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Avaliação da eficácia do fungo entomapatogénico, Beauveria Bassiana no controlo do gorgulho da bananeira, Cosmopolites Sordidus

banana 640 O Cosmopolites Sordidus é uma praga que provoca grandes prejuízos na cultura da bananeira.

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Foto 1 - Larva do C. Sordidus 
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Foto 2 - Galerias no pseudocaule da bananeira

O inseto adulto faz a postura no interior do pseudocaule, onde completa o seu ciclo de vida, sem que seja muito percetível. As larvas são as responsáveis pela abertura das galerias, o que dificulta a movimentação da água e dos nutrientes, podendo levar à morte da planta.

Como este inseto está bem adaptado às condições climáticas da Madeira, a sua população pode aumentar rapidamente. Apesar do aumento ocorrer principalmente na primavera, com a subida da temperatura e da humidade, é recomendada a monitorização permanente desta praga. Quando é registado um aumento do número de indivíduos, o produtor deve tomar medidas para o seu controlo e, depois de avaliar a necessidade de realização de tratamento, selecionar o produto fitofarmacêutico (PF) autorizado/homologado para o seu controlo.

Com a preocupação crescente com a segurança alimentar e com a preservação da biodiversidade, tem havido uma permanente avaliação das substâncias ativas, com a retirada de utilização de PFs, eliminando muitas vezes ferramentas importantes para os agricultores controlarem as pragas.

A Direção Regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural (DRA), que partilha as preocupações ambientais e está empenhada na implementação dos princípios da Proteção Integrada e do Modo de Produção Biológico, e de modo a apoiar os agricultores no aumento da produtividade das suas explorações, para que sejam economicamente competitivas, obteve junto da DGAV, com o apoio de empresas, a autorização para a utilização em usos menores do PF Naturalis. Este inseticida controla o gorgulho por inoculação do fungo Beauveria Bassiana, estirpe ATCC 74040, agente de controle biológico entomopatogénico, uma vez que se desenvolve no interior do inseto e provoca a sua morte.

A aplicação do Naturalis no controlo de pragas agrícolas como o C. sordidus é uma estratégia recomendada por não ter LMR (limite máximo de resíduos) nem IS (intervalo de segurança), permitindo gerir o nível de resíduos e reduzir o impacto negativo na saúde humana e no ambiente.

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Foto 3 - Placas de Petri com C. sordidus nas câmaras 
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Foto 4 - C. sordidus inoculados 

Para avaliar a eficácia deste PF nas nossas condições ambientais, os técnicos da DRA, em parceria com a Universidade da Madeira (Uma), delinearam um ensaio para o trabalho do Curso Técnico Superior Profissional em Agricultura Biológica do aluno João Fernando de Barros de Jesus.

Este trabalho desenvolveu-se em três fases. Em todas as modalidades, foi avaliada a eficácia de duas concentrações diferentes do Naturalis.

Laboratório

Inicialmente, o Naturalis foi testado em câmaras com temperatura e humidade controladas.

Os gorgulhos capturados nas bananeiras foram colocados em placas de Petri com diferentes meios de cultura e material vegetal. As caixas de Petri foram pulverizadas com duas concentrações diferentes do PF.

Verificámos que, em todas as modalidades testadas em ambiente controlado, o fungo desenvolveu-se e foi possível certificar que os insetos estavam inoculados, o que provocou a sua morte.

 

Em campo com ambiente controlado

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Foto 5 - Captura de gorgulhos nas bananeiras  

Numa segunda fase, foram colocados igual número de gorgulhos em caixas de grande dimensão, para permitir a movimentação dos insetos no interior do material vegetal em decomposição.

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Foto 6 - Colocação nas caixas mantidas
em local coberto 
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Foto 7 - Pulverização do material vegetal
com o PF Naturalis 
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Foto 8 - Aplicação de Naturalis no interior
do pseudotronco da bananeira sem cacho
e em decomposição
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Foto 9 - Monitorização do C. Sordidus

As caixas permaneceram em local coberto, protegidas da chuva, mas ficaram expostas às condições de temperatura e humidade do exterior. O material vegetal foi pulverizado com o PF Naturalis, para que fosse possível inocular os insetos com o fungo Beauvaria bassiana.

Durante dois meses, o material foi monitorizado semanalmente, mas foi registada uma baixa percentagem de mortalidade dos insetos e não foi possível certificar que os gorgulhos estavam inoculados.

Em campo

Em campo, foram selecionadas e marcadas bananeiras já sem o cacho, com os pseudotroncos em início de decomposição. Este material vegetal foi perfurado, para que a pulverização ocorresse no seu interior e o PF ficasse o mais próximo possível dos insetos que se encontram aí refugiados.

Um mês após a pulverização, foi feita uma monitorização aos pseudotroncos tratados e verificámos que todos os gorgulhos estavam vivos e sem sinais de inoculação.

Ficou concluído que nas modalidades com a temperatura e humidade não controladas, o tratamento utilizado não conduziu à diminuição esperada da população dos gorgulhos.

É conhecido que a evolução das doenças causadas por fungos em insetos é altamente dependente dos fatores ambientais, que, por isso, interferem na eficácia dos PFs, sendo necessárias temperaturas entre os 23 e os 28ºC, associadas à elevada humidade relativa do ar, para que seja possível ocorrer a germinação dos fungos.

Tendo em conta que, nas fases desenvolvidas ao ar livre, as condições climáticas não eram as mais favoráveis para a instalação e inoculação da Beauveria Bassiana, uma vez que foram registadas temperaturas muito baixas, pretende-se implementar novos estudos, com condições climáticas mais adequadas ao desenvolvimento do fungo, para podermos verificar se são registadas percentagens mais elevadas de C. sordidus inoculados.


Ensaio realizado por:
Alexandra Azevedo
Bruno Silveira
João Fernando Jesus
João Pedro Santos
Natália Silva
Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural

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