A doçaria do Mel de Cana está historicamente associada à indústria da cana-de-açúcar na Ilha da Madeira, a qual remonta aos princípios do século XV.
Já em 1419, Cristóvão Colombo, que antes da descoberta da América viveu no arquipélago, referenciava aos Reis de Espanha que o Mel de Cana devia constar dos 
mantimentos de qualquer embarcação, dado ser "o melhor alimento do Mundo e o mais são".
Não será por isso de estranhar que a receita mais antiga de Bolo de Mel de Cana, cuja matéria-prima base distinta é este líquido xaroposo obtido da concentração, pelo calor ou a vácuo, do sumo da cana-de-açúcar, também date do século XV, criada por freiras de um convento católico.
O Bolo de Mel de Cana é, sem dúvida, a joia da doçaria madeirense e, para o seu sabor e aroma inconfundíveis, além do Mel de Cana, também contribuem especiarias orientais, frutos secos e outros condimentos especiais.
Na quadra natalícia, este doce faz parte da tradição gastronómica de muitas famílias madeirenses e, desde que conservado adequadamente, mantém-se excelente durante vários meses. Esta incomparável delicatessen, como também recomenda o bom uso, deve ser sempre partida à mão e, de preferência, acompanhada de um Vinho Madeira.
No sentindo de salvaguardar a genuinidade e proteger contra adulterações, tanto do Bolo e das as Broas de Mel de Cana como, naturalmente, do produto que lhes confere a essência distintiva, o Mel de Cana, o Governo Regional, através da Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, entre outras medidas, criou (Decreto Legislativo Regional n.º 20/2006/M, em 12 de Junho de 2006) as marcas «Mel de Cana da Madeira», «Bolo de Mel de Cana da Madeira» e «Broas de Mel de Cana da Madeira», bem como os respetivos selos de autenticação.
Com este mecanismo, é visado conferir uma especial proteção a estes produtos tradicionais, dado que constituem realidades, muitas vezes sem suporte material, mais vulneráveis do ponto de vista da respetiva preservação mas, contudo, importantíssimas, quer pelo seu contributo para a caracterização de certos aspetos que testemunham o percurso civilizacional desta Região Autónoma, quer pelo facto de darem origem a atividades económicas que assumem um papel fundamental no desenvolvimento regional, em particular do espaço rural.
De facto, o Mel de Cana obtido no território da Região Autónoma da Madeira, o Bolo de Mel e as Broas de Mel que o utilizam como matéria-prima base são, inquestionavelmente, produtos com forte notoriedade e reputação que assumem elevada importância nas tradições da sua população e cujos ingredientes principais e modos particulares de produção refletem testemunhos etnográficos e antropológicos com valor de cultura e com significado para a identidade e memória coletiva Madeirense.
Paulo Santos