura não só o bom controlo da glicémia, como também promove a prevenção de complicações.

Na criança diabética, os pais costumam assumir toda a responsabilidade no tratamento e gestão da doença até a criança adquirir a autonomia, com o desenvolvimento de capacidades para um papel progressivamente mais ativo no seu tratamento.

Em 2015, a diabetes mellitus tipo 1 (DM1) nas crianças e nos jovens em Portugal atingiu 3.327 indivíduos com idades entre os 0 e os 19 anos, o que corresponde a 0,16% da população portuguesa neste escalão etário, número que se tem mantido estável nos últimos anos. A alimentação saudável é também preconizada na DM1 e torna-se mais fácil a criança adotá-la se esta for partilhada pela família.

Temos conhecimento que a diabetes afeta mais de 13% da população portuguesa. No entanto, estima-se que 44% das pessoas com diabetes esteja por diagnosticar.

O diagnóstico e o tratamento precoces da diabetes são fundamentais para prevenir complicações e obter bons resultados. Uma atividade física regular, uma alimentação saudável e equilibrada e a promoção de hábitos saudáveis evitam o surgimento da doença.

Ligada aos maus hábitos alimentares, a diabetes surge de forma evidente em pessoas com excesso de peso, sendo que 55 % das pessoas com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) apresenta obesidade.

 

DM Diabetes 2019 ERPASS 3 

DM da Diabetes 2019 ERPASS 2  

A investigação clínica evidencia que bastam pequenas mudanças nos estilos de vida para haver uma redução de mais de 50% no risco de desenvolver diabetes. Estas mudanças, se forem mantidas, podem ter efeitos positivos e significativos a longo prazo na saúde em geral. Embora não se possa alterar o fator idade ou a predisposição genética, depende de cada indivíduo os fatores que predeterminam a DM2: o peso a mais, obesidade abdominal, sedentarismo, maus hábitos alimentares e o tabagismo.

Como fazer uma alimentação saudável?

Sugere-se a “dieta mediterrânea”, considerada Património Imaterial da Humanidade, lembrando os pilares deste regime alimentar como um dos mais saudáveis do mundo:

1 - Prioridade aos produtos sazonais e frescos - fruta e legumes da época ou o tipo de peixe, em cada altura do ano;

2 – Hidratação - o aporte diário de líquido deve ser 1,5 a 2 litros, obtidos através da água, infusões de ervas sem adição de açúcar, sopas, caldos e ensopados, nos quais a nossa gastronomia é rica.

3 - Os cereais certos - uma a duas porções, de preferência integrais ou mistura, são a quantidade recomendada a cada refeição principal. São as principais fontes de energia, na forma de hidratos de carbono complexos, fornecendo ainda vitaminas, minerais e fibras, importantes para o trânsito intestinal e sensação de saciedade. O pão (de trigo, mistura, integral, broa de milho, de centeio, …); massas; arroz (selvagem, basmati, agulha, carolino, integral, ...) e cereais (trigo, milho, centeio, cevada, aveia, ...) são exemplos;

4- Da horta e do pomar - a variedade e quantidade de produtos hortícolas são uma mais-valia desta dieta. Os vários tipos de couve, brócolos, espinafres e outros vegetais de folha verde, cenouras, abóbora, alface, alho francês, feijão-verde, pimentos, tomate ou nabo, etc. devem estar sempre presentes nas refeições;

5 - O azeite - é a principal fonte de gordura recomendada deste regime, na confecção e tempero de alimentos;

6 - Frutos secos (oleaginosas), sementes, azeitonas - as sementes de sésamo e de linhaça, nozes, amêndoas, avelãs usadas como snacks saudáveis e presentes na doçaria;

7 - Temperos saudáveis - ervas aromáticas, especiarias, alho e cebola são temperos que permite pouparmos no sal;

8 - Proteínas na conta certa - com ácidos gordos essenciais como os Omega 3, protetores da saúde cardiovascular, sendo o peixe das maiores fontes de proteína. As leguminosas como o grão, a ervilha, os diversos tipos de feijão ou de lentilhas são também fontes saudáveis de proteínas vegetais, além de hidratos de carbono e vitaminas;

9 - Um copo de vinho - pode sempre ser adicionado ao menu diário;

10 - Moderação - “moderação” é a palavra de ordem, em particular para os doces, que tradicionalmente consumia-se em momentos festivos.

O convívio às refeições é também saudável, havendo espaço para a conversa entre garfadas e tempo para saborear devagar.

Maria Amélia Teixeira (0193N)
Nutricionista do SESARAM, E.P.E.
Hospital dos Marmeleiros, Serviço de Endocrinologia

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