O gorgulho da bananeira Cosmopolites sordidus (Germar, 1824) (Coleoptera: Dryophthoridae) é um inseto que infesta e danifica seriamente as bananeiras, sendo as perdas de produção provocadas pela sua ação elevadas se não for controlado. É a partir da primavera, com a subida da temperatura, que a sua atividade aumenta, nomeadamente na colocação de ovos e num desenvolvimento do ciclo de vida mais rápido, podendo a população aumentar de forma quase exponencial em poucos meses.
Os sintomas exteriores na planta são folhas com amarelecimento, posterior necrose e finalmente morte da planta, fraco desenvolvimento da planta e frutos pouco cheios (cachos mais pequenos).
Devido à atividade noturna dos adultos e à localização das larvas no interior da planta, a presença do inseto na plantação pode passar despercebida até atingir níveis de infestação elevados.
Ao cortar o pseudotronco ao nível do rizoma pode observar-se galerias escavadas pelas larvas e uma massa escura correspondente a tecidos vegetais em decomposição.
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Figura 1 – Galerias escavadas pela larva do C. sordidus no pseudotronco da bananeira |
Nos danos causados por C. sordidus podemos distinguir duas categorias:
- Danos diretos: provocados pelas larvas que, ao se alimentarem, destroem tecidos e vasos, dificultando a circulação da seiva. Como consequência reduz-se o desenvolvimento da planta e o tamanho do cacho. Esta enfraquece e facilmente quebra com o vento, diminuindo a produção. Em infestações graves, a diminuição do rendimento da colheita pode ser de 50%.
- Danos indiretos: as galerias e orifícios na planta causados por C. sordidus nos diferentes estádios (larvas e posturas dos adultos) servem de porta de entrada a microorganismos patogénicos (fungos, bactérias, etc.).
Medidas de Controlo
Medidas Culturais
- utilizar material livre do inseto ao efetuar novas plantações;
- cortar todos os restos de bananeira para que se decomponham rapidamente;
- manter as zonas adjacente à planta limpas de detritos vegetais;
- colocar armadilhas junto às plantas e recolher semanalmente os adultos capturados e;
- remover da plantação as socas “avós”, que constituem abrigos para os insectos.
Controlo Químico
A aplicação de inseticida devidamente autorizado para o efeito no interior da soca velha, perto da base do pseudotronco da bananeira cujo cacho foi cortado, permite alcançar as larvas e adultos ainda em desenvolvimento na soca velha e no pseudotronco.
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Figuras 2 e 3 |
Só conciliando esta ação com o controlo efetuado sobre os adultos livres, através da sua captura em armadilhas, é que se consegue reduzir de forma efetiva esta praga.
Estas duas formas de controlo, conjuntas e aplicadas de forma continuada, irão reduzir o efetivo populacional da praga e, consequentemente, os estragos por ela causados, com reflexos positivos na produção de banana da exploração.
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Figura 4 |
As armadilhas a utilizar podem ser adquiridas, como no exemplo da Figura 4, ou “fabricadas” a partir de pseudotroncos de bananeiras que já se tenha colhido o cacho (Figura 5).
A desvantagem das armadilhas de pseudotronco são a sua menor duração (cerca de 15 dias), a mão-de-obra necessária para a sua execução e a recolha frequente dos insetos nas mesmas e a sua remoção do bananal quando perdem totalmente a atratividade, pois no seu interior alojam-se muitas vezes gorgulhos.
A armadilha com feromona pode ser verificada de 15 em 15 dias, pois os insetos não saem do seu interior. Se verificar que não capturou cinco insetos por semana, desloque a armadilha para outro local.
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Figura 5 |
A utilização das armadilhas com feromona deve obedecer aos seguintes critérios:
- 16 armadilhas por hectare e ;
- não colocar as armadilhas nas zonas limites da parcela, onde estão mais sujeitas ao sol direto (reduzindo a duração do atractivo) e porque o gorgulho prefere zonas sombrias.
À excepção do controlo químico, as técnicas descritas podem ser utilizadas em Modo de Produção Biológico.
Bruno Silveira Divisão de Experimentação e Melhoria Agrícola – Centro de Bananicultura Direção Regional de Agricultura
Referências Bibliográficas
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