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A podridão-branca-das-raízes

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Fig. 1 - fruteira com sintomas provocados pelo fungo Armillaria mellea. À esquerda, árvore com forte desfoliação e, à direita, árvore com perda de vigor e copa com folhas amarelas

A doença vulgarmente conhecida por podridão-branca-das-raízes é provocada pelo fungo Armillaria mellea. Este fungo é polífago, ou seja, infeta diferentes culturas. Na Ilha da Madeira, foi identificado em endémicas, florestais, fruteiras temperadas, fruteiras tropicais e subtropicais e ornamentais.

Existem dois tipos de sintomas: os primários que se encontram nas raízes e os secundários na parte aérea da planta.

Na parte aérea das árvores, os sintomas não são característicos e confundem-se com outros problemas do sistema radicular. As árvores infetadas perdem vigor, as folhas ficam amarelas, murcham e escurecem. As novas folhas que surgem são pequenas, enrolam-se em torno da sua nervura principal, levando a uma falta total ou parcial da folhagem (Fig. 1).

Nas raízes e na base do tronco, os sintomas observados são mais específicos. Ao retirar a terra em volta do tronco até se encontrar as primeiras raízes grossas (10 a 20cm de profundidade) e ao levantar a casca, observa-se um emaranhado branco (Fig. 2). Com este emaranhado branco é frequente observar-se estruturas semelhantes a raízes, mas mais achatadas e de cor castanha-escura a preta, que são os rizomorfos. Estes podem ainda ser observados nas raízes ou no solo nas suas proximidades, sendo nestas situações a sua forma mais cilíndrica. As raízes podem apresentar-se negras, em decomposição, com aspecto húmido e com casca quebradiça. A casca do tronco, pode apresentar fendas e ao retirar a casca na base do tronco observa-se o micélio branco e rizomorfos (Fig. 3).

 
figura 2 figura 3
Fig. 2 - emaranhado miceliar branco do fungo Armillaria mellea, entre a casca e o lenho
Fig. 3 - estruturas semelhantes a raízes,
mas mais achatadas e de cor castanha-escura a preta, que são os rizomorfos

Não existe nenhum sistema que permita prever/prevenir o seu aparecimento. Conhecer o historial do solo (pH, arejamento, etc.) assim como saber se a doença já ocorreu nesse local são uma ajuda preciosa na avaliação do risco do aparecimento da doença.

Como prevenção, é importante moderar as regas, fazer fertilizações equilibradas (de acordo com a análise química prévia do solo), as quais permitirão manter as árvores mais vigorosas e menos suscetíveis à infeção.

Na presença da doença, arrancar as árvores infetadas, retirando, do solo, o maior número de raízes e fragmentos do lenho, como os resíduos de cultura e posteriormente queimar. Realizar análises de solo para determinar o pH e, se estas indicarem solo ácido (favorece a doença), corrigir. Abrir uma vala com 30cm de largura e 50cm de profundidade, em redor do(s) foco(s) de infeção, para promover o arejamento do solo e aplicar na vala, cal viva (2-5 kg/m3).

Relativamente aos tratamentos químicos para o combate desta doença, em Portugal não existem produtos fitofarmacêuticos homologados.

(nota: figuras 1 e 3 retiradas da Internet)

 

Duarte Sardinha
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural