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A recuperação de plantas ornamentais pós-incêndio

orchidfire Escusada qualquer menção à incredulidade de todos nós face ao que aconteceu, é tempo de levantar a cabeça e tentar, com aquilo que temos, reconstruir as nossas vidas de uma forma ainda mais bela do que a anterior.

É tempo de cuidar do que nos ficou, fazer crescer o que amamos e sonhamos. As perdas, para muitos, foram imensuráveis e há que saber reconstruir aquilo que mais gostamos. Para muitas pessoas, o amor e dedicação dado às suas plantas faz com que sejam, de facto, uma preocupação e tristeza de tal ordem. São anos de investimento, de memórias, de ofertas, de cor e de alegria, já que, quando compramos uma nova casa, uma das primeiras coisas que precisamos de lá colocar são plantas.

Existem, essencialmente, no decurso dos acontecimentos que nos assolaram, três grandes fatores de preocupação. O primeiro prende-se, logicamente, com a incineração total ou parcial das plantas, o segundo com as temperaturas elevadas e o terceiro com o acúmulo de cinzas e poeiras.

Antes de mais e assim que tudo estiver contido, atendendo às recomendações de poupança de água, é importante lavar de chuveiro ou de espanador toda a superfície da planta, retirando a cinza, materiais projetados, poeiras e afins. Seguidamente, há que avaliar visualmente, antes de cortar seja o que for, o estado geral da planta. Qualquer botão ou novo rebento tenderá a cair pelo esforço do ser vivo em concentrar a sua energia na manutenção da estrutura principal. Em boa verdade, em casos onde a passagem do fogo tenha sido rápida, a maioria dos caules, troncos e rizomas estará saudável, requerendo tempo e dedicação para a sua convalescença.

Toda a área verde, folhas em bom estado que estejam saudavelmente ligadas à estrutura principal da planta devem ser mantidas para que ela se possa alimentar através da fotossíntese, processo que ocorre, logica e maioritariamente, nas folhas. Qualquer galho, folhas ou divisões completamente ardidas devem ser cortadas, mas um pouco acima do limite da área afetada minimizando, assim, as perdas de água por parte da planta, não criando, desta forma, uma nova ferida aberta.

 

É importante, se possível, colocar as plantas à sombra, mesmo aquelas que estariam antes ao sol. A rega deverá ser mais abundante, mas não em excesso, já que algumas plantas, especialmente as com metabolismo mais lento, não saberão reagir ao excesso de água, podendo, como tal, ter mais tendência a apodrecer.

A adubação deverá ser suprimida, especialmente naqueles casos onde o grosso das folhas tenha sido eliminado e só deverá ser retomada quando novos galhos, folhas ou rebentos surgirem e estiverem já com um tamanho considerável.

Assim que as plantas entrarem numa fase de retoma de crescimento é aconselhável recolher sementes, podas ou keikis, dado que algumas plantas intensificam a sua ação metabólica para criarem descendência, definhando e morrendo após isso.

Finalmente, um outro aspeto a considerar prende-se com a correção dos solos. As cinzas, maioritariamente compostas (25%) de carbonatos de cálcio, exercerão um papel de alcalinizantes no solo. Isso poderá ser especialmente nefasto para plantas que precisem de um pH mais ácido e, assim, devemos ter cuidado na limpeza e mesmo na utilização das cinzas enquanto elemento de fertilização. Os fumos, ainda assim, têm um papel bastante ativo na fumigação contra fungos, insetos e ácaros e a cinza é especialmente eficaz contra moluscos e milípedes.

Desta forma, podemos reutilizar estes recursos a nosso favor, atendendo sempre às recomendações feitas pelas entidades competentes e ao nosso próprio conhecimento e habituação aos comportamentos das nossas plantas.

 

 Pedro Spínola

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