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“Tempos de Hortofruticultura 2019”

tempos hortofruticultura 1 A Junta de Freguesia do Jardim da Serra, através do CDISA Quinta Leonor, organizou mais uma edição do evento denominado “Tempos de Hortofruticultura 2019”.

Esta edição teve a novidade de se enquadrar na submedida 10.2 do PRODERAM (Apoio à Conservação e à Utilização e Desenvolvimento Sustentável de Recursos Genéticos da RAM). O projeto constituído no âmbito desta medida tem como parceiros a Universidade da Madeira/GEMOBANCO/ISOPLexis-CDISA Quinta Leonor, a Direção Regional de Agricultura e a Associação de Produtores de Sidra da Região Autónoma da Madeira.

Este evento teve como objetivos principais, a defesa da paisagem rural, a preservação e a propagação das variedades regionais de árvores de fruto, com especial destaque para a cerejeira.

Esta atividade iniciou-se no dia 14 de janeiro com a enxertia de árvores de frutos nos pomares dos agricultores do Jardim da Serra, por técnicos da Direção Regional de Agricultura (DRA), a qual irá decorrer até ao final do corrente mês.

A 25 de janeiro decorreu no jardim do Centro Cívico, uma demonstração de enxertia de cerejeiras, pelos técnicos da DRA que se destinou aos alunos da EB1/PE do Jardim da Serra.

No dia seguinte, na Quinta Leonor, decorreu uma ação de demonstração de enxertias de árvores de fruto a todos os agricultores interessados nas diferentes técnicas de enxertia, tendo a mesma sido efetuada pelo Técnico Agrícola, Joel Sousa.

Seguiu-se dar a conhecer aos produtores de cereja a problemática do fungo Armillaria sp. o qual provoca elevada mortandade nas cerejeiras do Jardim da Serra e mostrar in loco o ensaio que a DRA está a desenvolver, de modo a minimizar ou controlar o referido fungo.

A sessão começou com a apresentação e o agradecimento aos parceiros envolvidos no ensaio, nomeadamente, o CDISA Quinta Leonor, Junta de Freguesia do Jardim da Serra, Divisão de Experimentação e Melhoria Agrícola (DEMA), Divisão de Qualidade Agrícola (DQA), Universidade da Madeira, Junta de Freguesia do Curral das Freiras, Delegação de Associação de Agricultores do Curral das Freiras, Viveiros Sousa e alguns produtores de cereja.

A Armillaria sp., trata-se de um género de fungo parasita, responsável pelo aparecimento de podridão radicular predominantemente em plantas lenhosas (árvores) ou semilenhosas (arbustos). A sua grande destrutividade advém do facto de, ao contrário da maioria dos parasitas, não necessitar de moderar o seu crescimento de forma a evitar matar o seu hospedeiro, uma vez que continuará a desenvolver-se sobre a matéria morta.

Este fungo dispersa-se por meio de rizomorfos semelhantes a raízes, à velocidade de aproximadamente 1 metro por ano. Os rizomorfos desenvolvem-se relativamente próximo da superfície do solo (nos 20 cm superiores) e invadem novas raízes de plantas lenhosas, ocorrendo a infeção por contacto radicular.

Uma árvore infetada morrerá assim que o fungo a rodear, ou quando tiver ocorrido morte radicular significativa, tal podendo suceder rapidamente, ou levar vários anos a acontecer. O aparecimento de sintomas nas folhas depende do grau de infeção do sistema radicular. As plantas poderão enfraquecer gradualmente, tornando-se as folhas amareladas e murchas e, após alguns meses culmina com a sua morre. No outro tipo de evolução da doença, de progressão mais rápida, a planta morre subitamente.

 

tempos hortofruticultura 2 No entanto, foi mencionado o facto de ser indispensável a observação das raízes e a zona do colo da planta, onde é visível o micélio do fungo (massa branca), entre a casca e o lenho, ou mesmo, se necessário, enviar para análise laboratorial, uma vez que existem outras doenças que apresentam sintomatologia muito semelhante.

Relativamente às medidas de controlo do fungo, de modo a minimizar os seus efeitos, uma vez que até ao momento não há tratamento eficaz, foram apresentadas quais as boas práticas agronómicas, nomeadamente:

Efetuar análises de solo, de modo a realizar as correções, orgânicas, minerais e do pH, e promover a boa drenagem do solo.

As árvores que morrem deverão ser erradicadas do terreno (arrancadas e queimadas), retirando o máximo de raízes do solo. O local onde estava a planta deve ser limitado fisicamente, fazendo uma caldeira e valas de isolamento aplicando cal viva, deixando-a aberta e exposta aos raios solares. Não se deve replantar no mesmo local, como também não incorporar estrumes mal curtidos nas covas de plantação, uma vez que estes podem veicular o fungo.

Uma vez conhecido o comportamento do fungo e as suas medidas de controlo, foi apresentado o ensaio “Avaliação de porta-enxertos e possíveis soluções de controlo do fungo Armillaria sp. na cultura da cerejeira“, designadamente quanto aos seguintes aspetos:

- Os vários substratos utilizados: terra, terra com cal viva, terra com composto e lithothamne, com vista a avaliar o comportamento do fungo com correção de pH, com correção de pH e com matéria orgânica, solo sem qualquer tipo de correção, com tratamentos biológicos e solo sem qualquer tipo correção com tratamentos químicos;

- Os quatro porta-enxertos testados: ginjeira, cerejeira brava regional, cerejeira brava importada e Mariland base Marianna, com filtro Adara, de modo a verificar a resistência de cada um dos porta-enxertos ao fungo e confirmar o que se suspeita, ou seja, que o mais sensível será a ginjeira e o mais resistente o Mariland base Marianna com filtro Adara;

- Os tratamentos aplicados: os biológicos, com Trikoder (solução de Trichoderma herzianum), Serenade Max (solução de Bacillus subtilis), Calda Bordalesa (fungicida á base de cobre) e uma mistura caseira (acido bórico + hidróxido de potássio + bicarbonato sódio), e os químicos com Ridomil MZ (mancozebe mais metalaxil-M), Ridomil MZ + Aliette Flash (mancozebe mais metalaxil-M mais fosetil (na forma de sal de alumínio), Conrad (fungicida á base de cobre mais ciproconazol) e Soluteck (sulfato de manganês).

No final ocorreu um período para debate, no qual os agricultores colocaram algumas dúvidas sobre os porta-enxertos, os tratamentos e operações culturais nas cerejeiras, tendo, neste contexto, sido mencionado o facto da DRA, através da Divisão de Experimentação e Melhoria Agrícola (DEMA), ter adquirido cerca de 50 porta-enxertos para fornecer gratuitamente aos agricultores, porque é de todo o interesse saber o comportamento deste novo porta-enxerto nas nossas condições edafoclimáticas.

 

Aurélia Sena
Direção Regional de Agricultura

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