DRA aposta na valorização da cultura da cerejeira na RAM |
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À parte da problemática da falta de frio registada este ano, e referida no DICAs n.º 379, o principal problema que conduz ao desânimo dos produtores regionais de cereja resulta de um fungo muito polífago que ataca muitas árvores e arbustos lenhosos, Armillaria melea, que também ataca as cerejeiras, causando a sua morte. Os rizomorfos (estruturas vegetativas do fungo) desenvolvem-se relativamente próximo da superfície do solo (nos 20 cm superiores) e invadem novas raízes de plantas lenhosas. Uma árvore infetada morrerá assim que o fungo rodear o colo (zona da planta que une a raiz ao tronco) ou quando tiver ocorrido a morte radicular significativa. Este problema tem forte incidência nas cerejeiras do Jardim da Serra, causando uma significativa mortandade nestas fruteiras. |
Há dois anos, a DRA, em colaboração com a Quinta Leonor, iniciou no Jardim da Serra um ensaio sobre a “Avaliação de porta-enxertos e possíveis soluções de controlo da doença Armillaria sp. na cultura da cerejeira”, que procura encontrar porta-enxertos resistentes ao fungo e produtos que possam apresentar uma solução curativa para o problema. No âmbito do Catálogo Nacional de Variedades, que inclui, para além da cerejeira, outra prunoidea e pomoideas, há três anos que a DRA realiza trabalhos de caraterização e descrição de variedades inscritas no catálogo, em que, para a cultura da cerejeira, procedeu-se à prospeção e inventariação do património genético das variedades de cereja regional, à recolha de material genético para caraterização e descrição e à instalação de campos de germoplasma em zonas com aptidão edafoclimática para a cultura, nomeadamente em Santana (Posto Experimental do Pico), Santo da Serra (Quinta do Santo da Serra) e Camacha (Terrenos anexos ao Laboratório de Qualidade Alimentar). Pretende-se com este projeto caraterizar e preservar este material genético único e estudar a sua adaptação a outras zonas da Região com condições edafoclimáticas mais favoráveis à cultura, embora sem tradição no seu cultivo, de modo a ultrapassar os problemas que as alterações climáticas colocam no normal desenvolvimento e produção da cultura. Paralelamente, a DRA procura variedades com menores necessidades de frio, de forma a responder aos efeitos das alterações climáticas na produção de cereja. A DRA constituiu igualmente uma parceria com a Universidade da Madeira, a Associação de Jovens Agricultores da Madeira e Porto Santo e a Associação de Agricultores da Madeira, no projeto "Caraterização e conservação dos principais recursos genéticos vegetais tradicionais e estratégicos da Região Autónoma da Madeira", que estuda outras culturas estratégicas para a RAM, nomeadamente a batata-doce, cebola, anona e maracujá de variedades não incluídas no Catálogo Nacional de Variedades. Miguel RodriguesDivisão de Assistência Técnica à Agricultura/DSDA Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural |
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