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Drosophila suzukii, a drosófila de asa manchada

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Fig. 1: macho e fêmea de Drosophila suzukii

Uma das pragas de quarentena* identificadas pela primeira vez para a Madeira, em 2014, foi Drosophila suzukii (Matsumura, 1931) (Diptera: Drosophilidae). Esta pequena mosca do grupo da mosca-do-vinagre, com cerca de 2-3 mm de comprimento foi, inicialmente, observada no Laboratório de Entomologia (LQA, Camacha) em amostras provenientes das freguesias do Caniçal e do Faial e, posteriormente, em São Jorge, Arco de São Jorge, São Vicente, Estreito da Calheta, Câmara de Lobos (armadilhas cromotrópicas para prospeção de outras pragas em videira) e em São Martinho (armadilha com cola em anoneira). Mais recentemente, a sua presença foi detetada, através de garrafas-mosqueiras, na Calheta e Arco da Calheta (em anoneira, goiabeira e nespereira) e no Curral das Freiras e Jardim da Serra (em cerejeira).

Esta espécie é originária do Japão onde é conhecida como mosca-da-cereja devido aos problemas que tem causado neste fruto. Foi detetada na Europa em 2008 e em Portugal Continental em 2012. É a única drosófila capaz de causar danos em frutos sãos ao efetuar a postura nos mesmos, ao contrário das outras espécies que colocam os seus ovos em frutos já em decomposição ou num estado de maturação muito avançado. Dispersa-se facilmente e tem preferência por frutos de pequenas dimensões como cereja, amora, framboesa, mirtilo e morango podendo também infestar uva, ameixa, damasco, pêssego, figo, diospiro e kiwi.

As fêmeas colocam os ovos nos frutos permitindo que as larvas se desenvolvam no interior dos mesmos. Estas alimentam-se da polpa provocando, geralmente, o colapso do fruto alguns dias após a postura. Por sua vez, os orifícios de oviposição acabam por servir de porta de entrada para outros organismos como fungos e bactérias. 

 
armadilha para drosofilas
Fig. 2: armadilha para captura de drosófilas
1 - zona de recolha
2 - zona de transição
3 - zona de isco

A pupa pode desenvolver-se no interior ou na superfície do fruto bem como no solo e a sua cor varia de amarelo acinzentado a castanho. Os machos distinguem-se das outras espécies de drosófilas principalmente por apresentarem uma mancha negra na extremidade das asas (Fig. 1).

A atividade de D. suzukii ocorre a temperaturas superiores a 10oC e a sua dispersão dá-se através do voo dos adultos ou da circulação de frutos infestados.

A monitorização através de garrafas-mosqueiras (armadilhas com isco de fruta madura) deve ser feita 1-2 meses antes da maturação dos frutos (Fig. 2). O isco deve ser renovado a cada duas semanas tendo o cuidado de queimar o que foi retirado ou colocar no lixo num saco de plástico fechado para evitar fugas.

Como temos vindo a constatar, a dispersão desta praga tem sido muito rápida, pelo que, para minimizar os seus efeitos, todos os frutos infestados devem ser removidos e destruídos, de preferência, pelo fogo.

*Pragas e doenças de quarentena são organismos nocivos, difíceis de controlar e para os quais existe legislação própria. São responsáveis por consideráveis prejuízos na agricultura, floricultura e florestas.

 

Délia Cravo
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Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural

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