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A poda em verde em anoneiras - podar ou não podar?

poda em verde 1 A realização da poda em verde em anoneiras visa manter o equilíbrio da árvore, eliminando, no período de verão, os ramos excessivos e mal orientados e que não apresentem frutificação, de forma que a árvore concentre todo o seu potencial energético nos ramos produtivos da época e da produção seguinte, aumentando a eficiência e eficácia da fotossíntese e dos tratamentos fitossanitários, bem como reduzindo de forma significativa a intervenção na poda “normal”. Estes benefícios aplicam-se, obviamente, para qualquer outra fruteira.

A poda em verde compreende um conjunto de intervenções realizadas durante o crescimento anual da anoneira (período de verão/princípios do outono, dependendo o mês da intervenção da variedade e da cota onde estão instalados os pomares), desde a limpeza dos ramos interiores mal localizados e cruzados entre si, passando pela desponta dos raminhos do ano e a poda e/ou desponta dos ramos mais vigorosos.

 

É uma operação cultural muito importante para a produtividade, qualidade e sustentabilidade desta cultura, que tem sido recomendada pelos técnicos dos Serviços desta Direção Regional desde há muito tempo.

No entanto, e como é do conhecimento dos produtores de anona, a mosca da fruta (Ceratitis capitata) é a principal praga que afeta a cultura, com os consequentes prejuízos daí decorrentes. Esta situação é agravada pelo fato de não haver no mercado qualquer produto fitofarmacêutico homologado pela DGAV para o controle deste inseto, que inflige ao agricultor elevadas perdas económicas, bem como cria um significativo impacto negativo nos consumidores.

Os ensaios realizados pela Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, através da Direção de Serviços de Desenvolvimento Agronómico, entre os anos 2014 e 2018, demonstraram que nas anoneiras que não são sujeitas a poda em verde o grau de infestação de mosca no fruto é 80% inferior às anoneiras que foram sujeitas a este tipo de poda.

Em nosso entender, tal facto deve-se à proteção que os ramos e as folhas conferem ao fruto em árvores não podadas. Perante estes resultados, podemos aferir que a conformação arquitetónica das anoneiras, nomeadamente da presença de ramos com folhas de grande dimensão e a sua elevada densidade, associado ao seu hábito de crescimento (chorão), desempenham um papel fundamental na prevenção desta praga, uma vez que dificulta o acesso da mosca à fruta, tendo-se verificado que os frutos picados são aqueles que se localizam na periferia da árvore, pelo que, devido a tal sinergia, não se recomenda a realização de poda em verde nas anoneiras, uma vez que o benefício da poda em verde é inferior aos prejuízos provocados pela mosca da fruta (Ceratitis capitata).


Márcia Melim
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
Direção de Serviços de Desenvolvimento Agronómico

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