Pitaia, a fruta do dragão! (Parte II) |
||||||||||
A produção da pitaia na Região pode ser mais uma fonte de diversidade na exploração agrícola. São plantas com grande potencial de produção, pois agregam rusticidade intrínseca à beleza e doçura dos frutos. Todas as partes aéreas da planta podem ser consumidas, desde os frutos, flores e até mesmo os cladódios. Por isso, sabendo das suas potencialidades, importa divulgar um pouco a morfologia desta planta exótica. A pitaia é uma cactácea trepadora. No solo, o sistema radicular é constituído por raízes adventícias compridas, delgadas e ramificadas, que se distribuem superficialmente no solo, mas podem atingir os 15 cm de profundidade. A pitaia também desenvolve raízes de sustentação, que aparecem ao longo dos cladódios e que servem para fixar estas estruturas ao tutor e absorver água e nutrientes.
Os cladódios da pitaia são carnudos, suculentos e de tamanho e cor variáveis. Geralmente, apresentam forma triangular. A margem das arestas pode ser plana, convexa ou côncava, de acordo com a espécie e com as condições ambientais. Nas arestas, podemos encontrar as aréolas, pontos onde estão localizados os gomos, e que estão protegidas por pequenos espinhos. A cor e o número dos espinhos são variáveis com a espécie. As pitaias apresentam flores hermafroditas, grandes, aromáticas e brancas, com numerosos estames, arranjados em duas fileiras ao redor do pistilo. De modo geral, o estigma é mais elevado que as anteras. O pólen é de cor amarela e abundante. A coloração das sépalas é variável com a espécie, podendo ser esverdeada ou apresentar os ápices avermelhados. A abertura das flores tubulares ocorre ao final do dia e só uma vez. No que diz respeito à polinização, em algumas variedades de pitaias as flores são autoincompatíveis, necessitando de outras flores de pitaia para que ocorra a polinização cruzada. Contudo, na pitaia amarela (Selenicerieus megalanthus) verifica-se a autopolinização. O fruto da pitaia é uma baga de tamanho médio e formato variável, cuja massa varia entre os 200 gramas e 1 kg. A casca apresenta escamas foliares e a sua cor, de acordo com a variedade, pode exibir várias tonalidades, desde o amarelo até ao vermelho púrpura. O fruto é verde antes de amadurecer. Na etapa de maturação de algumas variedades, a casca e a polpa mudam de cor, enquanto que em outras, a casca torna-se amarela e polpa branca. A pitaia amarela (S. megalanthus) possui espinhos nos frutos que são facilmente removidos quando a fruta amadurece. A polpa pode ser de cor branca ou vermelha. As sementes são de pequeno tamanho e encontram-se distribuídas pela polpa. Durante o seu desenvolvimento, as sementes são castanhas, adquirindo uma cor preta lustrosa aquando do seu amadurecimento.
|
Os frutos da pitaia não são climatéricos, por isso, devem ser colhidos em altura própria. Na prática, o amadurecimento fisiológico do fruto pode ser determinado quando a casca da fruta perde o brilho e mostra-se suave quando pressionada manualmente. Excetuando as raízes, todas as partes da pitaia podem ser aproveitadas pelo Homem. Contudo, as formas de uso e de utilização são muito variadas. O quadro seguinte (Quadro 1) mostra essas formas de uso e de utilização das diferentes partes da pitaia.
Em relação ao conteúdo nutricional, a pitaia é constituída por 85% a 87% de água. A quantidade de açúcar pode oscilar entre os 10 gr os 19 gr de açúcar da sacarose por 100 gramas de polpa, sendo a pitaia amarela a mais doce. O Quadro 2 mostra-nos o conteúdo nutricional de diferentes variedades de pitaia num estudo efetuado na Nicarágua, no ano 2000.
Em pitaias produzidas no Centro de Fruticultura Subtropical e sujeitas a análise para medição da quantidade de sólidos solúveis, foram obtidos resultados semelhantes aos referidos no quadro anterior. Das amostras analisadas, a constituída por pitaia de casca rosa com polpa branca registou 10 ºBrix, enquanto que a pitaia de casca rosa com polpa vermelha registou 13 ºBrix. Face a estes resultados preliminares, importa dar continuidade ao trabalho de experimentação delineado para a cultura da pitaia, de modo a conhecer o valor nutricional das diferentes variedades de pitaia instaladas no Centro de Fruticultura Subtropical e identificar as que possuem melhores características organoléticas. Bibliografia consultada Cultivo da pitaia: implantação (2012) - Boletim Técnico n.º 92, Departamento de Agricultura, Universidade Federal de Lavras; Manual técnico buenas practicas de cultivo en pitahaya (2000) - Organismo Internacional Regional de Sanidade Agropecuária, Nicarágua; Pitaya: Melhoramento e produção de mudas (2014) - Silva, A. – Universidade Estadual Paulista. Para ler a primeira parte deste texto, clique aqui. Márcia Melim
|
- Detalhes