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Fauna acessória na pescaria de Ruama na Madeira

Já há algum tempo que estou a realizar a observação da pesca de pequenos pelágicos na RAM a bordo dos barcos da Ruama com o objetivo de caracterizar a pescaria. Com a minha presença a bordo, para além de obter dados sobre os lugares onde é realizada a pescaria, as descargas e rejeições que se produzem, também obtenho dados sobre outras espécies que não são propriamente objeto da pescaria, porque não são muito comuns, mas que às vezes aparecem no cerco.

Desta vez vou tratar do Trombeteiro (Macroramphosus gracilis, Lowe, 1839) que nos últimos dias está a aparecer em pequenos cardumes nas águas do Sul da Madeira (Fig. 1).

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 Figura 1 - Exemplares de Trombeteiro (Macroramphosus gracilis, Lowe, 1839)

Ordem: Syngnathiformes > Famíla: Centriscidae > Subfamília: Macroramphosinae > Género: Macroramphosus > Espécie: Macroramphosus gracilis

Alguns autores consideram-no um morfotipo da espécie Macroramphosus scolopax (Linnaeus, 1758) e as suas diferenças morfológicas poderiam dever-se à alimentação.

Têm o corpo alongado e delgado, tal como a cabeça, com um focinho comprido e tubular. A sua boca está situada na ponta do focinho e não tem dentes.

Tem uma primera barbatana dorsal forte e grande, que não se extende para lá da segunda barbatana dorsal. O corpo está coberto de escamas pequenas e finamente dentadas.

 

O seu padrão de crescimento é semelhante às suas espécies congéneres, com uma curta duração (cinco anos) e uma rápida obtenção de tamanho máximo. As suas presas são crustáceos planctónicos (ostrácodos e copépodes). Sugam as suas presas inteiras e nadam lentamente, em geral movendo-se lateralmente na posição vertical, com a cabeça voltada para o fundo.

É uma espécie gregária e forma cardumes. Quando são atacados pelos seus numerosos predadores fogem, e podem-se refugiar em portos e baías pouco fundas incluso até chegar a parar à praia.

Não têm interesse para esta pescaria, embora sejam de grande importância como recurso alimentar para atuns, baleias e golfinhos.

É uma espécie cosmopolita distribuída amplamente nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico e ocorre principalmente em profundidades entre 50 e 450m.

Muito obrigada aos mestres e a toda a tripulação das embarcações Baía de Câmara de Lobos, Bruno e Rainha Santa pela sua boa disposição e por me levarem sempre a bordo.

Setembro de 2017.

Raquel Tejerina Segur
Bolseira OOM-ARDITI
Direção Regional de Pescas

Bibliografía e links consultados:

Bilecenoglu M. 2006. Status of the genus Macroramphosus (Syngnathiformes: Centriscidae) in the eastern Mediterranean Sea. Zootaxa 1273: 55-64

Robalo J. I., Sousa-Santos C., Cabral H., Castilho R., Almada V. C. 2009. Genetic evidence fails to discriminate between Macroramphosus gracilis (Lowe 1839) and Macroramphosus scolopax (Linnaeus 1758) in Portuguese waters. Marine Biology, 156, 8, 1733-1737

Wirtz P., Fricke R. & Biscoito M.J. 2008. The coastal fishes of Madeira Island – new records and an annotated check-list. Zootaxa 1715: 1-26

Marine species identification portal: http://species-identification.org/ 

Fish Base: http://www.fishbase.org/ 

Encyclopedia of Life: www.eol.org