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“Vandas” – as orquídeas de “pés descalços”

Ascocenda Princess Mikasa Pink
Ascocenda Princess Mikasa Pink
Euanthe sanderiana
Euanthe Sanderiana
Vanda Gordon Dillon Lea x Vanda Lourdes Apostal
Vanda Gordon Dillon Lea x Vanda
Lourdes Apostal
Vanda tricolor var. suavis
Vanda Tricolor var. Suavis

As “Vandas”, a par com as Phalaenopsis e os Paphiopedilum são das orquídeas ornamentais que mais tempo duram e, nessa medida, preferidas pelas pessoas que as compram, até porque, hoje em dia, encontram-se basicamente em qualquer cor e padrão.

Como o leitor terá reparado, optei por colocar o termo entre aspas em vez de em itálico, regiamente utilizado para géneros botânicos. Isto porque, na verdade, aquilo que vulgarmente chamamos de Vandas é uma grande mistura de géneros distintos desde Arachnis, Vanda (existe como género separado), Ascocentrum e Renanthera. Felizmente, todos eles provêm de regiões cuja climatologia é semelhante e, logo, o trato dado às plantas que adquirimos pode ser, de uma forma abstrata, generalizado.

Originários das regiões tropicais e subtropicais da Ásia, desde o sopé dos Himalaias até às ilhas e ilhotas da Indonésia, todos estes géneros e, logo, as “Vandas” preferem condições bem luminosas, quentes e húmidas. No entanto, são resilientes e, colocadas num sítio mais abrigado e protegido, adaptam-se facilmente às nossas condições até cotas de 350m de altitude.

Para quem está habituado a vê-las, encontramo-las quase sempre penduradas, sobre um pequenino cesto plástico, com as raízes nuas sem qualquer substrato. Dizem-nos que somente precisam de água, pulverizando as raízes. No entanto, há que entender uma série de questões por trás desta matéria.

Estas “Vandas”, nos países onde são produzidas em massa desde semente ou meristema, são, efetivamente, “montadas” sobre estes pequenos cestos desde pequenas, mas, atenção, todo o seu trato e cuidado é mecânica e informaticamente controlado. Força e quantidade de horas de luz, temperatura da água de rega, adubação específica para cada fase de crescimento e temperatura estável são garantidas e, ainda que não precisem de substrato para sobreviver, começamos a entender que algo tem de ser repensado.

Ora, na natureza e ainda que desconheça muitos factos biológicos, não conheço nenhuma planta que viva suspensa no ar, a flutuar, sem quaisquer nutrientes. Todos os géneros anteriores, epífitos ou pseudo-epífitos, vivem agarrados a troncos e galhos de árvores, absorvendo a humidade atmosférica e da água da chuva, mas também capturando, nas axilas, nas raízes, etc. matéria orgânica que cai do cima, das árvores, dejetos de animais, entre outros que, por sua vez, nutrem e adubam a planta, permitindo o crescimento e floração correta.

Aliás, muitas pessoas que compram estas orquídeas queixam-se que, mantidas nas condições de origem sem montagem numa árvore no seu jardim ou adubação, as florações diminuem ou são suprimidas.

 
Vanda Pakchong Blue
Vanda Pakchong Blue
Vanda coerulea hennissiana
Vanda Coerulea Hennissiana
Vanda tricolor
Vanda Tricolor

Conclui-se, neste sentido, que, para mantê-las neste formato é necessário recorrer à adubação frequente, ainda que equilibrada e bem diluída em água de boa qualidade.

Monopodiais como as Phalaenopsis, em que a planta cresce apical no mesmo vegetal são, ainda assim, menos sensíveis que as anteriores. Podem, com os devidos cuidados, permanecer no exterior em posição vertical, sem o risco de apodrecer a parte do meio. Para tal, a zona mais quente, abrigada, mas bem arejada deve ser escolhida.

Relativamente à luz, são extremamente tolerantes, mesmo a sol direto. A planta tornar-se-á avermelhada, maculada, mas não é um sinal de, necessariamente, má saúde. É, no mundo vegetal, o equivalente à nossa melanina. Precisam pois, de muita luz para florescerem, até porque as suas folhas não apresentam uma superfície ampla e larga, típica de plantas que preferem a sombra.

É possível envasar estas orquídeas, desde que se opte, sempre e até porque as raízes são grossas, com um velame espesso, por um substrato muito leve e solto. Os cestos, pendurados, são, neste caso, sempre a melhor opção.

Quando escolhemos uma planta para as nossas casas, devemos sempre ter em atenção alguns fatores. Comprar uma planta saudável, logo de início, é importante e folhas amarelas, partes secas, raízes secas, manchas pretas, mesmo que em pouca quantidade, devem ser sempre evitadas. Nunca corte raízes sem saber o que está a fazer. É preferível que elas sequem naturalmente antes de as podar. Mais, as novas inflorescências surgem sempre acima das secas e, quando mais para baixo forem as florações antigas, mais probabilidades terá de a sua nova planta florescer rapidamente, se a comprar sem flor.

Um antifúngico é recomendável a ter por perto. Como as folhas dispõem-se na vertical, facilmente depositam-se bolsas de água que, na ausência de arejamento ou na presença de frio, causam problemas na orquídea. O tratamento deve ser feito pelo menos durante três semanas e repetido um mês depois, variando no princípio ativo do produto.

Finalmente e em jeito de curiosidade, uma das orquídeas há mais tempo presente na Madeira é, precisamente, uma espécie de Vanda. Trata-se da Vanda tricolor e da sua variedade suavis. Trazidas pelos europeus e usadas como troca por água e víveres, depositaram-se cá na região e podem ser encontradas um pouco por toda a ilha. Infelizmente, menos vistosas que os híbridos atuais, são por vezes descuradas e subavaliadas. Botânica e economicamente mais prezadas pelos colecionadores, é importante que cuidemos dessa nossa herança botânica e cultural.

Agora que desvendamos alguns critérios para o sucesso no seu cuidado e ainda que, regra geral, sejam mais caras que as Phalaenopsis, são a opção ideal para montar na sua palmeira, árvore ou cesto no exterior, no meio do seu jardim.


Pedro Spínola

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