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A colheita de amostras para a identificação de Fusarium oxysporum f. sp. cubense Raça Tropical 4 (Foc TR4)

banana 640 Neste artigo, vamos descrever o procedimento para a colheita de amostras para a identificação de Fusarium oxysporum f. sp. cubense Raça 4 Tropical (Foc TR4), como referido na edição do DICAs n.º 515/23.

A eficácia das análises laboratoriais para identificação do Foc TR4 começa na colheita das amostras e os resultados das análises dependem, e muito, do estado em que as mesmas chegam ao laboratório. Uma vez que o fungo referido é de quarentena, os cuidados a ter na colheita devem ser redobrados, de modo a evitar a dispersão do mesmo, dentro da mesma exploração e entre explorações.

Antes da colheita das amostras existe um trabalho de programação, que passa por selecionar as explorações a visitar e preparar todo o material necessário para realização da mesma, cuja lista pode ser consultada no final do artigo.

Uma vez na exploração e perante a planta doente selecionada, o coletor deve colocar todo o material necessário à colheita (Fig. 1A) junto da mesma; efetuar a georreferenciação; sinalizar a planta; verificar o local por onde se iniciou a infeção, pois facilita a colheita, e avaliar o nível de incidência da doença:

  • Nível 0 - Planta sã;
  • Nível 1 - Planta com sintomas iniciais;
  • Nível 2 - Planta com sintomas, mas com 4 ou 5 folhas ativas;
  • Nível 3 - Planta com sintomas, mas com 1 a 3 folhas ativas;
  • Nível 4 - Planta com sintomas em estado terminal, com 1 a 3 folhas em mau estado e;
  • Nível 5 - Planta sem folhas ativas, planta morta.

Deve-se ainda fotografar e registar todos os dados referentes à colheita, na ficha de pedido de análise.

Junto à planta doente, o coletor deve colocar luvas antes de iniciar a colheita, retirar as infestantes e todo o material morto que se encontre junto da planta, desinfetar a faca que irá utilizar pulverizando com álcool a 70% ou álcool sanitário (Fig. 1B).

Com a faca desinfetada, cortar o material vegetal até serem observados os sintomas internos da doença (Fig. 1C); desinfetar a zona destacada por pulverização com álcool a 70% ou álcool sanitário (Fig. 1D); retirar uma porção de tecido vegetal doente (Fig. 1E); transferir para um tabuleiro coberto com papel de filtro (Fig. 1F); envolver a mesma com o papel de filtro e colocar o conjunto num saco de plástico devidamente identificado (Fig. 1G).

Figura 1 figura1

Terminada a colheita, desinfetar a faca utilizada com álcool a 70% ou álcool sanitário (Fig. 2A) e, após pulverização, flamejar pelo fogo, por exemplo, com um maçarico portátil (Fig. 2B). Desinfetar ainda o tabuleiro utilizado com álcool na concentração referida (Fig. 2C e D).

 

As luvas e todo o lixo produzido durante a colheita devem ser colocados num saco de plástico e este retirado da exploração.

Finalmente, proteger as feridas realizadas na planta durante a colheita, pulverizando-as com uma solução de sulfato de cobre (50g/l) Fig. 2E). Para evitar a dispersão do fungo para outras explorações, ao sair de exploração aplicar sulfato de cobre ao calçado (Fig. 2F).

Todo o procedimento anteriormente descrito deve ser repetido na íntegra em cada planta em que se realizar colheitas, na mesma exploração ou noutra.

Outro aspeto importante trata-se do transporte do material colhido para o laboratório, pois o sucesso da análise depende de como o material chega. Assim, de modo a evitar desidratações, o material deve ser enviado no mesmo dia da colheita para o laboratório; as colheitas não devem realizadas às sextas-feiras, mas, se for imprescindível, a seção do material vegetal com sintomas colhida deve ser maior.

Numa futura edição do DICAs, iremos descrever as técnicas laboratoriais aplicadas na identificação de Foc TR4.

Figura 2 figura2

Lista de material necessário para proceder a colheita de amostras para análise de Foc TR4:

  • Suporte com clipe para folhas A4
  • Ficha de pedido análise fitopatológica
  • Mapa da exploração, nome da exploração e parcelar
  • Esferográfica
  • Marcador à prova de água
  • Localizador de GPS ou telemóvel com aplicação de localização
  • Máquina fotográfica ou telemóvel com uma boa câmara
  • Mala térmica ou caixas de poliestireno ou de cortiça isolante
  • Blocos de congelamento
  • Bandeja ou tabuleiro de plástico (30 x 50 cm)
  • Álcool desinfetante 70% ou álcool sanitário (garrafa de 1 l)
  • Caixa de ferramentas grande
  • Sacos de plástico para colheita de amostras
  • Sacos de plástico para lixo
  • Facas grandes (lâmina de 350 mm) para abrir os pseudocaules
  • Maçarico
  • Cartucho sobressalente de gás para o maçarico
  • Isqueiro ou fósforos
  • Luvas de nitrilo ou latex
  • Papel de filtro (40 x 50 cm)
  • Pulverizador de 1 ou 1/2 litro para álcool desinfetante
  • Pulverizador para solução de sulfato de cobre (50 g/l)
  • Recipiente de plástico para depositar facas usadas
  • Rolo de papel absorvente para mãos
  • Sulfato de cobre
  • Fita de sinalização para marcação de plantas

Duarte Paulo Fernandes Sardinha
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
Direção de Serviços dos Laboratórios Agrícolas e Agroalimentares

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