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A pescaria de pequenos pelágicos na RAM

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Figura 1: chicharros e a cavalas

Os recursos haliêuticos explorados na Região Autónoma da Madeira (RAM) são condicionados por diversos fatores geográficos e físicos, como a inexistência de plataforma continental e a baixa produtividade primária, pelo que as nossas pescarias concentram-se num pequeno grupo de espécies como o peixe-espada preto, os tunídeos, o chicharro e a cavala (designados localmente por "ruama"), a que se associam um grupo variado de outras espécies como os peixes demersais, os moluscos e os crustáceos.

A pescaria de pequenos pelágicos ou ruama incide principalmente sobre espécies como o chicharro (Trachurus picturatus), a cavala (Scomber colias), a sardinha (Sardina pilchardus) e a boga Boops boops. Ocasionalmente, são capturadas espécies acessórias como a Sardinella maderensis (arenque) e o Macroramphosus scolopax (trombeteiro). Neste grupo, o chicharro e a cavala são as mais importantes (Figura 1).

Estas espécies, alvo de uma pescaria tradicionalmente relevante na nossa região, devem a sua importância ao facto da maior parte ser consumida em fresco pela população local, atendendo ao seu preço acessível e também por servirem de isco nas pescarias dos tunídeos e do peixe-espada preto.

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Figura 2: evolução das descargas e valor económico de ruama entre 2002 e 2013, na RAM
 

Esta pescaria é significativa para a RAM, correspondendo, nos últimos 12 anos, a cerca de 13% do total de pescado acumulado descarregado (9 543 ton) e 6,6% do valor económico total (9,3 M€). Para o mesmo período, o chicharro apresenta uma descarga acumulada que ronda as 5 813 toneladas (média anual de 484 ton) e a cavala as 3 397 toneladas (média anual de 283 ton) (Figura 2). Em relação às diferentes espécies de ruama, as descargas em percentagens são apresentadas na Figura 3.

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Figura 3: descargas em percentagem, das espécies de ruama, de 2004 a 2013, na RAM

Na Madeira, a ruama é capturada principalmente pelas embarcações cercadoras ou "ruameiras" (nome vulgar atribuído aos barcos que se dedicam à pesca exclusiva de pequenos pelágicos), que utilizam como arte de pesca o cerco.

As embarcações, estão equipadas com uma rede de cerco, que pode atingir em média os 500m de comprimento e 120m de altura. A pescaria é realizada durante a noite, sendo o cardume atraído pelo engodo ou isco (mistura de peixe e outros restos triturados) e pelas luzes – candeio. Esta técnica é muito eficiente para peixes pelágicos e é ainda melhorada com o uso de sondas para deteção de cardumes.

A pescaria de ruama efetua-se durante todo o ano, sempre que as condições meteorológicas o permitam e é essencialmente costeira, sendo as principais zonas de pesca situadas na costa Sul da Madeira, entre Funchal e Madalena do Mar e Porto Novo e Machico. Um dos pesqueiros (zonas tradicionalmente assinaladas pelos pescadores que oferecem boas condições de pesca) muito procurado pelos pescadores de ruama é o mar dos Picos, entre o Cabo Girão e Campanário.

 

Graça Faria
Direção Regional de Pescas

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