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A obesidade em animais de companhia

obesidade animais de companhia1 Longínquo vai o tempo em que o ditado "gordura é formosura" aplicado aos humanos e animais de companhia era considerado verdadeiro. A obesidade nos nossos queridos companheiros de 4 patas surge como um problema de saúde emergente, estimando-se que cerca de 35% dos animais presentes à consulta apresentam um peso superior ao ideal.

A classificação da avaliação do peso do cachorro faz-se tendo em conta os seguintes parâmetros físicos: pouco peso (cintura fina por trás das costelas salientes, com reentrância abdominal óbvia); ideal (cintura visível por trás das costelas, abdómen para dentro); peso excessivo (cintura visível, mas não proeminente, abdómen para dentro) e obeso (cintura quase ou mesmo não visível, abdómen descaído, não para dentro e muita gordura a cobrir as costelas).

As complicações mais frequentes decorrentes do excesso de peso são: problemas articulares; patologias cardio-pulmonares; predisposição para a diabetes e enfermidades infecciosas; diminuições da função reprodutiva e altos riscos cirúrgicos.

Contribuem de uma forma efetiva para o constante crescimento desta patologia os erros alimentares, o sedentarismo, a esterilização e a predisposição genética.

Os erros alimentares são a principal causa de obesidade nos animais. A quantidade de ração a administrar ao animal deve ser adaptada ao tamanho e atividade que animal tem. Apenas e só deve ser administrada a quantidade de ração recomendada pelo fabricante e tendo o cuidado de a dividir por 2 a 3 tomas diárias. Os “petiscos” e biscoitos entre as refeições devem ser evitados. A energia fornecida por via alimentar deve ser a suficiente para compensar as necessidades fisiológicas e actividades físicas e nada mais, se tal se verificar o animal irá apresentar um balanço nulo em termos energéticos e não irá engordar.

O sedentarismo como resultado de uma falta de tempo para passeios prolongados por parte do proprietário reflete-se nos animais que praticamente não saem de casa, passam o dia a dormir e só passeiam para fazer as necessidades e regressam de imediato a casa. Este estilo de vida faz com que as necessidades energéticas do animal sejam poucas e que, mesmo dando pouca quantidade de alimento, ela possa ser superior ao que o animal precisa, contribuindo para o seu aumento de peso. Deve-se proporcionar ao cão pelo menos dois passeios diários de meia hora cada. Em relação aos gatos é um pouco mais difícil exercitá-los, podendo o proprietário recorrer a jogos com bolas para obrigar o animal a correr.

 

obesidade animais de companhia2 Os animais esterilizados têm o dobro da probabilidade de se tornar obesos. No caso das fêmeas, esta predisposição é maior, visto que as alterações metabólicas produzidas pela esterilização fazem com que as suas necessidades calóricas diárias diminuam significativamente e também diminui a produção de hormonas que atuam na inibição do apetite. No caso dos machos, a castração interrompe a produção de androgéneos, contribuindo para a diminuição da atividade. Os gatos castrados têm 3 a 4 vezes mais tendência para a obesidade. Os proprietários destes animais devem optar por rações específicas, pois têm um conteúdo calórico inferior, permitindo assim, que não ocorra o aumento de peso tão indesejado.

Existem algumas raças com predisposição genética para a obesidade, como, por exemplo, o Retriever do Labrador, o Golden Retriever e o Cocker Spaniel. Como tal, os seus proprietários devem ter uma atenção redobrada quanto à ingestão de alimento e controle do seu peso.

Quando a obesidade já se encontra instalada e é necessário combatê-la, existem algumas premissas que têm ser cumpridas escrupulosamente: o proprietário tem que estar convicto que o seu animal está obeso e que essa obesidade põe em risco a sua vida; a dieta a adotar tem que ser administrada em exclusividade e na quantidade recomendada pelo fabricante e fracionada ao longo do dia, para que assim o animal se sinta mais saciado; suspender a administração de quaisquer “guloseimas” no intervalo das refeições; contrariar os hábitos sedentários do animal e obrigá-lo a fazer exercício físico regular.

Para terminar, convém referir que por detrás da obesidade poderá estar um desequilíbrio endócrino, nomeadamente provocado por alterações do funcionamento do pâncreas (diabetes), da tiróide (hipotiroidismo) e da supra-renal (hiperadrenocorticismo ou síndrome de Cushing), que deverão ser despistadas, pois se estiverem presentes, todas as tentativas de redução do peso estarão condenadas ao insucesso, instalando-se um sentimento de frustração e desmotivação no proprietário.

 

Conselho Regional da Madeira
Ordem dos Médicos Veterinários

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