As principais pragas e doenças do castanheiro |
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O bichado da castanha (Cydia splendana) constitui a principal praga do castanheiro na ilha da Madeira. Com o objetivo de conhecer melhor esta praga e selecionar uma feromona eficaz na sua captura, foram realizados ensaios de monitorização do bichado durante o período de voo desta praga em 2004, 2005 e 2006, no Curral das Freiras, Jardim da Serra e Serra de Água. Os resultados deste trabalho confirmam que o bichado da castanha é realmente uma praga que representa grandes perdas na produção da castanha, podendo atingir taxas de infestação da ordem dos 50% em algumas localidades, tendo sido ainda a única espécie deste género capturada nos ensaios realizados.
Os ensaios realizados com feromonas mostram que a luta biotécnica com recurso a este tipo de substâncias pode ser uma ferramenta muito útil no combate a esta praga, tendo sido testadas seis feromonas. Por sua vez, o castanheiro está ameaçado pela propagação de duas doenças, a Tinta e o Cancro, que podem causar a sua morte precoce. Apesar dos inúmeros trabalhos de investigação que têm sido feitos pela Universidade de Trás-os-Montes, pelo Instituto Politécnico de Bragança e pelo Centro Nacional de Sementes Florestais de Amarante, ainda não existe um tratamento eficaz para nenhuma das doenças. Em Portugal, a Doença da Tinta, cujo nome se deve à cor negra que a árvore adquire por baixo da casca quando atacada, é conhecida desde o século XIX e constitui uma das maiores ameaças à cultura do castanheiro, tendo-se verificado em diversas regiões a destruição em massa de extensas áreas de souto. A doença está associada a dois fungos pertencentes à classe oomicetas, à família Phytophthoraceae e ao género Phylophlhora (Phytophthora cinnamomi (Rands) e Phytophthora cambivora (Petri) Buisman). São semi-parasitas que vivem em forma saprófita na matéria orgânica do solo ou como parasitas na planta. A propagação faz-se através da água de rega, da chuva, do transporte de terra e de material vegetativo infetado. Solos com má drenagem, baixo teor de matéria orgânica, pobres em nutrientes e com exposições sudoeste, oeste e sul, se os declives forem superiores a 8-10%, são algumas das condições favoráveis para o desenvolvimento do fungo. As raízes com lesões provocadas por cortes constituem portas de entrada para o fungo. O fungo afeta o sistema radicular, limitando ou impedindo gradualmente a circulação da seiva. Os sintomas manifestam-se inicialmente na parte superior da copa, a partir da extremidade dos ramos onde se observam cloroses e emurchecimento das folhas. A floração é fraca e a frutificação é muito afetada, os frutos caem antes de amadurecerem. Na zona afetada, após a remoção da casca, o lenho mostra-se necrótico, constituindo uma mancha de cor violácea escura, em forma de cunha. A partir da base pode observar-se a emissão de rebentos que morrem passados alguns anos, mantendo-se seca toda a copa. Os meios disponíveis não são ainda capazes de responder, de uma forma eficaz, às necessidades do combate à doença. As técnicas culturais parecem ser aquelas que, de alguma forma, contribuem para a limitação da doença. Por exemplo, os povoamentos conduzidos em talhadia aparentam ser menos afetados por esta praga. Como medidas preventivas recomenda-se:
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As medidas repressivas compreendem acções a diversos níveis, incluindo o combate biológico e genético:
O Cancro do Castanheiro é provocado por um fungo designado Endothia parasitica And & And. A espécie Castanea dentata foi praticamente aniquilada por esta praga que, segundo dados de 1987, terá destruído cerca de 3,6 milhões de hectares de castanheiro nos Estados Unidos da América. A doença que está presente na Europa há várias décadas foi detetada pela primeira vez em Portugal em 1989, na região de Trás-os-Montes. A zona de Padrela foi a mais afectada, verificando-se que a variedade Judia apresenta maior sensibilidade à doença. No território da TFT o cancro do castanheiro afetou com maior intensidade a zona de Parada. A principal fonte de propagação da doença é a circulação de lenho sem ritidoma (casca). Em 1998 foi estabelecido um Plano de Erradicação do Cancro do Castanheiro (Despacho 117/98). Para execução do Plano e durante três anos foram prospetados cerca de 77 000 castanheiros em doze concelhos da DRATM, com incidência nas zonas produtoras de castanha, verificando-se a infeção em cerca de 10% de árvores. O cancro do castanheiro só é detetado a partir do terceiro ou quarto ano após a plantação, é muito virulento e ataca a parte aérea da árvore de forma rápida e irreversível. Deteta-se pelo desenvolvimento de necroses castanho-avermelhadas no tronco e pela permanência das folhas e ouriços mortos nos ramos secos da árvore para além do período normal, entre outros sintomas de observação minuciosa. A erradicação da doença baseia-se em técnicas de enxertia e poda, recomendando-se:
Augusto Assunção
Para mais informação relativamente à prevenção e/ou tratamento deverá contactar os seguintes serviços da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural: - No âmbito da produção convencional (proteção integrada): Direção de Serviços de Assistência Técnica e Mecanização Agrícola Direção de Serviços de Desenvolvimento Rural - No âmbito da produção biológica: Direção de Serviços de Agricultura e Pecuária Biológica |
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