O tratamento de Inverno na Vinha |
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A vinha na Madeira é atacada por uma série de parasitas que afetam a produção, sendo o seu combae fundamental para o sucesso da cultura e para o rendimento do viticultor. Destacamos o míldio (ou "doença preta"), o oídio (ou "mangra") e a podridão cinzenta, cujo combate é importante, de modo a evitar as quebras de produção, que podem ser superiores a 40-50%. O oídio (Oideum tuckeri) começou a dizimar os vinhedos madeirenses em meados do século XIX. Os seus ataques podem ser intensos e destrutivos e caracterizam-se pelo aparecimento nas folhas de um pó cinzento e ao seu "encarquilhamento" e necrose; o mesmo pó aparece nos bagos que, mais tarde, "racham", facilitando a entrada de outros parasitas, como é o caso da podridão cinzenta. Esta doença é favorecida pelas temperaturas superiores a 20ºC e pela humidade elevada (junho é favorável ao seu aparecimento) e quando as condições não lhe são favoráveis, o agente mantém-se na vinha, nas escamas dos gomos, nas cascas das varas, etc. Por sua vez, os sintomas do fungo míldio (Plasmopara vitícola) são o aparecimento na página superior das folhas de manchas oleosas e página inferior de um enfeltrado, frutificação que se espalhará, por ação do vento, a outras plantas e zonas da vinha; no cacho, os bagos ficam recobertos de uma pubescência branca, que evolui, engelhando os bagos, enquanto o eixo (ráquis) tende a ter um formato em "S".
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Os ataques têm início quando as condições são chuvosas (humidade relativa ≈ 95%) e as temperaturas são superiores a 15ºC. Quando não, hiberna sob a forma de esporos (a semente do fungo) na casca das varas e nas escamas dos olhos em folhas. A podridão cinzenta (Botrytis cinerea) é outra doença bastante destrutiva, ocorrendo aquando da floração e posterior vingamento da uva. O apodrecimento geral dos bagos, com reflexos sobre a qualidade dos vinhos, é a sintomatologia mais visível. O seu aparecimento está relacionado com ataques anteriores de oídio, pela facilidade de penetração pelas "rachas" e quando as condições de desenvolvimento não lhe são favoráveis, mantém-se em esporos na zona das varas. O tratamento de Inverno combate as formas de resistência, antes das condições ideais para os seus primeiros ataques, prevenindo-os. Incide, assim, sobre os esporos/sementes que se encontram "adormecidos" e deve ser efetuado quando a planta está despida e logo após a poda, para desinfetar também as feridas desta operação. Os produtos a usar são cúpricos, sendo o mais representativo a calda bordalesa, que pode ser usada em agricultura biológica e aconselha-se vivamente este tratamento, pois reduz os problemas, salvaguardando a quantidade e qualidade da produção.
Ricardo Costa |
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