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Na defesa da produção da castanha madeirense – Região adere ao Protocolo BioVespa

BioVespa participantes A vespa das galhas do castanheiro (Dryocosmus kuriphilus Yasumatsu) é um inseto que ataca órgãos verdes de árvores do género Castanea (exceto frutos), induzindo a formação de galhas nos gomos e folhas, provocando a redução do crescimento dos ramos e da frutificação, podendo diminuir drasticamente a produção e a qualidade da castanha (as quebras podem atingir os 60-80%, se não houver a aplicação de medidas de luta) e conduzir ao declínio dos castanheiros.

BioVespa galhas castanheiro
Galhas do castanheiro

Esta praga é originária da China, tendo iniciado a sua dispersão mundial, primeiro na Ásia (Japão, Coreia e Nepal) e, posteriormente, na América do Norte (Estados Unidos da América) e na Europa, com a primeira deteção referenciada em Itália em 2002 e posteriormente em França, Eslovénia, República Checa, Hungria, Croácia, Alemanha, Espanha (Catalunha, Andaluzia e Castela-Leão). Em Portugal, a sua presença foi notificada pela primeira vez em finais de maio de 2014 no Minho. Em 2015 novos focos foram detetados em Trás-os-Montes, na Beira Alta e na Região Autónoma da Madeira, elevando para mais de 100 o número de freguesias afetadas.

De facto, com uma velocidade de “viagem” notável desde que detetada na plataforma continental, a praga alcançou rapidamente todas as zonas de produção de castanha na Ilha da Madeira, encontrando-se moderadamente disseminada em todas elas, exceto na Serra de Água, onde o ataque é mais forte.

Dado o castanheiro constituir o esteio de um sistema agroflorestal de inestimável interesse ambiental muito antigo e bem preservado na Região, e o aproveitamento da castanha continuar a deter grande importância económica para as populações dos locais em que aquele se desenvolve, a Secretaria Regional de Agricultura e Pescas, desde logo integrou o plano de ação nacional despoletado pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária para controlar e combater este pernicioso inseto, participando nas reuniões de trabalho entretanto realizadas, procedendo à identificação das áreas de soutos afetadas e à medida do grau de intensidade da praga, como ainda à formação de técnicos nesta matéria específica.

Foi com esta preocupação, de manter-se na linha da frente no encontro das melhores soluções para controlar os efeitos da infestação pela vespa das galhas do castanheiro, que a Região Autónoma da Madeira, através da entidade que tutela a agricultura, fez questão de desde a primeira hora fazer parte do BioVespa, iniciativa dinamizada pela RefCast, a Associação Portuguesa da Castanha.

Assim, no passado dia 11 de dezembro, em Lamego, teve lugar a cerimónia pública de assinatura do protocolo de cooperação com a denominação BioVespa, criado especificamente para intensificar o combate à vespa das galhas do castanheiro.

O BioVespa tem como parceiros, além da RefCast, diversas instituições de inovação e desenvolvimento (o Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos, o Instituto Politécnico de Castelo Branco e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária), 28 municípios em que a cultura assume expressão relevante e, como já referenciado, a Região Autónoma da Madeira, representada pela Secretaria Regional de Agricultura e Pescas, através da Direção Regional de Agricultura.

 

Este protocolo tem como objetivo primordial articular os esforços e criar sinergias entre as várias entidades envolvidas, visando promover e desenvolver a luta biológica contra a vespa das galhas do castanheiro nas diversas áreas de cultivo afetadas.

Não excluindo outras alternativas, a luta biológica tem sido até ao momento o processo mais eficaz no controlo desta praga.

Na verdade, face aos conhecimentos atuais, a luta química contra este inseto é ineficaz, dado que este passa a maior parte do seu ciclo de vida protegidos pelos tecidos das plantas que formam as galhas. Por outro lado, como os adultos não se alimentam das plantas de castanheiro, os inseticidas sistémicos não têm eficácia no controlo da praga.

A luta cultural e a luta biológica são atualmente consideradas as formas mais eficazes na redução dos impactes da praga. Na luta cultural é recomendado o corte e destruição das partes da planta atacadas, antes da emergência dos adultos de D. kuriphilus. A procura de espécies, variedades e de híbridos de castanheiro tolerantes a este inseto, tem sido uma opção desenvolvida, na Ásia, América e Europa.

BioVespa torymus sinensis
Torymus sinensis

Na luta biológica, a identificação na China do parasitóide específico Torymus sinensis levou ao estabelecimento de programas de luta biológica para a sua libertação em zonas infestadas, que se têm vindo a estender a todas as outras regiões onde a praga se instalou.

De forma muito simplificada, este parasitóide é um pequeno inseto que, ao ser libertado, vai parasitar a vespa, alimentando-se das suas larvas, e deste modo contribuir para que menos destes colípteros formem as galhas do castanheiro.

Ao aderir ao BioVespa, a Madeira obtém, desde logo, a vantagem de beneficiar de economia de escala na aquisição do Torymus sinensis, que só é comercializado fora de Portuga (em França e Itália), estar permanentemente a par da evolução do conhecimento científico e técnico sobre o combate à praga, como vir a beneficiar do desenvolvimento de projeto que visa a produção deste parasita no próprio país.

Na sequência da integração no BioVespa, a Direção Regional de Agricultura, em abril de 2016, prevê proceder a 20 largadas do parasitóide. Cada largada será composta por cerca de 190 parasitóides (120 fêmeas e 70 machos), com a seguinte distribuição:

BioVespa largadas

 

Direção Regional de Agricultura

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