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Artes de pesca utilizadas na captura de pequenos pelágicos

pesca3 Os pequenos pelágicos são peixes que vivem na coluna de água, geralmente até aos 200 metros de profundidade e tendem a formar cardumes como forma de proteção.

Na nossa região, as espécies de pequenos pelágicos mais comuns são o chicharro (Trachurus picturatus) e cavala (Scomber colias). Outras espécies como a boga (Boops boops) e a sardinha (Sardina pilchardus) também fazem parte deste grupo, embora com um peso mais reduzido.

Estas espécies são designadas localmente por “ruama” e fazem parte de uma pesca tradicional com alguma relevância na nossa região, devido ao facto de a maior parte ser consumida em fresco pela população local, atendendo ao seu preço acessível.

Antigamente a ruama era capturada por canoas, na sua maior parte a remos, que operavam muito perto da costa, usando redes circulares (rede de arco) de forma cónica, com 8 a 10 metros de diâmetro. Com esta arte eram capturados os exemplares mais pequenos entre 15 a 20 cm. Os de tamanho superior eram capturados à linha (designada localmente por gorazeira),cana ou rede de arrasto, a profundidades maiores.

Em 1963 foram introduzidas as redes de emalhar e a partir de 1977 começaram a surgir as redes de cerco que viriam a predominar, tornando-se na arte maioritariamente responsável pela captura destas espécies. A rede de cerco tem a forma de um retângulo, podendo ser constituída por vários panos ligados uns aos outros. Como são redes de superfície a linha de flutuação possui numerosas bóias ou flutuadores.

A pescaria é realizada durante a noite e a deteção do cardume é feita através de sondas.

 

pesca4 As redes que operam na Madeira, possuem retenida, o que significa que na parte inferior existe um cabo que, ao ser puxado, fecha a rede como uma bolsa, retendo os peixes cercados. A rede de cerco é manobrada por duas embarcações, a principal e a “enviada” ou barco de apoio. O cerco completa-se quando a embarcação principal encontra a “enviada” e de imediato a rede é fechada pela retenida.

Enquanto o cerco se efetua, todas as fontes luminosas da embarcação principal encontram-se apagadas. É usada ainda uma terceira embarcação, a canoa do lance que se encontra no centro do cerco, atraindo o peixe, pelo lançamento do engodo ou isco (mistura de peixe e outros restos triturados) em simultâneo com a atração por fontes luminosas (candeio), método que favorece a concentração do cardume para o cerco.

As redes podem atingir os 500 metros de comprimento e 90 metros de altura, com uma malhagem mínima de 16mm, de acordo com a legislação vigente (Portaria n.º 1102-G/2000, de 22 de novembro).

Em cada saída de uma embarcação cercadora usualmente é efetuado um lance. Por vezes, mais do que um lance pode ser necessário, ou, em certos casos, nenhum lance ser concretizado se não for detetado o cardume através da eco sonda.

A frota atuneira captura ruama para ser utilizada como isco na pesca dos tunídeos. A rede de cerco que utilizam, são de menores dimensãoes. A captura é realizada geralmente no interior das áreas que vão da costa até a batimétrica dos 100 metros e é permitida por lei.

Graça Faria
Direção Regional de Pescas

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