O Pleurotus ostreatus é um fungo saprófita. Os substratos são fundamentais para o fungo saprófita se alimentar e dar origem a cogumelos de boa qualidade.
Preparação do substrato
A preparação do substrato começa pela seleção das matérias-primas apropriadas ao cogumelo que se pretende cultivar, tais como palhas de cereais, resíduos de cana-de-açúcar e palha de bananeira, entre outros (figura 1).
|
|
|
Fig. 1 - Tipos de substrato: palha de trigo, bagaço de cana e palha de bananeira (da esquerda para a direita) |
A preparação do substrato requer alguns procedimentos, nomeadamente o corte e trituração das matérias primas, a humidificação, o enchimento dos sacos e o tratamento do substrato pelo calor.
As matérias-primas, depois de devidamente secas, devem ser cortadas e trituradas, de modo a obter partículas, com 2 a 5cm e nunca superiores a 15cm (figura 2).
|
|
|
|
Fig. 2- Trituração das matérias primas: palha de bananeira (em cima) e bagaço de cana-de-açúcar (em baixo) |
Deve ser feita a imersão total dos materiais em água, durante 24 a 48 horas, num recipiente adequado à quantidade de material, deixando escorrer o material para retirar o excesso de água (figura 3).
|
|
Fig. 3 - Humidificação (à esquerda) e escorrimento de água do substrato (à direita) |
Antes de efetuar o tratamento pelo calor, o substrato é acondicionado em sacos (figura 4).
|
Fig.4 - Sacos com substrato |
|
Fig.5 - Esterilização do substrato |
|
Fig. 6 - Pasteurização do substrato |
|
Fig. 7 - Arrefecimento do substrato |
O tratamento pelo calor pode ser feito por esterilização (figura 5) do substrato em autoclave ou pasteurização por imersão em água quente ou vapor.
A pasteurização é o método mais utilizado, por ser simples e de fácil utilização, e a maioria dos contaminantes é eliminada. Após a pasteurização do substrato, este deve repousar até ficar à temperatura ambiente, para então se proceder à inoculação (figuras 6 e 7).
Inoculação do substrato
Durante o processo de inoculação, devem ser tomados os seguintes cuidados:
• Utilizar roupa limpa e luvas descartáveis;
• Limpar a área de trabalho com álcool a 70% ou lixívia a 10%;
• Utilizar uma chama durante o processo.
A quantidade de spawn (“semente”) a utilizar corresponde a 10% do peso do substrato.
Pode ser misturada com substrato ao encher os sacos ou pode-se alternar uma camada de substrato com o spawn (figura 8).
Deve ser adicionado suplementos para aumento do pH como o carbonato de cálcio.
A quantidade de carbonato de cálcio deve rondar os 2% do peso do substrato molhado, cujo objetivo é evitar o aparecimento de contaminações.
Os sacos são fechados após retirar o ar com um nó bem apertado e com a ajuda de fita-cola.
|
|
|
|
Fig. 8 – Inoculação do substrato |
Incubação
Os sacos inoculados seguem para a sala de incubação com as seguintes condições ambientais: sem luz (total escuridão), temperatura entre 15 e 28ºC, rega por nebulização, humidade relativa do ar a 80% a 90% e sem renovação de ar.
Os furos devem ser realizados após dois a três dias de incubação, com uma faca gráfica desinfetada em álcool a 70%. A quantidade de furos e o tamanho dos furos dependem do tamanho do saco (figura 9). Este processo demora entre 20 a 30 dias.
|
|
Fig. 9 – Sala de incubação (à esquerda) e realização de furos nos sacos (à direita) |
De salientar que é necessário evitar a entrada de pessoas estranhas para não haver contaminação.
Frutificação
|
|
Fig. 10 - Aparecimento de primórdios (em cima) e frutificação (em baixo) |
A frutificação tem início na sala de incubação, com o aparecimento dos primórdios. Aquando do aparecimento de um primórdio bem formado, o saco deve ser conduzido à sala de frutificação (figura 10).
A sala de frutificação deverá apresentar temperaturas entre 15 e 24ºC, humidade relativa de 85%, mas com renovação de ar. O período de frutificação tem a duração de 4 a 6 dias.
Neste período de frutificação, a rega é essencial para evitar a desidratação do cogumelo e para manter a humidade necessária à formação de novos primórdios. Também é importante um fotoperíodo de 12 horas de escuro e 12 horas de luz (luz difusa do dia é suficiente ou lâmpadas fluorescentes).
O Pleurotus ostreatus possui três frutificações. O período de repouso/incubação entre cada uma delas é à volta de 20 dias.
Colheita e conservação
A colheita realiza-se quando o chapéu começa a virar para cima (figura 11) e deve ser feita com uma faca limpa ou retirando o cacho por completo, assegurando sempre que a abertura fica livre de resíduos do cacho (parte branca dura).
|
Fig. 11 - Pleurotus ostreatus pronto a ser colhido |
Após a colheita, os cogumelos devem ser colocados à temperatura de 2 a 4 °C e humidade relativa entre 85 e 95%.
Este procedimento é fundamental para o sucesso do armazenamento e comercialização do produto fresco.
Qual é o rendimento?
18 kg de saco molhado produz aproximadamente 5 kg de cogumelos, nas três frutificações, portanto, cerca de 1/3 do peso do saco reflete-se em peso de cogumelo!
Após as frutificações, no fim do ciclo, o que fazer com o substrato?
O substrato pode ser utilizado para composto na agricultura e jardinagem ou enterrado diretamente no solo a uma profundidade de 30cm.
Em futuras edições do DICA, irão ser abordados os procedimentos utilizados na produção de cogumelos em troncos, nomeadamente: escolha, preparação e inoculação de substratos, incubação, frutificação e colheita.
Projeto INOVAGRO - Despacho 362/2016, de 28 de setembro de 2016
Ana Ghira Natália Silva Direção Regional de Agricultura
|