No âmbito do projeto PERVEMAC II decorreu de 20 a 22 de março, no auditório da Secretaria Regional de Agricultura e Pescas, as Jornadas Técnicas de Produção Integrada, onde se abordaram os problemas fitossanitários das culturas da bananeira, abacateiro e mangueiro, com vista exatamente à redução de riscos e efeitos para a saúde humana e o meio ambiente.
O encontro, que foi dirigido a Técnicos da Direção Regional de Agricultura e da Gesba, contou com intervenções de Investigadores e Técnicos da Universidade dos Açores, da Direção Geral de Agricultura do Governo de Canárias e da Direção Regional de Agricultura da Região Autónoma da Madeira.
Neste artigo, publica-se parte do resumo da apresentação relativa à cultura do abacateiro na Madeira.
Em 1984/1985 é instalada uma coleção de aproximadamente 23 variedades de abacateiro procedentes dos Estados Unidos, Israel e América Latina, no Centro de Desenvolvimento de Fruticultura Subtropical em São Martinho, Quebradas.
Dentro destas variedades existem algumas que pertencem ao grupo mexicano, outras ao guatemalteco e outras ao antilhano, e híbridos dentro destes grupos. Foram escolhidas por terem interesse nos diferentes países produtores e a nós interessava saber a sua adaptação às nossas condições edafo-climáticas.
As cultivares de origem Mexicana adaptam-se a condições mais frescas, as Guatemaltecas a condições intermédias e as Antilhanas a clima mais quente. Destas, as cultivares que revelaram uma melhor adaptação às nossas condições foram a "Pinkerton", a "Reed", a "Hass" e a "Helen".
As duas variedades com maior valor agronómico-comercial são a "Hass" e a "Pinkerton". Uma característica importante é que a casca se retira bem, a polpa não se prende à casca.
“Hass”
- Casca grossa;
- Caroço pequeno;
- Polpa com teor de “azeite” de cerca de 15% com sabor a noz;
- Conserva-se muito tempo na árvore (só “cai” quando o fruto já mudou de cor);
- Fruto de peso médio (300 a 350 g);
- Autopoliniza-se bem.
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“Pinkerton”
- Tem forma de pera;
- Também se conserva na árvore durante algum tempo (mas menor que a "Hass");
- Tem uma desvantagem, não muda de cor.
Esta cultura sempre teve importância económica na Madeira, pelo seu valor nutritivo e medicinal.
Na costa Sul vai até 350 m de altitude e na Costa Norte até 150-200 m de altitude.
Pode ir um pouco mais acima em altitude em locais mais quentes e abrigados.
Nas cotas mais baixas, mais quentes a produção é contínua, ocorre todos os anos. Nas cotas mais altas, devido à maior instabilidade climática (ventos, nuvens) esta produção não é contínua (por vezes produz só de 4 em 4 anos).
A floração ocorre numa época invernal, início da Primavera. Temperatura mínima de 17 graus é a melhor para um bom vingamento.
Num ano muito produtivo não existe por parte dos produtores um comportamento de monda de frutos. As árvores ficam esgotadas e isso se ressente na produção do ano seguinte.
Compassos de plantação: 5 x 4 m a 5 X 5 m (depende da cultivar, do seu hábito de crescimento, se for lateral ocupa mais espaço), são compassos que exigem poda. Esta é feita cerca de um mês depois da frutificação.
Enxertia: lateral (de topo também se usa)
Agentes polinizadores: abelhas, dípteros, zangão (a flor é pequena, tem menos néctar que flores maiores)
Rendimento: depende da cultivar, mas anda à volta de 15 a 17 toneladas/ hectare.
Numa próxima edição do DICA apresentaremos o texto sobre a cultura do mangueiro na Madeira.
Graça Freitas Direção Regional de Agricultura
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