A traça da batateira (Phtorimaea operculella) |
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A traça da batateira é, hoje em dia, uma das pragas que mais afe tam a cultura da batata, sendo considerada, logo aos o míldio, a sua maior inimiga. A pressão da praga tem crescido nos últimos anos, levando em muitos casos à perda quase total da produção. No estado adulto, a traça é uma pequena borboleta com 10 a 15 mm de comprimento, com asas cinzentas, manchadas de castanho. As larvas são brancas rosadas, com a cabeça castanha escura. Os ovos têm uma coloração branca, que escurece posteriormente; são lisos e globosos. O seu desenvolvimento vê-se beneficiado quando as temperaturas são mais altas, nos 25ºC, mas os ataques podem realizar-se a partir dos 10ºC. Os períodos secos também são favoráveis, pois são vantajosos para a reprodução, propagando-se em ciclos de 20-30 dias/geração, ocorrendo até 12 gerações/ano Cada fêmea põe, em média, cerca de 200 ovos durante o seu ciclo de vida, distribuídos em várias posturas. As larvas surgem cerca de 8 dias depois da postura, penetram na pele e polpa do tubérculo. Quando completam o seu desenvolvimento larvar (15 a 20 dias), abandonam as galerias, para pupar no solo. A duração deste estado é de 10 a 30 dias. Se as condições forem mais quentes (como acontece nos armazéns), o ciclo repete-se durante o Inverno. Em condições mais frias (como no campo), a traça hiberna sob a forma de pupa. Os danos causados são de dois tipos: Na cultura, a postura é feita sobre a rama da planta ou diretamente sobre os tubérculos, se estes se encontrarem mais superficialmente ou existirem fissuras no solo. Após a eclosão, as larvas penetram na nervura principal das folhas e nos caules, cavando galerias, onde se desenvolvem. Ao atuarem ao nível dos cordões de transporte da seiva, impede a sua normal translocação, provocam o dessecamento das plantas.
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Nos tubérculos, as larvas resultantes da postura dos ovos sobre estes vão penetrar na epiderme , originando galerias, que causam prejuízos diretos (pela desvalorização comercial das batatas atacadas) e indiretos (são uma porta aberta ao ataque de diversas doenças da batata). Os principais problemas ocorrem em armazém, sendo um fator importante para o abaixamento do rendimento da cultura. Esta é uma praga de difícil controlo. Como sempre, nestes casos, a adoção de medidas preventivas, quer no campo, quer nos armazéns, são fundamentais para baixar a importância dos ataques. Destas, destacamos:
No armazenamento, os armazéns devem ser muito bem limpos e desinfetados antes da colocação da produção. Devem ser utilizados inseticidas específicos sobre as batatas armazenadas, de modo a destruir as larvas provenientes dos ovos de posturas no campo. Existem produtos no mercado para o controlo da praga, como é o caso da deltametrina em pó polvilhável, a 0,1%. Este deve ser espalhado sobre a batata armazenada, numa dose de 750g/1000 kg de batata. A captura de machos adultos também parece ser uma boa opção. Tal pode ser feito recorrendo a armadilhas e a feromonas sexuais. É contra indicada a pulverização direta dos tubérculos armazenados com caldas contendo inseticidas não autorizados para o combate à praga, pelas consequências que tal ato pode acarretar para a saúde humana e animal.
Ricardo Costa |
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Comentários
Gostaria de saber, se possível, se relativamente ao combate à traça da batata os agricultores têm queixas de ineficiência da Deltametrina (homologada para armazém). Coloco esta pergunta porque aqui nos açores nos parece que a traça desenvolveu resistências a esta substância ativa, consistindo num problema sério nos últimos anos para os agricultores que não têm armazenamento em frio. Sou colega da Direção de Serviços de Agricultura dos Açores e estamos a estudar possíveis alternativas de controlo da praga em armazém. Agradeço a vossa resposta,
Com os melhores cumprimentos,
Ana Catarina Durão
O único produto homologado para o combate à traça da batata é, como referido, baseado na Deltametrina, o qual tem sido utilizado sem problemas de maior na RAM.
Com os melhores cumprimentos,
a Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural.