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Identificação animal - generalidades

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Depois da domesticação, o homem procurou marcar os seus animais com o objetivo de os distinguir e de poder afirmar como sua propriedade, tendo em conta que frequentemente se tresmalhavam e não raras vezes eram roubados. Tal procedimento é referido desde 3.800 A.C., no Código de Hammurabi.

Usaram-se desde então certos métodos de marcação indelével, alguns dos quais perduraram até aos dias de hoje. São exemplo disso os entalhes nas orelhas, com diferentes formas e significados, consoante a sua posição, usado em cabras, ovelhas e bovinos, bem como a marcação a fogo, usando um ferro em brasa com a marca do proprietário ou do criador, em bovinos e cavalos. Ambos os sistemas têm como vantagem permitirem o reconhecimento à distância, mas como fator negativo o facto de causarem algum sofrimento, pondo em causa o bem-estar dos animais.

Só muito mais tarde é que foi introduzido o método da tatuagem, como forma de marcação, particularmente nas orelhas e nas bragadas (zonas do corpo sem pelo), em porcos, cães, vitelos e, nalguns casos, também em cavalos. Este método tem a vantagem de ser permanente se efetuado corretamente mas não permite uma visualização fácil, tornando-se muitas vezes necessário um outro método complementar de identificação.

Para além das razões iniciais, atrás mencionadas, uma identificação correta e adequada dos animais domésticos visa muitos outros objectivos, tais como: facilitar a gestão da produção/reprodução, o controle de doenças e assegurar a rastreabilidade dos animais e dos seus produtos, permitindo conhecer a sua origem e assim contribuir para a segurança alimentar.

Durante muitos anos, os serviços veterinários oficiais usaram o “resenho” como método de identificação sobretudo para bovinos e cavalos. Este método manteve-se em uso até hoje, no caso dos cavalos, consistindo no desenho em papel de todos os acidentes da pelagem e outras características, tais como a altura, a idade, etc.

No Séc. XX surgiram novos métodos de identificação, com particular destaque para os marcadores auriculares, vulgarmente designados por “brincos”, que podem ser lidos sem ser necessário agarrar e conter o animal, mas que devem ser bem inseridos na cartilagem das orelhas, podendo no entanto quebrar-se ou caírem por rasgamento.

Mais recentemente, com o desenvolvimento tecnológico e a miniaturização, surgiu como novo método de identificação animal o “transponder” (microchip), forma abreviada de designar “transmitir-responder”, que é um dispositivo de comunicação eletrónico cujo objetivo é receber, amplificar e retransmitir um sinal numa frequência diferente. 

 
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Existem fundamentalmente dois tipos de “transponder”:

- O primeiro é utilizado em animais de companhia e de lazer, tais como cães, gatos, cavalos, aves e outros animais exóticos, que é pouco maior do que um grão de arroz e está contido numa espécie de seringa, cuja agulha apesar da sua grossura apresenta uma ponta cortada em bisel, evitando deste modo causar dor na sua aplicação. No caso do cão e do gato é habitualmente aplicado debaixo da pele, na face esquerda do pescoço, no caso do cavalo, a sua aplicação é feita intramuscularmente também na face esquerda da “tábua” do pescoço e nas aves a localização escolhida é num dos músculos peitorais. A sua leitura é feita com a ajuda de um “scanner”, que é passado junto da pele do animal.

- O segundo é contido num invólucro em forma de bolus ou “pellets” e possui uma dimensão muito superior ao tipo anterior, uma vez que é usado em animais destinados ao consumo humano e não podem permitir o risco de serem engolidos pelo consumidor. Estes identificadores eletrónicos são colocados no estômago (rúmen) dos animais, quer em bovinos quer em pequenos ruminantes e são retirados quando do seu abate no matadouro. Este tipo de “transponder” permite a sua leitura em pórticos ou outras antenas de recepção colocados a uma distância próxima.

Para além deste método de identificação eletrónica a curta distância, existem ainda outros tipos de identificadores que utilizam a tecnologia RF (radiofrequência), como é o caso dos colares usados em vacas leiteiras que permitem ser reconhecidas por um sistema informatizado que faz a gestão da sua alimentação em função da sua produção de leite e de outros parâmetros reprodutivos. Também pode ser associado a este tipo de identificadores um sistema de localização via satélite, GPS (Global Position System), o que permite localizar o animal que o use, através de um “tablet” ou de um telemóvel “smartphone”. Este sistema é sobretudo usado em cães e gatos e o seu custo é ainda elevado, mas vem tornando-se cada vez mais acessível, tendo no entanto como principais inconvenientes o custo da gestão do sistema, a duração limitada das baterias e a possibilidade de poder ser retirado ou roubado com facilidade, para além da possível avaria do equipamento.


João Carlos dos Santos de França Dória
Direção Regional de Agricultura
Direção de Serviços de Alimentação e Veterinária

 

(fotos: Internet)

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