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Flores que (en)cantam

Max DICAs

 

Que relação poderá existir entre alfaiataria, canções e flores? Ou entre tecidos de qualidades e usos vários, cantigas que não são moda e provas de que a natureza é mágica? À imaginação de cada um caberá o exercício dessa ligação, não importando se com mais ou menos acerto, ou melhor, maior ou menor plausibilidade. Suponhamos uns dedos a comprazerem-se demoradamente com o algodão do forro para um casaco de homem que seguirá o estilo Kent.

Enquanto o faz, o coreógrafo daqueles bailarinos cantarola uma cantiga que só ele ainda sabe. Ao mesmo tempo, antevê as marcas que o giz terá de fazer para orientar as tarefas seguintes da tesoura e da agulha. A peça principal semiacabada, à espera num torso de papelão. Mas, antes, as mãos aceleram sobre a fina pele da fazenda, o rocegar em crescendo a adelgaçá-la mais e mais, até a tornar outra vez vegetal e, de repente, estivessem a distender uma flor para colar em herbário. A beleza definitivamente capturada.

Maximiano de Sousa (1918-1980), “Max”, foi aprendiz de alfaiate aos 14 anos e desenvolveu esta profissão já a par da música até 1944. Este notável artista madeirense, que agora se relembra na 68.ª Exposição Regional da Flor, terá sido, afinal, sempre um “alfaiate”. Primeiro de vestuário masculino diverso, depois de cantigas que perdurarão para sempre, porque já fios indissociáveis do “tecido” que faz a alma madeirense. Uma matéria ao mesmo tempo diáfana e espessa, revestida por imensas flores, também inspiradoras seguras de Max, a darem-lhe sempre cor, luz e alegria.


António Paulo Sousa Franco Santos
Diretor Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural

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