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Phalaenopsis, a orquídea mariposa: cultivo adaptado à realidade madeirense

phalaenopsis gigantea
Phalaenopsis Gigantea
phalaenopsis kaleidoscope hibrido
Phalaenopsis Kaleidoscope - híbrido

De fácil acesso, preços competitivos, cores e padrões infindáveis e florações duradouras, a Phalaenopsis é, indubitavelmente, a orquídea mais conhecida e que mais admiradores reúne no imaginário e lares ocidentais.

No entanto, é conhecida também, nalguns casos e circunstâncias, por perecer facilmente, por deixar de florir ou simplesmente se estragar mal termine a floração. Há que entender, nessa lógica, que perto da totalidade deste tipo de orquídeas que chega até nós provém de grandes estufas comerciais, especialmente holandesas, que mantêm uma série de condições, tais sejam a humidade, a rega, temperatura, luminosidade, ventilação, etc. sob níveis invariáveis e controlados. Ora, quando adquirimos uma Phalaenopsis, há que escolher corretamente o local onde a queremos colocar, assim como atender a uma série de especificidades que nos permitirão ter uma planta forte, saudável e desenvolvida.

Como em tudo, comecemos pelo básico. Todo o género botânico Phalaenopsis que dá origem à infinidade de híbridos coloridos e robustos disponíveis no mercado tem origem no sudeste asiático e Filipinas. Regra geral, são plantas epífitas, significando isso que crescem sobre as árvores, agarradas aos troncos e a matéria orgânica como húmus e musgos, e raramente litófitas (sob as rochas) e que, na natureza, crescem de uma forma completamente diferente daquela que estamos habituados. Por motivos logísticos, de arrumação e estéticos, encontramos as plantas a crescer para cima, normalmente com as folhas a fazer uma espécie de taça e com as hastes verticais, presas por tutores.

No entanto, e se observarmos com alguma atenção a morfologia destas plantas, encontramos folhas cerosas, resistentes à permanência de água na sua superfície e com um veio central profundo. Assim, não é de espantar que nas florestas húmidas de baixa altitude, com temperaturas que podem chegar até aos 35ºC, cresçam viradas para baixo, com as folhas a apontar para o chão.

Como monopodiais, dependendo de um crescimento axilar, em que as novas folhas saem sempre do centro da planta, um dos principais problemas de cultivo deve-se ao apodrecimento desse “meio”, levando ao definho de toda a planta. Isso é causado por fungos que se instalam nessa zona, fruto de uma rega descuidada, em que a água que aí permanece, numa noite mais fria ou numa zona pouco ventilada, acaba por levar à necrose. Daí que, contrariamente à abordagem comercial, as espécies de Phalaenopsis selvagens, de onde devemos depreender o cultivo mais aproximado e correto possível, cresçam suspensas, para baixo, evitando este problema.

 
phalaenopsis tetrapsis
Phalaenopsis tetrapsis
phalaenopsis amabilis
Phalaenopsis amabilis

Dito isto, é possível mantê-las na posição em que nos chegam, desde que numa zona onde não chova ou corra o risco de se acumular água nessa axila.

Termicamente, apesar de tolerarem temperaturas até aos 12ºC, as altitudes baixas de onde provêm ditam temperaturas mais elevadas, com uma alta humidade, mas que precisam de sentir um amplitude térmica da noite para o dia na ordem dos 8ºC para florescerem corretamente. Daí, mantê-las numa sala aquecida, sem variação e tendencialmente seca, não é a abordagem mais correta.

Como epífita, novamente, as raízes precisam de arejamento e as que saem do vaso para o ar jamais devem ser cortadas, mas sim pulverizadas, encorajando o seu crescimento. Além disso, quando as regamos, ficam verdes, indicando a presença de clorofila e, por dedução, fotossíntese. Assim, é de evitar colocar um vaso opaco que impeça a luz de atingir as raízes. A transparência dos vasos em que nos chegam, além de possibilitarem a passagem de luz, ajudam-nos a perceber quando é que as devemos regar novamente. Normalmente, assim que voltam a esbranquiçar, devemos então regar, atendendo aos cuidados acima mencionados.

O substrato, até porque possuem raízes grossas, com velame espesso, servindo como esponjas, deve ser solto e leve, nunca devendo ser sufocadas com materiais pesados ou compactos. Devemos optar por uma mistura de casca de pinheiro grossa com argila expandida e pedaços de fibra de coco, liberalizando as regas e diminuindo os riscos de podridão por excesso de água.

Relativamente às hastes, quando termina a floração, caso não nos incomodar, não lhes devemos fazer nada, já que podem continuar a florescer para a frente. Se essa ponta secar, corta-se, então, 1cm adiante do último nó viável, estimulando a ramificação nesse ponto.

De adubação parca, usando sempre adubo líquido equilibrado na dose mínima recomendada e preferencialmente enquanto cresce uma nova folha, o desenvolvimento pode ser ajudado e, dessa forma, impedimos a proliferação de doenças e pragas.

Capazes de uma sedução extraordinária, as Phalaenopsis têm, na Madeira, um nicho favorável ao crescimento e floração abundante. Para tal, basta que se dê atenção a pequenos detalhes que farão a diferença e permitirão plantas mais fortes e saudáveis.

 

Pedro Spínola

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