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As orquídeas: entre a seleção natural e o quase irreal

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Masdevallia regina
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Epidendrum secundum

É certo que o imaginário do Homem é bafejado pelo termo “orquídea” há já vários séculos e, juntamente com isso, uma série de expedições e aventuras incríveis, por vezes perigosas, para as conhecer e recolher.

Por orquídea, definimos qualquer planta que pertença à família das Orchidacae e, logicamente, isso acarreta uma série de requisitos. Ao contrário de muitas outras flores, a exemplo das gerberas, a flor de uma orquídea é somente e apenas divisível simetricamente num eixo que atravesse verticalmente o meio da flor.

Além disso, fundidas, recuadas ou modificadas, possuem sempre três pétalas, uma delas normalmente distinta e chamada de labelo, três sépalas e a coluna que alberga, na mesma estrutura física, o órgão reprodutor masculino e feminino.

Enquanto a maioria das espécies ornamentais de orquídeas são, indubitavelmente, epífitas, significando isso que crescem nas árvores, não como parasitas mas numa base de suporte e proximidade da luz, existem outras ainda que vivem como litóficas (sobre as rochas) ou então terrestres. Por vezes, estes limites fundem-se, especialmente quando viajamos para regiões de altitude, dificultando a abordagem de cultivo à orquídea em questão.

Com um metabolismo, grosso modo, muito lento, levando ao extraordinário tempo que demoram a florir desde semente, podendo chegar a mais de uma década, explicando, isso e em parte, os preços que possuem, a reprodução natural das orquídeas é um processo intricado, uma batalha do “sexo” que desencadeou uma enorme variedade diferente de orquídeas.

 
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Coelogyne cristata
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Pleione 'Tongariro'

Existem, essencialmente, quatro métodos de atração do agente polinizador, quase sempre um inseto. São eles: a forma, a cor e aroma, o aroma e ainda o néctar. O néctar assume-se como um fator à parte porque, curiosa e contrariamente à maioria das outras flores, as orquídeas raramente produzem néctar, ludibriando os seus polinizadores nas mais inimagináveis formas.

Relativamente ao seu crescimento, dividem-se entre monopodiais e simpodiais. Por monopodial, e como o nome indica, “mono” refere-se à singularidade. Assim, o desenvolvimento da planta dá-se no mesmo “pé” como, por exemplo, as Phalaenopsis. Isto não quer dizer que a planta não produza outros rebentos laterais, mas possuirá, sim, o poder de se manter em crescimento no mesmo elemento vegetal. Por outro lado, as simpodiais, como os Cymbidium, limitam o seu crescimento num pseudobulbo, sendo esse que, seguidamente, originará outro e assim sequencialmente.

A variedade existente é infindável com plantas em todos os continentes, excetuando a Antártida, possuindo flores de míseros milímetros até exemplares com florações que chegam aos 25cm de diâmetro.

Como todas as plantas, luz, água, substrato, ventilação e adubação são elementos fulcrais que definem, segundo a orquídea em questão, o local e a forma do seu cultivo, evitando assim fungos, vírus e ataques parasíticos às plantas, muitas delas de elevado valor comercial.

As possibilidades das orquídeas são muitas, sejam elas no campo ornamental ou alimentar. O género Vanilla, orquídeas tropicais que crescem como trepadeiras, é a fonte das vagens de baunilha que compramos no supermercado, sendo elas, de facto, cápsulas (de sementes) secas das flores deste género botânico.

Com um enorme potencial para o cultivo desta família, a Madeira possui um nicho interessante e um depósito de exemplares raros, trazidos pelos navegadores a caminho da Europa, que merece a nossa atenção, ajudando aqueles que as adoram a melhorar o seu cultivo e manutenção.


Pedro Spínola

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