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Miltoniopsis Andrea West |
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Miltoniopsis roezlii |
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Miltoniopsis phalaenopsis |
Oriundo das zonas montanhosas da América do Sul, especialmente das vertentes este dos Andes e típica e erroneamente chamado de Miltonias, o género Miltoniopsis é sempre uma tentação para o olhar, muitas vezes com florações perfumadas e, hoje em dia, com preços acessíveis.
O nome Miltoniopsis significa, com o sufixo opsis de “semelhante a”, logicamente “parecido às Miltonias”.
Outra referência comum a este tipo de orquídeas é o de “orquídea amor-perfeito”, quer pelo seu formato arredondado com centro de cor distante ou, simplesmente, por analogia com o termo inglês para as mesmas de “pansy orchid” (pansy: amor-perfeito).
Apesar de quase todos os exemplares encontrados à venda serem híbridos, todos eles são intragenéricos, ou seja, cruzamentos entre espécies do mesmo género, o que, por sua vez e apesar de produzirem exemplares com cores distintas e tamanhos incríveis, não abonam a favor do entusiasta ao descobrir o seu cultivo difícil e desafiante.
Contrariamente às Miltonias, menos comuns em cultivo e que preferem condições bem mais quentes e secas, as Miltoniopsis vêm de regiões de altitude. Ainda que na zona equatorial, aos 2000 e 3000 metros de onde provêm, existem algumas características que não ajudam ao seu cultivo especialmente em cotas mais baixas da costa sul da Madeira e todo o Porto Santo.
Ao observarmos a planta deste género, normalmente têm pseudobolbos pequenos, folhas sensíveis e raízes finas. Todo esse contexto aponta para uma série de necessidades em que a planta não tolera sol direto, calor nem escassez de água. No entanto, existem mitos a desconstruir.
Todas as Miltoniopsis são epífitas, ou seja, têm sempre nas árvores onde crescem as suas raízes expostas à luz e ao ar e, no entanto, precisam de humidade e água em abundância. No seu habitat, além dos nevoeiros constantes, as chuvadas são diárias. Não obstante, as temperaturas variam entre os 7-8ºC noturnos até aos 20-22ºC diurnos, condições difíceis de replicar, ao longo de todo o ano, nas nossas ilhas.
A verdade, é que com tempo e paciência e apesar de não serem as condições ideais, é possível aclimatar uma destas plantas às nossas altitudes e latitudes, atendendo a uma série de questões.
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Miltoniopsis vexillaria (em habitat natural) |
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Miltoniopsis Herr Alexander |
A primeira a destacar remete para a qualidade da água. Felizmente, na Madeira, a água potável tem uma baixa milhagem de sais, requisito mínimo a uma boa saúde de qualquer planta de zonas altas. Recomenda-se, para tal, que os valores de ppm’s (partes por milhão) sejam sempre inferiores a 100ppm, valores possíveis com o recurso à água canalizada.
A planta deve ser, preferencialmente, colocada num cesto ou pendurada num vaso, nunca demasiado grande ou profundo, com o cuidado de fazer novos buracos nas laterais do vaso, possibilitando o arejamento das raízes e a circulação da água que é o fator seguinte.
Conhecendo já o habitat natural da planta, sabe-se a importância das regas frequentes, nunca deixando que o substrato seque. No entanto, o perigo que daí pode advir é o apodrecimento das raízes e a infestação de fungos por toda a planta. Deve-se, então, caso não seja o substrato de origem, plantá-la numa mistura muito grossa e solta de casca de pinheiro, um pouco de areão vulcânico e fibra de coco. Assim, pode-se regar até diariamente sem o risco de afetar a saúde radicular da planta, arrefecendo ao mesmo tempo a Miltoniopsis através deste método.
É importante ainda diferenciar luz de sol. No historial local, muitas orquídeas que requerem luz foram plantadas sob sol direto e isso raramente é benéfico para as orquídeas. Luz significa claridade, sol filtrado pelas copas das árvores.
O local ideal para colocar uma Miltoniopsis não será nunca sob o sol direto, especialmente quando o vaso é colocado lateralmente ao sol, provocando o aquecimento e consequente morte das raízes. Mais, nunca deverá ser plantada em “terra de tocos”, terra normal ou semelhante que estrangularão as raízes, decompondo-se e saturando o substrato.
Finalmente, e relativamente à adubação, ela deve ser parca e feita somente durante o período de crescimento ativo da planta. Sempre que novos rebentos se formem, pode-se adubar com um adubo equilibrado em NPK (N – azoto, P – fósforo, K – potássio) na diluição mais fraca recomendada e somente a cada 4.ª rega durante o tal período.
Com períodos de floração variados e distintos, hastes florais que duram algumas semanas e quase sempre muito bem perfumadas, as Miltoniopsis, atendendo a pequenos truques e alterações aqui descritas, poderão fazer parte dos nossos jardins, embelezando e alegrando os nossos dias.
Pedro Spínola
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