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A investigação aplicada às pescas: a ciguatera

ciguatera1
Gambierdiscus toxicus

Anteriormente referenciado como um fenómeno endémico de regiões do Mar das Caraíbas e dos Oceanos Pacífico e Índico, a Ciguatera passou a fazer parte da nossa realidade, exigindo de nós uma maior vigília e reestruturação dos nossos hábitos alimentares.

Reportada desde 1776, a Ciguatera é um tipo particular de intoxicação alimentar ligada ao consumo de pescado contaminado com ciguatoxinas. Estas toxinas são produzidas por microalgas que se desenvolvem normalmente sobre corais ou macroalgas em águas tropicais e subtropicais. Embora existam várias espécies e outros géneros produtores desta toxina, a microalga mais conhecida é o dinoflagelado Gambierdiscus toxicus.

Devido às suas características, as ciguatoxinas são facilmente bioacumaladas ao longo da cadeia alimentar até aos predadores de topo

De forma geral, os peixes de maiores dimensões são potencialmente tóxicos. Contudo, os peixes de alto mar e os peixes de profundidade raramente estão implicados nestes fenómenos.

ciguatera2

Os sintomas associados ao quadro clínico da Ciguatera são diversos, podendo surgir entre 2 a 30 horas após a ingestão do peixe tóxico e durar semanas ou meses; contudo, o sintoma que caracteriza e distingue a Ciguatera das outras intoxicações é a inversão das sensações do frio e do quente.

sintomas ciguatera

 

Os sintomas ocorridos dependem de vários fatores, entre eles a quantidade de toxina ingerida, sendo que em situações extremas poderá ocorrer paralisia, coma ou morte.

Com vista a minimizar os riscos de intoxicação, é conveniente ter em conta as seguintes precauções fundamentadas no Guia de Referência para a Ciguatera, especialmente desenvolvido para esclarecer e apoiar as populações nestes fenómenos:

  • Evitar consumir pescado referenciado como tóxico ou implicado em intoxicações deste tipo (charuteiro, barracuda e moreia);

  • Não consumir charuteiro com dimensões superiores a 10 kg; na medida do possível seleccionar os exemplares mais pequenos, a toxicidade é frequentemente proporcional ao tamanho;

  • Não consumir pescado (de qualquer espécie) oriundo das Ilhas Selvagens;

  • Não existe nenhum tipo de conservação ou confecção do pescado que elimine o risco de intoxicação;

  • A olho nu não existe nenhum tipo de teste susceptível de eliminar os peixes tóxicos, nem mesmo os mais ancestrais que contam com o facto de outros animais como as moscas ou formigas não se aproximarem de peixes tóxicos. No entanto, o gato, infelizmente para ele, é mais sensível que o homem aos efeitos das ciguatoxinas;

  • Após uma primeira intoxicação evitar, durante pelo menos um mês, o consumo de qualquer tipo de pescado (incluindo frutos do mar) de qualquer origem e abster-se de bebidas alcoólicas;

  • Não existe verdadeiramente uma época para a Ciguatera, a qualquer momento podemos consumir um peixe com níveis de toxinas suficientes para provocar o envenenamento. No entanto a época quente encontra-se mais sujeita a estes surtos;

  • Esviscerar o pescado antes de confeccioná-lo. Não consumir as gónadas, a cabeça e, em particular, o fígado, uma vez que a concentração de ciguatoxinas nestas partes pode ser cerca de 10 vezes superior ao do músculo.

Neide Gouveia
Direção Regional de Pescas

Comentários  

# AnneEduarda 14-05-2015 01:03
Oque é ciguateraaaa???!!!!!!
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# DRADR 14-05-2015 15:57
Boa tarde.

Conforme referido no segundo parágrafo do artigo, "a Ciguatera é um tipo particular de intoxicação alimentar ligada ao consumo de pescado contaminado com ciguatoxinas.”

No entanto, se quiser aprofundar conhecimentos, recomenda-se a leitura do artigo científico: Otero P., Prez S., Alfonso A., Vale C., Rodrguez P., Gouveia N. N., Gouveia N., Delgado J., Vale P., Hirama M., Ishihara Y., Molg J., Botana L. B. (2010). First Toxin Profile of Ciguateric Fish in Madeira Arquipelago (Europe). Analytical Chemistry, 82(14):6032-6039.

Com os melhores cumprimentos,
a Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural.
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