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Dia Mundial da Diabetes – 14 de novembro

dm diabetes foto1 Comemora-se hoje, dia 14 de novembro, o Dia Mundial da Diabetes com ações desenvolvidas por todo o mundo, cujo objetivo é chamar a atenção da população para a diabetes.

Esta campanha, liderada pela International Diabetes Federation (IDF), tem como tema para os anos 2018 e 2019 “A Família e Diabetes”, dado que as famílias têm um papel fundamental a desempenhar na abordagem dos fatores de risco modificáveis para a diabetes tipo 2 e devem receber educação, recursos e ambientes para viver um estilo de vida saudável.

A diabetes é uma doença crónica, do foro metabólico, caracterizada pela subida dos níveis de glicose no sangue, com repercussões em todos os sistemas do corpo.

A diabetes tipo 1 (DM1) é uma doença do sistema imunitário — conhecida por Diabetes tipo 1 autoimune — que afeta as células produtoras de insulina (células beta), provocando uma alteração dos níveis de açúcar no sangue. É diagnosticada por norma na infância e na adolescência, levando à dependência de insulinoterapia.

A diabetes tipo 2 (DM2) — a mais frequente — está mais associada a um estilo de vida pouco saudável, sendo a gordura que afeta o funcionamento das células produtoras de insulina. Pode haver uma maior ou menor dependência de insulina, consoante os casos.

Ao contrário da DM1, que não pode ser prevenida, a DM2 é, em larga medida, evitável, podendo-se prevenir cerca de 70% dos seus casos, com a adoção de estilos de vida saudável, quer na alimentação, baseada numa “Dieta Mediterrânica”, quer na prática de atividade física.

O tipo e a quantidade de consumo de hidratos de carbono (HC) têm grande importância no controle dos valores da glicémia (açúcar no sangue). As pessoas com diabetes devem seguir uma dieta tendo em atenção a quantidade e qualidade dos HC ingeridos, bem como o seu índice glicémico (IG) (velocidade da disponibilidade de HC).

A diabetes obriga a alterar hábitos alimentares antigos pouco saudáveis, por escolhas mais saudáveis que têm efeitos imediatos e de longo prazo. Comer bem e controlar a diabetes implica a educação e a prática alimentar com a supervisão de um nutricionista, bem como o envolvimento familiar. Para cada tipo de diabetes, há um tratamento farmacológico específico, mas a dieta saudável é comum aos dois tipos de diabetes.

dm diabetes foto4 A Direção Geral de Saúde (DGS) publicou uma ferramenta, o descodificador de rótulos (ver foto), que ajuda nas opções mais saudáveis dos alimentos processados. Esta ferramenta orienta nas escolhas de alimentos transformados com teores de açúcar adicionado, inferiores a 5g de açúcar por 100g de produto.
Uma variedade de padrões alimentares (baixo teor de gordura, baixo teor de HC e dieta mediterrânica ou vegetariana), de acordo com o rigor técnico e orientações das comunidades científicas, baseadas na evidência científica, são também aceitáveis e recomendáveis.

 

dm diabetes foto2 Na preocupação da perda de peso e controle da glicémia, verifica-se a adoção de dietas populares com quantidades muito baixas, ou total ausência, de HC, por serem a única fonte direta de “glicose” da dieta. Sem dúvida que a restrição alimentar de açúcar e amido baixa os picos de glicose no sangue, bem como reduz as concentrações de triglicéridos no soro, uma vez que qualquer excesso de glicose é prontamente convertido em gordura (saturada) e subsequentemente secretada como triglicéridos de VLDL. Contudo, verifica-se também que a adoção é de curto prazo.

Segundo estudos, as dietas com baixo índice glicémico (IG) obtêm melhor controlo metabólico. O IG de um alimento depende da rapidez da digestão e absorção dos HC, que é amplamente determinado pelas propriedades físicas e químicas do alimento. Normalmente, os alimentos com baixo grau de gelatinização de amido (ex.: a massa) e aqueles com um alto nível de fibra solúvel viscosa, como a cevada integral, aveia e centeio, têm taxas de digestão mais lentas e valores IG mais baixos.adoção é de curto prazo.

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As diretrizes da American Diabetes Association (ADA) no planeamento/organização das refeições recomendam o preenchimento de metade do prato com vegetais sem amido, que são alimentos livres de HC, e a outra metade do prato dividida entre alimentos ricos em amido e uma fonte de proteína magra. Acompanhando com um copo de água e uma peça de fruta, obtém-se uma refeição completa.

A escolha de alimentos ricos em amido, assim como frutas e leite, deve ter por base a quantidade de HC que contêm e que é recomendada. O mesmo se aplica quando nas refeições se fazem trocas de alimentos ricos em amido e frutas. No entanto, os HC não são os únicos nutrientes a ter em atenção. A diminuição dos riscos de complicações de saúde também passa pelo limite no consumo de quantidade de calorias, gordura (saturada e “trans”), açúcar, álcool, colesterol e sal. Aplicar estes princípios ajuda no controle da quantidade de HC.

Embora a contagem de HC seja uma das melhores maneiras de manter consistentes os níveis de açúcar no sangue, também pode-se usar o IG na ajuda ao controle da glicémia.

Está demonstrado que pessoas saudáveis e que comem refeições idênticas apresentam respostas altamente variáveis de glicose pós-prandial. Isso provavelmente também se verifica em pessoas com DM2. Alguns estudos sugerem que o sítio primário de resistência à insulina (fígado, músculo, tecido adiposo ou suas combinações) dita a composição ideal da dieta para os indivíduos com DM2.

A diabetes é, como vimos, afetada por muitos fatores. Contudo, a pessoa diabética tem a possibilidade de controlar alguns desses fatores, sobretudo no que respeita à quantidade do que come, o quê, a frequência da monitorização das glicémias (nível de açúcar no sangue), os níveis de atividade física e o cumprimento da medicação.

O principal desafio nas intervenções dietéticas é assegurar a adesão a longo prazo. Para tal, o ensino feito pelo nutricionista deve implicar uma abordagem sistémica, onde é privilegiado as preferências pessoais, os traços de personalidade, o estado socioeconómico e as circunstâncias familiares, além dos aspetos pessoais da fisiologia do doente.

 

Maria Amélia Teixeira (0193N)
Nutricionista no SESARAM, E.P.E.
(Hospital dos Marmeleiros - Serviço de Endocrinologia)

 

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