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DRA participou no 1.º Congresso Luso-Brasileiro de Horticultura

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Comunicação oral "Fruticultura Tropical e Subtropical na Região Autónoma da Madeira - Situação atual e perspetivas futuras”

No passado mês de novembro decorreu no Instituto Superior de Ciências e Tecnologias (ISCTE), em Lisboa, o 1.º Congresso Luso-Brasileiro de Horticultura, organizado pela Associação Portuguesa de Horticultura (APH), em parceria com a Associação Brasileira de Horticultura, o Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo.

A Secretaria Regional de Agricultura e Pescas, através da Direção Regional de Agricultura (DRA), marcou presença no referido congresso com quatro técnicos, os quais apresentaram dois cartazes, “Melhoramento Genético da Pitangueira na Madeira (RAM)", de Rui Nunes e Manuel Pereira, e "Melhoramento Genético da Anoneira na Região Autónoma da Madeira", de Rui Nunes, e uma comunicação oral, "Fruticultura Tropical e Subtropical na Região Autónoma da Madeira - Situação atual e perspetivas futuras", de Miguel Rodrigues, Rui Nunes, Aurélia Sena, Luís Dantas e Teresa Luz.

Na referida comunicação, foi feita uma caracterização da Região, nomeadamente das respetivas características edafoclimáticas, da generalidade das explorações agrícolas e das culturas da banana (Musa acuminata Colla), da anona (Anonna cherimola Mill.) e do abacate (Persea amaricana Mill.).

Algumas das perspetivas comuns mencionadas foram a redução do tempo de espera entre a plantação e a produção, o aumento da produtividade, com a garantia de qualidade dos frutos produzidos, a multiplicação por enxertia ou por micropropagação de plantas mãe isentas de doenças, a continuação de prospeção de variedades regionais resistentes e de interesse comercial, a formação contínua aos agricultores e a melhoria da cadeia de comercialização.

Este congresso internacional reuniu os mais reputados especialistas técnico-científicos e empresariais portugueses e brasileiros, partilhando um vasto e variado conjunto de matérias importantes nas fileiras da hortofruticultura. Entre os assuntos abordados, destacamos os seguintes:

- “Horticultura de precisão – aplicações de deteção remota, robótica e a inteligência artificial na horticultura”. Nesta sessão plenária, foi apresentada a implementação de robôs que atualmente já substituem a mão-de-obra e a inteligência humana, principalmente em sistemas de culturas em regime intensivo (viveiros e estufas). Os robôs são capazes de realizar tarefas, entre as quais a aplicação de tratamentos fitofarmacêuticos (pulverização) e a realização de colheitas. Alguns exemplos apresentados foram a solução “AgroBot”, a qual é capaz de realizar, com apenas a presença de uma pessoa, a colheita e o pré-embalamento de morango numa estufa, reduzindo assim o tempo de colheita e de embalamento. Outro exemplo foi o das empresas Tekever e SpinWorks que, em Portugal, têm desenvolvido drones que conseguem efetuar mapas digitais, os quais permitem posteriormente a aplicação de tratamentos e adubações no local exato e na quantidade adequada, diminuindo custos e impactos ambientais e aumentando a uniformidade de produção.

- “Panorama da fruticultura brasileira – atualidade e perspetivas”, o orador desta sessão plenária foi o Prof. Doutor Abel Rebouças, o qual referiu que o Brasil é o terceiro maior produtor agrícola a nível mundial, sendo que o consumo interno é de 97,5% e as exportações são de 2,5%. Os principais desafios que se colocam têm a ver com a produtividade, a qualidade dos produtos hortofrutícolas e a automatização das produções.

 

Na opinião do orador, para ultrapassá-los terá de ser implementado o melhoramento genético das espécies hortofrutícolas e planos de produção diferentes, com densidades de plantação superiores e com um adequado controlo fitossanitário, formar os agricultores dos benefícios da polinização e das podas, de produções fora de época, aumentar o registo de substâncias ativas químicas e biológicas no controlo de pragas e doenças na pré e pós colheita, fomentar o intercâmbio de informações entre a comunidade cientifica e tecnológica e os produtores agrícolas, efetuar um plano de marketing, principalmente para as frutas tropicais e aumentar as exportações para países do Médio Oriente e para a Rússia.

- “Fileira das frutas e dos legumes” – foi uma mesa redonda com algumas Associações de Produtores, portuguesas e brasileiras, tais como a Hortomelão, Vale da Rosa, Campotec e Abrafrutas, as quais fizeram uma apresentação das suas atividades, mas todas têm objetivos comuns, nomeadamente satisfazer um consumidor cada vez mais exigente, que quer produtos com qualidade, seguros (isto é, sem resíduos de pesticidas) e com disponibilidade permanente. Portugal e Brasil, por não terem produções de frutas coincidentes, pois Portugal possui um clima temperado e o Brasil um clima tropical, têm um potencial comercial importante.

- “Material propagativo de espécies hortícolas, avanços e desafios futuros” – o debate centrou-se aqui nas técnicas de propagação in vitro, sendo uma técnica de grande importância para o sector agrícola, pois permite a propagação de espécies de interesse regional ou nacional com características agronómicas de interesse, como sejam a produtividade e a resistência a pragas e doenças, que se refletem diretamente na melhoria económica das explorações agrícolas, não esquecendo que a agricultura tem de acompanhar a evolução da ciência, para que seja um sector de sucesso.

- ”O Futuro do Mercado de Frutas e Hortaliças” – no caso, os intervenientes foram os representantes das empresas InovCluster, Mercado Agrícola da Região de Lisboa (MARL) e a BIOFRADE, os quais abordaram várias perspetivas de mercado, de acordo com a sua área de intervenção.

A InovCluster, após estudo realizado junto dos consumidores, concluiu que estes têm preferência por um produto de valor acrescentado, processado, com rótulos simples e poucos ingredientes e que demonstram preocupação com a origem dos produtos, preferindo produtos nacionais/locais, pois acham que estes têm mais qualidade em termos organoléticos e são mais saudáveis, o que traduz a preocupação do consumidor com a saúde e o “culto do corpo”.

O Mercado Agrícola da Região de Lisboa (MARL), através da Eng.ª Maria José Tropa, afirmou que o consumidor já possui uma clara definição do que é a qualidade e que questões como a segurança alimentar já nem se colocam. Na sua opinião, o consumidor pretende uma boa apresentação, que, no caso das hortofrutícolas, está condicionada pela boa cadeia de frio, disponibilidade de produtos permanente e entregas imediatas. Ainda segundo a perspetiva do MARL, as atividades junto às escolas, a título de exemplo foi referido o projeto denominado “Cinco ao Dia”, que consiste em incentivar o consumo de cinco peças de frutas ou de legumes todos os dias, fazem com que os hábitos alimentares saudáveis cheguem até às famílias, através das crianças, refletindo-se num aumento do consumo de produtos hortofrutícolas e numa alimentação mais saudável.

A exploração/empresa agrícola BIOFRADE, produtora de produtos biológicos, reafirmou que, de facto, a intervenção/sensibilização junto das escolas é uma boa opção para a formação de consumidores com hábitos e estilos de vida saudáveis e que, pela experiência que possui, estes querem produtos “seguros”, produzidos de uma forma sustentável e querem estar cada vez mais próximos à produção, sabendo a origem dos produtos e inclusive quem os produziu.

Em jeito de conclusão, este Congresso foi uma oportunidade única para a partilha de experiências e conhecimentos, para um desenvolvimento pessoal e profissional em várias áreas e permitiu ainda o estabelecimento de contactos para uma cooperação técnico-científica entre os dois países, tudo isto com o objetivo de enfrentar um mercado globalizado.

Aurélia Sena
Direção Regional de Agricultura

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