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O parasitismo na produção pecuária - Helmintoses

parasitismo na producao pecuaria 1 O parasitismo constitui um importante fator de perdas económicas em explorações de animais de produção, devido a consequências diretas (mortalidade, perdas de produção e rejeições em matadouro) ou indiretas (custos de tratamento, controlo e maneio). Constitui um dos maiores problemas clínicos em explorações pecuárias e o seu controlo é, por vezes, muito difícil.

Os parasitas são seres vivos que retiram de outros organismos os recursos necessários para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro. Os parasitas podem classificar-se segundo o local do organismo em que se situam: ectoparasitas (pele e aberturas naturais – pulgas, piolhos, carraças, sarnas, etc.) e endoparasitas (interior do organismo – lombrigas, trematodes, cestodes, protozoários, etc.).O sucesso no controle deste problema reside na aplicação de uma combinação de medidas terapêuticas e profiláticas.

No caso das helmintoses (lombrigas, trematodes, cestodes), tradicionalmente o seu controlo baseia-se no uso de produtos quimioterapêuticos (antiparasitários), mas são cada vez mais as referências de populações de parasitas que apresentam resistência aos tratamentos antiparasitários. Na maioria das situações, o controlo de parasitas faz-se por rotinas anuais, sem relação com a necessidade de controlo de parasitas. O uso de antiparasitários deverá ser baseado no conhecimento da biologia dos parasitas e das condições climáticas da zona. O animal ou efetivo inteiro pode ser tratado em intervalos estratégicos regulares, para prevenir o desenvolvimento de larvas infestantes nos pastos (ou pavilhões, zonas de estabulação, conforme espécie e tipo de produção) e para impedir surtos clínicos de parasitoses. O objetivo é sempre reduzir o número de parasitas a um nível incapaz de causar doença ou perdas produtivas. O uso frequente do mesmo grupo de antiparasitários pode resultar no desenvolvimento de resistência. Existem evidências que a resistência se desenvolve mais rapidamente em regiões nas quais os animais são desparasitados regularmente.

Por estas razões, as alternativas ou complementos ao controlo quimioterapêutico do parasitismo, têm aumentado de importância. Várias estratégias podem ser empregues em associação ou alternativa, como o uso de suplementos nutricionais para aumentar a resiliência e manter a produtividade, que normalmente decresce durante infeções subclínicas. Animais adultos, bem-nutridos, possuem uma resistência e resiliência consideráveis mesmo com elevadas cargas parasitárias (suplementação proteica é importante, uma vez que, é essencial para a função imunitária e porque os parasitas extraem proteína do seu hospedeiro).

 

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Práticas de quarentena - os animais recém-chegados à exploração são isolados, fazem-se análises coprológicas, e trata-se agressivamente os animais contra os parasitas. Nesta situação o objetivo é a eliminação completa dos parasitas. O “follow-up” através de exames é importante, de modo a certificar que o tratamento foi eficaz.

Maneio do pastoreio - uma rotação das pastagens disponíveis, é importante que os animais não retornem à pastagem inicial em menos de três a quatro semanas, dependendo também do clima e da estação do ano. Um pasto seguro é um pasto livre ou com um número diminuto de larvas de parasitas e é muito importante para quebrar o ciclo de vida dos parasitas.

Pastoreio de espécies alternadas - a melhor técnica que existe atualmente no controlo de formas larvares consiste na utilização das pastagens por espécies alternadas. Utilizar espécies em programas de pastoreio cruzado irá reduzir drasticamente a carga parasitária, bem como aumentar a qualidade da pastagem, uma vez que espécies diferentes têm preferências diferentes, levando a um melhor aproveitamento.

parasitismo na producao pecuaria 3 Outras técnicas com interesse serão o uso de fungos nematófagos (predadores naturais de nematodes, são no entanto facilmente destruídos por fertilizantes químicos ou outros químicos agrícolas), e plantas inibidoras de parasitas (existe um certo número de plantas que demonstraram ter algum efeito na supressão do parasitismo – alho, cebola, menta, noz, funcho, salsa, etc.; plantas contendo níveis significativos de taninos condensados demonstraram diminuir a excreção de ovos por parte dos parasitas).

A tendência para adotar métodos de maneio cada vez mais eficazes como métodos alternativos/complementares ao uso de anti-helmínticos, devem ser cada vez mais uma realidade, e é papel do Médico Veterinário educar, aconselhar e apoiar os produtores. Ações como a remoção frequente das camas, a desinfeção dos alojamentos e a rotação das pastagens, são de extrema importância na redução da carga parasitária, a par de uma nutrição adequada e de ausência de fatores de stress.

 

Nuno Timóteo
Médico Veterinário
Direção Regional de Agricultura
Direção de Serviços de Alimentação e Veterinária

 

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