A flavescência dourada é uma das doenças mais importantes da Vinha e está na lista das doenças de quarentena. Esta doença é provocada por um fitoplasma, (bactéria da classe Mollicutes) sendo este organismo disseminado pelo cicadelídeo vector Scaphoideus titanus Ball, designado por CIGARRINHA DA FLAVESCÊNCIA DOURADA.
Assim, para que haja a propagação da doença é necessária a presença do inóculo (videiras atacadas com fitoplasma) e do inseto vector (Scaphoideus titanus). O MLO (do inglês: Mycoplasma Like Organism, "organismo semelhante a micoplasma") não pode manter-se em videiras doentes. Por isso, as videiras atacadas ou conseguem restabelecer-se ou morrem. O MLO também não se transmite através dos ovos do cicadelídeo. Ou seja, para que a doença se propague é necessário:
► o cicadelídeo Scaphoideus titanus Ball tem de adquirir o micoplasma, ao alimentar-se numa videira doente;
► o micoplasma tem de multiplicar-se no organismo do inseto até atingir as glândulas salivares. O período de latência, desde que o inseto adquire o MLO até que o transmite a outra videira, é de cerca de 30 dias.
► Passado este período de latência, o cicadelídeo tem de atacar outras videiras, iniciando-se assim o período de infeção ou contaminação, que dura até à morte do inseto. Não é ainda conhecida a sensibilidade das diferentes castas do Vinho Verde à flavescência dourada.
Vinhas abandonadas são foco permanente da doença
SINTOMAS E PREJUÍZOS
Os sintomas começam a aparecer em videiras isoladas, em varas, cachos e folhas, em fins de Maio, princípios de Junho.
As varas não endurecem (não “atempam”) e permanecem inteiramente flexíveis, desde a base à extremidade. A sua cor evolui para castanho avermelhado, enegrecendo no decurso do Inverno. Pode dar-se um atempamento parcial das varas, no caso de ataque tardio da doença ou de a videira estar a recuperar-se.
Os cachos podem secar logo na floração. Mais tarde, no fecho do cacho - início da maturação, os bagos murcham, não acabam de amadurecer, ficando com uma acidez muito acentuada. Dá-se também o dessecamento do pedúnculo do cacho.
|
Sintomas da doença em folha de casta tinta |
|
Sintomas da doença em folha de casta branca |
As folhas apresentam descolorações generalizadas durante o Verão. Nas castas tintas aparecem colorações avermelhadas, que de seguida secam. Nas brancas, manchas amarelas difusas, por vezes delimitadas pelas nervuras da folha. Nas castas brancas também é muito característico o amarelecimento das nervuras.
Sintomas gerais e comuns a muitas variedades são:
► enrolamento e curvatura da folha para dentro, em forma de telha; a folha fica rígida;
► sobreposição das folhas umas sobre as outras, como as escamas de um peixe;
► aspecto geral da videira de “salgueiro chorão”.
No ano de crise (ano seguinte ao da infeção pela flavescência dourada), podem ocorrer importantes perdas de produção, em quantidade e qualidade. Posteriormente, de acordo com a sensibilidade da casta, a videira recupera, se não for reinfetada, ou morre.
MEIOS DE PROTEÇÃO
Métodos diretos
Tratamentos inseticidas contra o cicadelídeo, de forma a impedir que transmita a doença às videiras.
|
|
À eclosão dos ovos - a eclosão dos ovos prolonga-se por um longo período de tempo (1, 5 a 3 meses). Se o Inverno tiver sido frio, as eclosões duram menos tempo; se o Inverno for ameno, as eclosões dos ovos são mais escalonadas, prolongando-se no tempo. O primeiro tratamento deve ser realizado 30 dias após as primeiras eclosões (esteja atento às informações da Estação de Avisos).
Posteriormente, dado que o cicadelídeo pode colonizar parcelas de Vinha à distância de vários quilómetros, devem fazer-se tratamentos específicos para evitar as reinfestações procedentes de parcelas vizinhas. Os produtos homologados em Portugal para o combate às cigarrinhas são:
Foi aprovada a extensão de autorização para utilização menor do inseticida à base de azadiractina - ALIGN, para o combate à cigarrinha da FD, no Modo de Produção Biológico. (Concentração de 75-125 ml/hl; Is: 3 dias; e com um intervalo entre tratamentos de 7-10 dias).
Métodos indiretos
► Não plantar videiras doentes ou infestadas com ovos de cicadelídeo;
► arrancar as vinhas abandonadas. Em zonas onde a flavescência está presente, as vinhas abandonadas constituem um foco permanente de infeção do inoculo da flavescência e do cicadelídeo.
► Queimar a lenha da poda, para diminuir o número de ovos hibernantes do cicadelídeo.
Lembramos que, as zonas de risco, na Região Autónoma da Madeira são, (zonas onde já foi detetado este vetor):
Porto Moniz: Ribeira da Janela e Seixal
Santana: Ilha e Santana.
São Vicente: Ponta Delgada e São Vicente.
É fundamental fazer a monitorização da presença da cigarrinha da flavescência dourada, utilizando armadilhas cromotrópicas amarelas. Deve ser feito um tratamento, desde que se observe a presença do inseto, mesmo que tenha eventualmente que se exceder o número de tratamentos recomendados.
Fonte: Consulta de texto de divulgação técnica da Estação de Avisos de Entre Douro e Minho n.º 4/ 2008 (II Série) (Junho/2008) Consulta de plano de ação nacional para o controlo da flavescência dourada da videira – lista de freguesias onde se regista a presença de Scaphoideus titanus Ball.
Miguel Teixeira Direção Regional de Agricultura
Para mais informação relativamente à prevenção e/ou tratamento deverá contactar o seguinte serviço da Direção Regional de Agricultura: Direção de Serviços de Desenvolvimento da Agricultura Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. Telef.: 291 211 260
|